-
Você já ouviu falar na calistenia? O nome é pouco familiar, mas a prática não. Trata-se de uma série de exercícios físicos que utilizam como carga o próprio peso do corpo, como agachamentos, abdominais, prancha, flexões, barras. Considerada a nova era do fitness, a calistenia tem origem na ginástica sueca e reúne movimentos de força e acrobacias realizados em barras de ferro, geralmente ao ar livre.
Ainda pouco difundido no Brasil, a modalidade esportiva está ganhando adeptos, como um grupo de baianos que irá representar o Estado no primeiro Campeonato Brasileiro de Calistenia. A competição será realizada, no dia 29 de maio, durante o Arnold Classic Brasil, no Rio de Janeiro
Veja também: Policial paraplégico supera acidente de carro e se torna fisiculturista
*Colaborou a estagiária Kátia PradoArquivo pessoal
-
Com performances que deixam qualquer um boquiaberto, eles aumentam a dificuldade dos movimentos dando origem ao street workout (treino de rua). Os resultados corporais são ótimos: perda de gordura corporal, força muscular, resistência, músculos definidos e a tão sonhada 'barriga tanquinho' são percebidos entre os praticantes.
Os seis atletas baianos que irão participar do campeonato são: Caíque Santos, Felipe Fontes, Samuel Oliveira, João Côrtes, Kayodê Passos e Felipe Sobrinho. Saiba como eles conheceram o esporteArquivo pessoal
-
Aos 22 anos, o estudante de educação física Caíque Santos conheceu a calistenia na internet há seis anos e resolveu praticá-la. Atualmente, faz parte do grupo Alcateia que tem 30 integrantes. Juntos, eles realizam treinamentos no Campo Grande. Ele afirma que a modalidade proporciona muitas habilidades, como elasticidade, velocidade e a conexão consigo mesmo, já que o esporte exige concentração.
— Os movimentos de isometria são interessantes, porque desenvolvem diversas habilidades. O esporte é envolvente e exige pensamento rápido.
O jovem afirma não ter pretensão em se tornar um competidor profissional, mas, como educador físico, quer disseminar a calistenia e a yoga, que também praticaArquivo pessoal
-
O designer gráfico Felipe Fontes tem 18 anos e já pratica a calistenia há nove meses. Ele conta que após mudar de endereço começou a procurar uma academia boa e barata ao mesmo tempo. Não achou. Mas, viu nas barras instaladas no Dique do Tororó uma oportunidade de se exercitar. E foi lá, que conheceu um grupo praticando a calistenia.
— É um treino de força e habilidade, que te dá a possibilidade de ser livre para criar. Na academia é tudo muito estático.
Quanto aos belos resultados corporais, ele afirma que se dá pelo fato de usar vários grupos musculares em cada movimento.
— Nos movimentos mais básicos usamos pelo menos a metade do corpo. No Brasil, tudo é muito novo, mas se tiver oportunidade quero me profissionalizarArquivo pessoal
-
Aos 32 anos, o técnico de informática Samuel Oliveira é um amante da prática esportiva: kick box, karatê, musculação e agora a calistenia. Seu primo já praticava a calistenia quando assistiu a alguns vídeos na internet e teve o interesse em praticar.
— Faço calistenia há um ano e um mês e a liberdade nos movimentos é o que mais me atrai. É um esporte que desperta muito a criatividade.
Mas, a calistenia tem um significado maior na vida de Samuel. O esporte o possibilitou romper os limites do corpo.
— Comecei a praticar em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Sofri um acidente de moto e tive fratura exposta na tíbia e no tornozelo. Como a calistenia lhe dá liberdade, tive ânimo para voltar a me exercitar. Minha recuperação foi rápida e impressionou até os médicos. Naquele instante vi que tudo é possível, só depende da nossa força de vontadeArquivo pessoal
-
João Côrtes praticava muay thay com o objetivo de adquirir força muscular. Ao ver vídeos de calistenia na internet, surgiu o interesse pela modalidade esportiva. Começou treinando sozinho, até conhecer o grupo Alcateia. Em um ano e meio de treino, João afirma ser atraído pela variação e forma dos movimentos.
— Você pode inventar exercícios, manobras e variar entre os explosivos, a isometria e free style.
Sua pretensão é levar o atual hobby para o mundo profissional.
— Estou montando um grupo e queremos disseminar a modalidadeArquivo pessoal
-
O estudante Kayodê Passos, 18 anos, pratica esportes desde criança. Dos 11 aos 16 anos jogou basquete e daí em diante começou a praticar musculação. O primeiro contato com a calistenia veio ao ver as fotos do grupo Alcateia nas redes sociais.
— Sempre gostei de esportes e as fotos chamaram a minha atenção. Decidi praticar e achei interessante, pois a cada dia você tem que se superar, perde seus medos e isso vale para qualquer coisa na vida.
O jovem pretende cursar educação física e ir para categoria profissionalArquivo pessoal
-
O estudante de jornalismo Felipe Sobrinho, 23 anos, pratica a calistenia há 10 meses. No início, ele estava a procura de um esporte que não fosse tão caro e começou a correr no Dique do Tororó. Viu algumas pessoas treinando nas barras e foi pesquisar sobre a modalidade.
— Praticar calistenia me dá um bem estar enorme. Além de me exercitar, me divirto e libero muita adrenalina.
Hoje, participa do grupo de street workout, que foi fundado em 2014 e tem 10 integrantes. O movimento human flag (executado na foto) é um dos que ele faz na calisteniaArquivo pessoal
-
O esporte também tem atraído mulheres. Diferente dos homens, elas executam exercicíos que dão maior definição na parte inferior do corpo, mas fazem questão de ressaltar que o foco não é a mudança corporal e sim os movimentos. O resultado é uma consequência da prática regular.
Para os seis baianos que vão participar do campeonato nacional, a sensação é uma mistura de nervosismo com alegria. Os que querem se profissionalizar veem uma oportunidade de crescer no esporte. Os que encaram como um hobby pretendem fazer novas amizades e divulgar seus gruposArquivo pessoal