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Eduardo Lyra, ex-morador de favela, superou a pobreza e atualmente é um transformador social. Além de jornalista e escritor, Eduardo integra o Global Shapers, desdobramento do Fórum Econômico Mundial que seleciona jovens com potencial de mudar o mundo.
Em uma palestra ministrada na Unijorge (Centro Universitário Jorge Amado), Eduardo compartilhou sua experiência de vida com estudantes de Salvador
*Colaborou a estagiária do R7 BA Kátia PradoDivulgação/ Luiz Vagner Santos
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Antes da palestra, Eduardo recebeu a reportagem do R7 BA e, em uma conversa descontraída, falou sobre as decisões que teve que tomar para ser o que é hoje.
— Tem uma frase muito conhecida que diz: "Hoje você faz suas escolhas e amanhã as suas escolhas te faz". Essa fase da juventude é onde você toma as principais decisões da sua vida e no meu caso a escolha que fiz foi a de recusar o que estava na minha frente, que era a preguiça, a violência, o tráfico, o roubo. Eu tive que optar por um outro estilo de vida que dizia respeito ao estudo, ao trabalho duro. Eu optei ir na contramão do que todos ao meu redor estavam indoDivulgação
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Para Eduardo, é importante que todo jovem tenha alguém que lhe diga que é possível e que ele tem potencial.
— Tem experiência que te lança para um outro patamar, que resgata sua autoestima, que te prova que, independente da sua cor, do seu cabelo, da música que você ouve, da comunidade que você nasceu, você pode. Eu acredito nessas experiências que lançam a pessoa para uma força maior, um otimismo maior.
Eduardo lembra que no seu primeiro dia de aula no curso de jornalismo, um professor pediu para escreverem um texto e, ao ler o seu, o aconselhou a desistir do curso.
— Ele disse que eu escrevia muito mal e seria um vexame para classe de jornalista. Aquilo me deixou muito chateado. O contraponto da história foi minha mãe que disse que o professor não sabia de nada. Ela tinha razão, valeu a pena perseverarDivulgação/ Rodrigo Alves
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No seu livro Jovens Falcões, Eduardo reúne histórias de 14 jovens brasileiros que saíram do nada para o tudo. Seu Instituto Gerando Falcões é um desdobramento do livro e, segundo Eduardo, tem o objetivo de mostrar que o jovem é capaz de ser o que ele quiser ser.
— Às vezes falta uma referência para o jovem. No instituto, a gente resgata e fortalece a auto estima desse jovem. Quando o jovem, de qualquer canto do País, não faz, não cresce, o Brasil deixa de ganhar. Precisamos fazer um movimento para mostrar ao jovem que ele pode. O Brasil precisa despejar coragem em seus jovens.
Ele ressalta que as pessoas pobres têm dificuldades adicionais para superar, mas isso não determina o seu destino.
— Na história, só têm dois cantos para você estar: no canto da vítima ou no canto do protagonismo. Eu nasci na crise e aprendi quatro coisas para me tornar protagonista de minha história: na crise você precisa ter vontade de sobreviver, depois tem que encará-la, ter coragem de sonhar nela e nunca subestimar o quanto é possível realizar na criseDivulgação
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Questionado sobre os pilares que baseiam suas palestras, ele afirma que fala do que viveu em sua vida nestes 27 anos.
— Falo de quatro coisas que na minha opinião vão fazer a pessoa chegar ou não a algum lugar. Escolha, coragem, ousadia e sonho grande. Eu sonhei grande na favela, por isso estou aqui. Hoje, aos 27 anos, eu me tornei tudo aquilo que a sociedade não acreditava que eu seria. Eu decidi muito cedo, com o apoio da minha mãe, que as estatísticas não determinariam a trajetória da minha vida. Com um sonho grande, tudo é possível. Se você tiver energia, iniciativa, você tem um valor inigualávelDivulgação/ Luiz Vagner Santos
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Enquanto isso, no auditório da Unijorge, os jovens que têm Eduardo Lyra como inspiração chegavam cheios de expectativa. Brenda Nobre, estudante de Relações Internacionais, foi a primeira a chegar e aguardava com ansiedade o momento da palestra.
— Quero me inspirar e adquirir experiência. Aprender como foi que ele trilhou este caminho para ser o que é hoje e como pode acontecer comigo. Me identifico com a história dele, porque acho importante o jovem fazer algo que tenha impacto na vida de outras pessoas e ajudar a mudar o mundoKátia Prado/ R7 BA
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Eduardo não esconde sua admiração por muitas pessoas e como cada uma o inspirou. Ao ser questionado sobre como ele se sente na posição inversa, ou seja, de inspirado a inspirador, ele afirma que o segredo é não perder a essência.
— Quando você está muito lá em baixo, a sociedade vai dizer que você é um zero. Quando você estiver muito lá em cima, a sociedade vai dizer que você é o cara. Se em algum desses momentos você acreditar, aí é o seu fim. Tem que manter a sua essência e saber quem é você realmenteDivulgação/ Luiz Vagner Santos
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Por fim, Eduardo Lyra dá uma dica aos jovens baianos que, assim como ele, desejam ser um 'falcão'.
— Os jovens acham que todo mundo está contra ele, isso não é verdade. O adulto sempre está a procura de um jovem para apoiar. Tem que mostrar que está apto, tem que bater na porta, em algum momento alguém vai abrir. Não importa de onde você vem e sim para aonde quer irDivulgação/ Luiz Vagner Santos