Após de passar por quatro hospitais na capital, idosa conseguiu ser internada
Reprodução/Record BahiaUma situação de descaso. Picada por um animal peçonhento, a idosa Luzia Maria dos Santos, 95 anos, aguarda atendimento hospitalar especializado há 11 dias. O acidente ocorreu na cidade de Itaeté, na região da Chapada Diamantina, na Bahia, e depois de percorrer mais de 1,3 mil quilômetros em busca de atendimento, a situação da idosa era incerta. Somente na quinta-feira (30), após de passar por quatro hospitais na capital, Luzia conseguiu ser internada no HGRS (Hospital Geral Roberto Santos).
Antes de o atendimento ser realizado, motorista, técnico de enfermagem e a acompanhante da idosa passaram por várias unidades de saúde, como o Hospital do Subúrbio, HGE (Hospital Geral do Estado), HGRS e o Hospital Ernesto Simões filho, todos em Salvador. Em nenhum deles a idosa foi atendida.
Sem parentes, dona Luzia conta apenas com a solidariedade das pessoas que a acompanha.
— Fui pegar lenha e um bicho mordeu minha perna. Estou sentindo muitas dores na perna e o meu braço está tremendo. Já rodei esse mundo todo com isso ai e nada. Sou sozinha, não tenho ninguém!
O técnico de enfermagem que acompanha Luzia contou que, de acordo com informações do médico plantonista de Itaetê, onde ela foi atendida inicialmente e aguardava regulação para a capital, a idosa foi picada por um animal peçonhento desconhecido.
— Ela estava internada há 11 dias no Hospital Municipal de Itaetê e não conseguimos regulação para a capital. Viemos para Salvador assim mesmo, pois o quadro da paciente está piorando e ela toma remédio para pressão arterial, entre outros medicamentos.
O técnico desabafou.
— Nenhum dos médicos teve a coragem de avaliar a paciente. Segundo eles falaram, se for para avaliar, é preciso fazer uma ficha. Se formos esperar pela regulação, a paciente morre! Que saúde é essa? Cadê o juramento que os médicos fazem?
Revoltado com a situação da idosa, o motorista da ambulância que a transportou até Salvador está revoltado.
— Estamos correndo atrás de uma vaga para essa idosa. Ficamos sensibilizados quando vemos um ser humano pedindo socorro e as portas estão fechadas. Isso é muito cruel! Que regulação é essa que existe na Bahia? A paciente está esperando há 11 dias por atendimento e nada acontece. A regulação pode funcionar na área metropolitana, mas no interior da Bahia, todos estão passando necessidade.
A acompanhante da idosa também questionou a falta de atendimento e a estrutura dos hospitais na Bahia.
— Essa paciente não foi tratada como gente e sim como um animal qualquer! Nem avaliaram a paciente. Isso é horrível!
Posicionamento da Sesab
Em nota divulgada pela Sesab (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia), somente na quarta-feira (29), o Hospital de Itaetê solicitou a transferência da paciente para Salvador. Mesmo antes de ser regulada, a idosa veio para a capital e buscou vaga, inicialmente, no Hospital Ernesto Simões, que não era a unidade para o perfil de atendimento. Em seguida ela foi levada para o HGRS, onde foi acolhida e se encontra internada e devidamente assistida.