Leio na coluna da colega Keila Jimenez, aqui no R7, que o ex-jogador, comentarista de TV e empresário Ronaldo Nazário, conhecido por Fenômeno, acaba de ganhar como cliente o ator Alexandre Nero, da Globo. Vai administrar a carreira do ator, o que quer dizer: cuidar de participação em eventos, comerciais, filmes, premiações.
A agência de Ronaldo, chamada "9ine", que já tem sob contrato a atriz Paola Oliveira, o jogador Neymar e o lutador Júnior Cigano, entre outros famosos, negocia com mais quatro grandes atores.
O que mais me chamou a atenção foi o alto preço cobrado por estes serviços: até 20% dos valores recebidos em cada um deles. Pode-se imaginar o que isto representa para o faturamento da empresa do Fenômeno, pois todos são muito bem remunerados e cobram caro por trabalhos extras.
Já faz tempo que o Brasil está se tornando o paraíso destes intermediários. Eles estão em toda parte. Por trás, por exemplo, da guerra entre os taxistas e o aplicativo Uber, que oferece carros de luxo sem taxímetro, estão dois destes tipos, bastante poderosos.
De um lado, os donos do serviço Uber, que ficam com 20% das tarifas cobradas por motoristas autônomos pelas corridas; de outro, os proprietários das frotas de táxi _ entre eles, grandes empresários e políticos famosos. Em regime de semiescravidão, os frotistas chegam a pagar diárias de R$ 190 para usar os táxis, ou seja, já começam o dia devendo uma nota e, para levar algum para casa, cumprem jornadas de 14 a 16 horas no volante rodando pela cidade.
Se formos mais longe, vamos encontrar intermediários que pontificam nos grandes escândalos da política e do futebol. Pois o que são figuras como o hoje célebre Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, e o bem-sucedido empresário J. Ávila, dono da Trafficc e de emissoras de televisão, ambos réus confessos, se não intermediários entre corruptos e corruptores?
Muito tempo atrás, fiz uma reportagem sobre os muitos intermediários entre os produtores de hortifrutigranjeiros e os consumidores finais, passando por transportadores, Ceasas e atacadistas. No trajeto entre a horta e o supermercado ou a feira, o valor de um repolho chegava a ser multiplicado por dez. A parte do leão ficava com os intermediários.
Pensando bem, são muitos os intermediários de alguma coisa _ corretores de imóveis, comerciantes, vendedores de lojas, feirantes, concessionárias de veículos, agentes de artistas e atletas _ entre os que produzem e os que compram. Nós mesmos, jornalistas, somos intermediários entre os fatos e os leitores, ouvintes, telespectadores. A diferença está entre atuar dentro ou fora da lei.
O problema maior deste paraíso nativo dos que gostam de levar vantagem em tudo é a ganância _ o valor cobrado e os meios utilizados na intermediação, lícita ou ilícita, que pode levar à fortuna e ao poder, mas também arruinar carreiras e levar à cadeia. Que o diga José Maria Marin.
Já pensaram nisso?
"Brasil se torna o paraíso dos intermediários"
8 de July de 2015 às 12:11 - Postado por rkotscho
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Pois bem, há muito tempo venho degladiando de modo inglório contra estes intermediários. Sabe,,,, em se falando em lições de vida, nada como se espelhar na novela que está matando a vênius platinada no horário nobre; Os Dez Mandamentos. É um exemplo formidável da luta entre as classes servis e a elite sempre oportunista. O governo deveria criar um dispositivo legal entre os produtores e consumidores para acabar com este tipo de oportunistas liberando o mercado consumidor para estes produtores com preços de mercadorias muito menores, inclusive fixando preços minimos e máximos para alimentos, vestuário e outros bens. Este é inclusive um dos grandes males que estimulam a inflação e não adianta elevar os juros de empréstimos para frear o consumo. Vejam bem, eu fico muito revoltado porque nós temos em cima do lombo a ajuda dos preços do pedágio que também vão na esteira dos aumentos de preços dos alimentos e outros bens. É muito comodo o governo subir os juros por que ele não interfere nesta patifaria toda contra o povo inocente, incauto, descuidado. Por esta razão que eu já disse que aquele controle de preços da éra Sarney cujos índices de preços que subiam, o coeficiente inflacionário destes aumentos, davam o acréscimos aos salários sejam eles quais fossem. Isto sim, segura inflação porque empresários gananciosos sabedores que veriam que repassando estes aumentos de preços aos seus produtos, teriam que repassá-los aos salários dos seus funcionários segurem estes aumentos. Não adianta, não há outro esquema eficiente que proiba esta selvageria toda dos gananciosos intermediários e empresários. Este processo é fácil, é só colher os preços das diversas regiões, calcular os indices de aumentos dos bens de consumo e aplicar estes indices aos salários dos trabalhadores de forma independente de profissões e sejam eles também aposentados ou não. Muitos riram desta minha proposta há meses atraz achando-a impraticável e improcedente mas não tem saída para esta crise econômica porque o mercado consumidor está amarrado e mercado parado é sinal de queda de giro de mercadorias que dá prejuizos a quem produz, a quem comercializa e finalmente a quem consome e ao governo.
Olá caro Kotscho, quando eu li a notícia nos jornais, também me chamou a atenção a percentagem que é cobrada pela agência do Ronaldo. Normalmente esses valores não são revelados, mas ficam aproximadamente dentro dos 10%. Quanto a existir intermediários, ( não me referindo aos que fazem falcatruas ), penso que esses “poucos” corretos profissionais, que literalmente fazem a diferença na vida do agenciado, que fazem a ponte entre o artista e o mercado, sabem sim como dirigir e sobreviver a uma negociação. Estão aptos para exercer essa função. Agem de forma ilícita, realizando o combinado e ganhando o seu honorário. Infelizmente, tenho que concordar contigo, que em regra geral, o agenciado fica à mercê do que está sendo combinado, tanto em valores quanto em condicões. Não é raro ver o artista, quando disponta no mercado, trocar de „intermediário“, pois descobre-se coisas que não se viam no começo do relacionamento profissional. No início surgem promessas de fidelidade de ambas as partes e no final „sobra sopapo“. Na área de eventos também existe o intermediário, o organizador de eventos que faz a ponte entre o cliente e os fornecedores. Nessa área a percentagem é chamada de taxa de administração cujo valor/percentagem depende muito do montante do contrato e das condições para a realização do evento. Funciona bem, mas também tem aqueles que querem ficar ricos da noite para o dia e, já no primeiro evento, „metem a mão“. Sabemos quer em todo mercado de trabalho existem o bom e o mau profissional. Aqui vai um protesto contra aqueles profissionais que são gananciosos e que justificam os seus atos ilícitos, para alcançar seus objetivos, sempre por meios torpes. Obrigada Kotscho! Abraços!
Faltou na lista o picareta do João doria.
Prezado sr. Kotscho, parabéns pelo blog e por ter, enfim, colocado em debate algo tão significativo pra nossa vida, ainda que possa apenas ser vislumbrado nos bastidores. Da mesma forma, incomoda-me a aceitação tácita do uso dos codigos do mundo comercial/financeiro para regular situações e eventos aonde eles jamais deveriam ser introduzidos, em nosso cotidiano. Penso que a associação entre a intermediação baseada na competição sem freios, tipica do mundo dos negócios, e os intermediários aproveitadores deste estado de coisas, também típicos deste estrato social, responde por muito do descalabro social que o Brasil vive hoje, desde a esfera mais alta até o nivel mais básico, do conluio entre funcionário público e o homem de negócios gananciosos até o imbecil que fura a fila dos idosos e sorri, se achando o mais esperto da sala, o "winner". A questão é: depois de tanto tempo de doutrinação sob o signo da verdade única, será que ainda seria possível nossa sociedade imaginar que outro modelo é possível e deve ser procurado? Ou será tarde demais? No mais, saudações e boa sorte!
Depois de ver o Larry 18:52 afirmar que a comparação do Kotscho "é sem noção", farei como meu mano Everaldo e mudarei de rumo no "mei do caminho", ou seja, inspirar-me-ei na generosidade e paciência do Kotscho pra desculpar-me com o extraordinário Balaieiro Enio B Filho. Enio, peço desculpas por usar seu nome nos meus, segundo voce, constantes ataques ao Robson de Oliveira. Peço apenas que voce repense sua afirmação, pois não há ataque como não há constância, não há agressividade, ofensa, calúnia nem mesmo ironia no meu comentário dirigido ao Robsão. Repense e desde já fica combinado que valerá a sua versão, a sua palavra. Prometo não mais citar seu nome no Balaio. Lembro apenas que 99,9999 % das vezes em que o fiz foi de maneira elogiosa, sem favor algum. Enio, reflita comigo: sua opinião sobre o Robson coincide com a opinião de outro grande Balaieiro sobre o Luiz Carlos Velho, a quem voce (ou algum participante passando-se por voce) acusou de ter inviabilizado o (virtual) "Boteco do Balaio", num comentário cuja agressividade assustava e muito. Não tive oportunidade de conhecer o referido Boteco, mas pelo que conheço do nosso Bom Velhinho, ele, quando muito, seria capaz de acabar com o estoque de cachaça do Boteco e nada mais. Caso tenha sido voce mesmo quem lascou o Velho, talvez queira desculpar-se com nosso outrora "saco de pancadas predileto do Balaio", assim como eu desculpar-me-ia com o Robson, caso meu comentário tivesse sido agressivo. Voce teve a grandeza de desculpar o Reginaldo Gadelha, lembra ? Enio, não estou sendo irônico nem sarcástico. Minha admiração por sua genialidade é genuina e não depende de voce gostar ou não de mim ou dos meus comentários, pelo mesmo motivo que o físico/matemático francês Pierre de Fermat não precisaria gostar de mim pra que eu o considerasse, como considero, um dos maiores gênios da humanidade. Fermat calculou a area sob a curva Y = X², descobriu e desenvolveu o conceito de Derivada. Devemos a ele, e não a Descartes, a invenção da Geometria Analítica. Abração, Enio. Prometo não citá-lo mais se, em troca, voce continuar brindando-nos com seus monumentais textos e comentários, na medida do possível, claro. Abração a todos os Balaieiros !!!!! Um fraterno, cordial, agradecido e caloroso abraço pro mano Dias por seu apoio em post anterior.
Os intermediários começam assim: Tudo começa com agradecimento. Depois passa com presentes. Logo oferecem propina. Em seguida começa a corrupção. A próxima é aliar-se com os adversários Sem dúvida está formada a quadrilha. Pronto, ninguém segura mais. Todos envolvidos, não tem volta. Pagamos pelo preço alto. Denuncias só com a polícia federal. Temos muitos exemplos.
Kotscho, sem noção sua comparação entre um empresário de artista que recebe um percentual por um serviço prestado, e um dono de frota de táxi que explora o motorista. Para este segundo caso, que é um tipo de escravidão (Servidão por dívida) disfarçada, deveria existir lei proibindo e punindo. Tenha certeza, o artista agenciado por um profissional do ramo, no caso a firma do Ronaldo ganha mais do que ganharia se trabalhasse sozinho, artista sabe interpretar, empresário sabe ganhar dinheiro. Estou com certo asco de defender a firma do "Fenômeno", não suporto esse sujeito, mas precisamos ser justos até com quem não gostamos. Sua comparação é totalmente equivocada.
Boa noite Ricardo, boa noite amigos balaieiros! Pois é, isso já vem daquela famosa cultura de criar dificuldades para se vender facilidades. Embora aconteça pelo mundo inteiro, justamente aqui, cresceu mais e melhor devido ao "solo fértil"! Muitos são serviços até essenciais em virtude da falta de tempo e outros nem tanto. É mesmo como você disse; existem os legais e ilegais. Embora sempre apareçam os famosos abusos tanto num como no outro. Desde os anos 70 eu escuto essa história dos atravessadores. A tal do peixe que, do oceano até a mesa, salta de mão em mão e a cada "mãosada" mais o preço sobe. Faz parte da lei de mercado e gera renda. O problema passa a ser quando não há assim tantos ou nenhum atravessador e os preços são os mesmos. Aí sim, não há distribuição e sim, concentração de renda. Quem dera, no Brasil, houvesse um acordo entre governo, empresários e cidadãos para; 1- baixar impostos e baixar lucros para que, dessa forma sim, ganhassem na quantidade e produzindo também muito mais, gerando mais produção, mais trabalho mais consumo sustentável. Impostos de, no máximo 10% seria de bom tamanho. Aliás, nada deveria ser maior do que o dízimo, pois um governo não é divindade... Mas isso fica para a máxima final da música do incrível e eterno garoto de Liverpool John Lennon... ..."you may say, I am dreamer..... but I'm not the only one... ...I hope someday you'll join us ... and the world will live as one Robson de Oliveira http://ecoblog-blogeco.blogspot.com.br/
Aqui tudo tem intermediário...até na política ..."vai pra um..vai pro outro..depois pro outro, e por fim pro partido". Esse Brasil é DIlmas!!!
Tem alguns intermediarios de campanha politica na carceragem da PF em Curitiba,tal como Vaccari,Duque entre outros que roubaram dinheiro publico,quanto ao Ronaldo desde que não roube dos meus impostos tá tudo certo pode cobrar até 110 por cento.
Prezado Kotscho, Há tempos que conto aos meus alunos que o Brasil, em sendo descoberto por um atravessador de oceanos, pariu uma infinidade de outros atravessadores...
Verdade, caro Ricardo Kotscho. Em tempos de intermediários poderosos, eis que é o Eduardo Cunha que convoca Rede Nacional de Rádio e TV para falar por 5 minutos. Nessas horas, o PT fica com uma inveja! Mas quando começa a pensar na ideia, da Dilma ir para TV e falar de mandioca, de mulher sapiens, de pedaladas nas contas, de dinheiro sujo na campanha, de roubo na Petrobrás, de suposta tentativa de suicídio...Bem, melhor poupar os ouvidos dos brasileiros. Afinal, Dilma falando e batidas de panelas no ouvido ninguém aguenta. Até pensei em emprestar minhas panelas para os petistas terem seu momento de alegria, mas logo lembrei, que dia 16-08 vou precisar das minhas "sofridas". #Faltam39Dias
Poxa RK, com essa idade e ainda combatendo os "exploradores" capitalistas? Meu, o negócio oferecido pelo Ronaldo é bom para os dois lados. Nenhum ator foi coagido para virar cliente dele. Foi porque acha que vai ter mais lucro dessa maneira. Caramba, tira esse estagiário (intermediado?) que está escrevendo a coluna para vc e volte a produzir matérias úteis!
Kotscho, olha que coincidência. Ontem fui a uma loja de produtos orgânicos na Vila Madalena, que vende tudo pelo preço de compra (do produtor), sem os acréscimos do intermediário. O nome da loja é "Instituto Chão", fica na rua Harmonia, para quem mora em São Paulo e tiver interesse em conhecer. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, criada com o objetivo de levar o consumidor a refletir sobre a cadeia de produção do alimento que come. Todos os custos do Instituto estão expostos, inclusive frete, taxas de cartão, etc. Para quem quiser saber mais sobre a proposta deles, fica aqui o site: http://www.institutochao.org/
É um assunto que passa muito pelas cabeças pensantes e contemplativas daqueles que estão sempre antenados às vírgulas. Geralmente é um assunto merecedor de páginas internas de jornais e revistas, e comentados por escritores com algum "traço" de audiência. Mas o assunto existe há "séculos". Mais recentemente tem chamado a atenção dos leitores, já que estão sendo envolvidos nos escândalos disseminados pelo mundo. Tanto no futebol como no mundo empresarial e político. Dois exemplos?: Marin (CBF) na cadeia aguardando extradição solicitada pela FBI e J.Hawilla dono da sugestiva "Trafic" em liberdade condicional nos Estados Unidos, proibido de sair do país e se o fizer vai em cana. Outros virão à tona muito brevemente. Não me preocupa se o Brasil seja considerado o "Brasil se torna o paraíso dos intermediários". Se a "intermediação" é feita na forma da lei como afirma a nossa Constituição, tudo bem. Ganhar dinheiro licitamente não é crime. Pior seria a comparação com os narcotraficantes de alguns países "sócios" do Brasil. Aí é que mora o perigo...