Tendo perdido o controle do espetáculo na sessão anterior, Gilmar Mendes resolveu partir para o tudo ou nada.
Logo no início do terceiro dia de julgamento, sem passar a palavra ao relator Herman Benjamin, o presidente do TSE colocou em cena três coadjuvantes da sua tese contra a cassação do mandato do presidente Michel Temer.
Pela ordem, Napoleão Maia, Ademar Gonzaga e Tarcísio Neto, muito bem ensaiados, cumpriram seus papéis na contestação do relator, o protagonista da véspera, que defendera a inclusão das delações da Odebrecht no processo.
Napoleão já era voto certo de Gilmar-Temer. Não por acaso, os outros dois são aqueles ministros substitutos colocados no tribunal em comum acordo quando o julgamento foi suspenso dois meses atrás.
Sem dar maiores satisfações, Gilmar passou direto a palavra a Napoleão Maia, um obscuro personagem de basta cabeleira branca e linguagem empolada dos tempos do Império, que foi direto ao assunto.
Antes de ouvir o voto do relator, ele queria que o tribunal decidisse se as provas da Odebrecht poderiam ou não ser utilizadas no julgamento.
Ademar e Tarcísio foram na mesma linha, claramente contrários à posição do relator Herman Benjamim, que caiu na armadilha.
Em lugar de proferir logo seu voto, que já estava pronto há tempos, Herman deu corda ao debate estimulado por Gilmar Mendes, que a todo momento intervinha nas falas dos outros ministros para reforçar as teses da defesa.
Antes do meio dia, caíram todas as máscaras do teatro montado no subsolo da monumental sede do Tribunal Superior Eleitoral, que custa ao país R$ 1,2 bilhão por ano.
Ficou claro que o jogo parecia decidido com aquele resultado escrito nas estrelas desde o início do julgamento: 4 a 3 a favor de Gilmar-Temer, com os votos de Napoleão Maia, Ademar Gonzaga e Tarcísio Neto.
Ao lado do relator, ficaram apenas Luiz Fux e Rosa Weber, ao que tudo indicava até aquele momento do debate.
Com milhões de citações de magistrados do mundo inteiro e de toda a cultura jurídica universal, o julgamento prosseguiria pela tarde e noite desta quinta-feira, mas o suspense já havia acabado.
Faltava só cumprir o ritual estabelecido no roteiro de Gilmar Mendes.
E vida que segue.
"Relator cai na armadilha de Gilmar-Temer"
8 de June de 2017 às 12:13 - Postado por rkotscho
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Mais um excelente relato!
Prezado Kotscho: Como você bem disse que já “caíram todas as máscaras do teatro”, será que aqui não se aplica aquele conhecido bordão de circo “Hoje tem marmelada? Tem, sim sinhô. Hoje tem goiabada? Tem, sim sinhô. O palhaço, o que é?”.
Não podemos esquecer que Gilmar Mendes foi indicado pelo FHC e Ademar Gonzaga e Tarcísio Vieira pelo próprio Temer, então... O otimismo do planalto sempre baseado nos bons ventos das politicas estratégicas exitosas! O mesmo talvez não se possa ``elogiar`` na estratégia do senhor do planalto e seus mais próximos e notáveis ``assessores``, quanto a ousada e atrapalhada troca de ministros...Estrategia por estrategia, melhor deixar a água rolar debaixo da ponte.
Se o Temer for caçado, vai abrir margem para um número sem precedentes de recursos eleitorais nos tribunais deste país, contra prefeitos, vereadores, e mesmo deputados eleitos da última eleição que receberam dinheiro de propinas nas suas campanhas, cf. a delação do próprio Marcelo Odebrecht quanto á prática cotidiana no que tange ás irregularidades repetidas do dinheiro das campanhas políticas do Brasil vinda de métodos fraudulentos. Juridicamente, a inobservância dum juiz causa nulidade relativa-, esse é um princípio ou norma geral do Direito Penal ora em vigor / quando se trata de medida de cunho estritamente procedimental pertinente ás súmulas / recursos, não é diferente se aplicada ao juízo eleitoral. Segundo a fala do Relator houve tecnicamente neste Processo em voga, a Preclusão, caso já julgado, mas que gerou foi a dúvida, e o Gilmar afirmou que pela última votação do julgamento, do placar de 5 á 2 - que antecedeu a este - ele apenas votou para amadurecer com o seu voto dado, talvez para uma maior conscientização social, do chamamento ao debate / ao amadurecimento social e democrático - dando sequência ao Processo de cassação da chapa Dilma-Temer como se todos, nós, suponho, nada entendêssemos de Democracia. Puro deboche. A eleição direta já passou da hora. Bom exemplo foi dado pela Coréia do Sul, que caçou uma presidenta corrupta; fez a eleição direta, e o presidente eleito já tomou posse. O Poder tem que emanar do povo, diz a CF, e dizia Aristóteles. E não dum Parlamento onde a maioria de seus parlamentares está envolvida com processos de corrupção na Justiça. Me parece que os três poderes da República estão mesmo é desgastados; infelizmente, isso é o que se ouve da boca não dos jovens, mas dos mais vividos! Reforma Política, já!
Como você disse Ricardo Kotscho, vida que segue mais sem respeito com as instituições, vitória dos subsolos dos poucos empoderados e não das soluções nacionais as massas oprimidas. E pensar que tenho mais uns 50 anos de vida vendo o caminho ruim que o país irá passar (Tenho 40 anos). Que eu morro logo.
Meu caro Kotscho, está muito interessante assistir os militantes estarem "torcendo" silenciosamente para que o Gilmar Mendes e o Temer saiam vitoriosos nesse embate. Imagine você a tragédia que seria o desmoronamento da tese do "golpe" e da tese que a Lava jato só existiu pra pegar os malandros e ladrões do PT. Faz muito tempo que vejo a militância inteiramente silenciosa em relação a esse julgamento no TSE. Todo mundo quietinho e se desesperando com a possibilidade de o Temer ser destronado assim como aquela "sumidade" na arte da oratória ter seus direitos políticos cassados como já deveria ter sido feito há 1 ano atrás. Nada como um dia após o outro para sabermos quem são os verdadeiros patriotas e quem são aqueles que defendem seus grupos, privilégios e ideologias. Abs
Mestre, o que espanta é o papel de otário que muitos fazem questão de interpretar, ao darem atenção e crédito a sub farsas que se multiplicam, a partir da farsa maior, a Vaza Jato, e que transcorrem nos atuais teatros de revista da república, com chanchadas jurídico-midiáticas, para entreter o distinto público que só falta votar pelos multicanais virtuais quem deve permanecer. Reconheça-se que a hoje em cartaz no teatro do TSE não é sub, é junto com a da Vaza Jato a outra opção criada para tirar o PT do governo, pois no voto com a Vaza Jato, em 2014, não foi possível. Mas por que otário? No caso, por dar crédito a processo sobre contas da chapa vencedora, aberto após consideradas pelo TSE aprovadas e conclusas, por temerem que Vaza Jato e Se Eleita Não Governa, talvez não fizessem acontecer a opção Golpeachment e reabri-las daria nova opção de golpe jurídico, via TSE, com cassação da chapa vencedora, ou seja, uma chicana de ocasião, explicitada e amplamente denunciada. Acontece que o mundo gira, a lusitana roda e o consórcio Vaza Jato-Midiático consegue o Golpeachment, Dilma e PT caem, o mordomo assume, a biruta no processo do TSE vira e junto viram todos conspiradores, supremos ou não, passando à tese legalista, não há por que cassar a chapa, com Gilmar à frente. Porém, ai porém, nova ventania, agora vinda da JBS, varre o planalto e a biruta meio que vira novamente, metade dos golpistas deixam de ser legalistas em relação ao processo, ou seja, Temer tem que ser cassado e a outra metade legalista, Temer não deve ser cassado. E você, o que acha, já que acredita nesse "Você Decide o que Já Decidimos", da Justiça "a La Carte" da Casa Grande?
Nossa que maravilha, pelos prognósticos, até agora, e com a colaboração do ministro Gilmar Mendes, a chapa Dilma-Temer não será cassada, afinal o PT sempre defendeu-se que a arrecadação ocorreu dentro da lei..................Desta vez os petistas estão felizes, quem sabe ela não seja novamente candidata a presidentA.........o que vocês acham?............quem sabe o "casal politicante correto" não se una novamente?
Na prática o Gilmar Mendes é o presidente e ao mesmo tempo advogado.tudo indica vitória do Temer Joalis POR 4 A 3.