Aécio: vou trabalhar para provar minha inocência
Mateus Bonomi/18.10.2017/FolhapressEm seu primeiro discurso após recuperar o mandato parlamentar, o presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou nesta quarta-feira (18) que vai se defender das acusações de uma "trama ardilosa" de que é vítima enquanto cumprir seu mandato de senador.
O tucano destacou ainda que chegou ao Parlamento por meio dos votos que recebeu da população de Minas Gerais. "Será no exercício do meu mandato que irei me defender das acusações absurdas, falsas, de quem tenho sido alvo", afirmou.
"Sou neste momento vítima de uma ardilosa armação. Uma criminosa armação, perpetrada por empresários inescrupulosos que se enriqueceram às custas do dinheiro público e não tiveram qualquer constrangimento em acusar pessoas de bem na busca dos benefícios de uma inaceitável delação, ora suspensa, em razão de uma parte da verdade estar vindo à tona", completou.
Sem citar o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o tucano afirma que nomes com assento “até muito pouco tempo na Procuradoria-Geral da República” contribuíram para a “trama ardilosa” contra ele. "Novos depoimentos, delações e gravações que haviam sido omitidas vão dando contorno claro as razões que levaram àquela construção criminosa da qual fui vítima", disse.
Aécio também disse que vai “trabalhar a cada dia e a cada instante” para provar sua inocência. “Fui alvo dos mais vis e graves ataques nos últimos dias, mas não retorno a esta Casa com rancor ou ódio. Venho acompanhado da serenidade dos homens de bem, daqueles que conhecem a sua própria história e a minha história é honrada, é digna, é de dedicação ao longo de quase 40 anos aos mineiros e ao Brasil”.
“Estarei, como sempre estive, pronto para o debate sobre os mais diversos temas de interesse do País e, da minha parte, sempre de forma respeitosa”, concluiu o tucano.
Mais cedo, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que Neves deveria renunciar definitivamente ao comando da legenda.
"Acho que sim [renunciar ao mandato], porque eu acho que ele não tem condições, dentro das circunstâncias em que está, de ficar como presidente do partido. Nós precisamos ter uma solução definitiva, não provisória", disse.
Outro cacique tucano, o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), disse hoje existir um "sentimento" no PSDB para que Aécio deixe a presidência do partido.
"É um ato unilateral. Mas existe um sentimento no partido de que ele deve formalizar a saída. isso é inegável. Acho que a manifestação pública que eu fiz e que o senador Tasso fez vai ter algum efeito na reflexão de Aécio Neves, mas isso não retira o caráter unilateral da decisão", explicou.
O comentário de Tasso ocorre um dia após o Senado ter derrubado a decisão da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), que impôs ao tucano medidas cautelares, e determinado o retorno de Aécio ao mandato parlamentar.
O presidente interino do PSDB disse ainda não ter conversado com Aécio após a decisão do Senado e afirmou que pretende falar com ele ainda nesta quarta-feira.
Tasso avaliou que a decisão dos senadores na véspera foi "mal-interpretada" porque não se refere diretamente ao até então senador afastado. Para ele, a decisão tem por objetivo dar a Aécio direito que não teve até agora, direito de defesa.