Deputado Waldir Maranhão terá o destino selado hoje pelo partido
Luis Macedo/Divulgação/Estadão ConteúdoA ameaça de ser expulso do partido, perder a presidência da Casa, e em último caso até perder o mandato, levou o deputado do PP Waldir Maranhão a revogar a própria decisão de anular o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na madrugada desta terça (10). De acordo com parlamentares próximos a Maranhão, ele revogou a decisão após conversar com integrantes da Mesa Diretorada Câmara e deputados do seu partido.
Nesta terça (10), Maranhão chegou à Câmara perto das 10h30, foi para o gabinete da vice-presidência e não falou com os jornalistas na entrada.
A manobra de Maranhão de anular o impeachment caiu como uma bomba dentro do seu partido, que já estava rachado desde antes da votação do impeachment no plenário da Câmara. Após anular o impeachment, ainda nesta segunda (9), seus colegas no PP, os deputados Júlio Lopes (RJ) e Jerônimo Goergen (RS) protocolaram representações pedindo a expulsão de Maranhão e dos outros seis deputados que votaram contra o impeachment na Câmara, desrespeitando fechamento de questão da sigla a favor do impedimento.
Para o deputado Jerônimo Goergen (RS), que falou com o R7 antes de entrar na reunião da bancada desta manhã, a expulsão leva à perda da Presidência e pode sim levar à perda de mandato. A reunião da Executiva foi marcada para esta terça (10) às 17h e nessa reunião que o destino de Maranhão será selado. Ele pode ser suspenso temporariamente ou expulso. Pode ainda perder o cargo na Presidência. Futuramente, pode perder o mandato.
O pedido cautelar, de suspensão, foi uma saída encontrada pelos deputados do PP para afastar o presidente interino da Câmara da sigla mais rapidamente, uma vez que a expulsão definitiva leva um tempo maior.
Enquanto isso, o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), tenta aparar as arestas do seu partido, que sempre foi rachado sobre a questão do impeachment. Nogueira já havia aplicado uma punição a Maranhão por ele ter votado contra o impeachment na Câmara. Maranhão foi destituído da presidência do diretório regional do PP em seu Estado e substituído pelo deputado federal André Fufuca, nomeado por Nogueira.
Logo após a suspensão cautelar de Maranhão, a cúpula do PP pretende pedir a perda imediata do cargo dele de 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados, já que, na interpretação de parlamentares do partido, o posto pertence à legenda. A decisão, contudo, poderá ser contestada.
Segundo o 1º secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), o pedido de perda do cargo só caberia se o presidente interino tivesse deixado o partido por vontade própria. Além disso, na Casa já há precedentes: o deputado Felipe Bornier (RJ) continuou como 2º secretário mesmo após migrar do PSD para o PROS por vontade própria.
A perda de mandato por expulsão também não é consenso. Já houve perda de mandato por expulsão pelo País, aprovada por Tribunais Regionais Eleitorais, mas a questão deve chegar ao TSE.
Traição anterior
É importante lembrar que esta foi a segunda vez que Maranhão virou as costas para o seu partido para ajudar um aliado de seu Estado, o governador Flávio Dino (PC do B- MA). Dino é aliado da presidente Dilma Rousseff e já tinha usado Maranhão para tentar reverter o placar apertado às vésperas da votação do impeachment na Câmara.
Apesar de seu partido ter fechado questão para votar a favor do impeachment, o deputado Waldir Maranhão, menos de vinte e quatro horas antes da votação, declarou que votaria contra o impeachment e prometeu convencer outros dez deputados a votar com ele contra o impedimento. Esses dez votos seriam suficientes para pender a balança para o lado contra o impeachment.
A manobra não deu certo. Nem Maranhão se mostrou forte o suficiente para ir contra o seu partido e levar outros dez deputados, nem conseguiu evitar o efeito ‘manada’ na votação que levou o placar a uma folgada diferença pró- impeachment.
A manobra desta segunda também levou Maranhão aos holofotes, e teve como consequencia a exoneração do seu filho do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA). Thiago Augusto Maranhão, que é médico e mora em São Paulo, recebia R$ 6,5 mil líquidos por mês.