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ANÁLISE-Brasil deve atrair mais capital estrangeiro em portfólio entre emergentes

Brasil|

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil está entre os mercados emergentes que mais devem cativar investidores financeiros de fora em 2015, mesmo que em ritmo menor ao visto nos últimos anos, beneficiado pelos esforços fiscais do governo, juros altos e baixa vulnerabilidade à queda dos preços do petróleo, que compensam o quadro de inflação elevada e crescimento baixo.

Apesar do otimismo sobre as perspectivas brasileiras, especialistas consultados pela Reuters acreditam que o ano deve ser desafiador para os mercados emergentes como um todo, diante da provável alta dos juros nos Estados Unidos e da cambaleante economia global.

"Fundamentalmente, o fator mais importante para os fluxos de capital para a América Latina neste ano será a política econômica. E a direção da política econômica no Brasil está melhorando", disse o economista-chefe para a região do Institute of International Finance (IIF), Ramón Aracena.

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Ele referiu-se aos recentes esforços da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para recuperar a credibilidade da política fiscal, bastante criticada pelas enormes desonerações e manobras contábeis nos últimos anos.

Embora os analistas não divulguem projeções sobre os fluxos em portfólio para o Brasil, o Banco Central espera que o investimento estrangeiros em ações de empresas brasileiras tenha leve crescimento em 2015, para 13 bilhões de dólares, contra 11,546 bilhões de dólares em 2014.

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Para o mercado de renda fixa, a estimativa do BC é de entrada líquida de recursos estrangeiros de 20 bilhões de dólares, quase inalterada frente aos 20,106 bilhões de dólares apurados no ano passado.

Já Aracena, ainda que sem dar números detalhados, vê um leve recuo nos fluxos para o Brasil em 2015, mas em ritmo menor do que seus pares na América Latina, para então recuperarem no ano seguinte. O IIF projeta entrada líquida de recursos externos na América Latina de 271 bilhões de dólares em 2015 e de 312 bilhões de dólares em 2016, contra 304 bilhões de dólares no ano passado.

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"O Brasil oferece um dos maiores rendimentos entre todos os mercados emergentes", disse o estrategista-chefe em renda fixa para a América Latina do Credit Suisse, Daniel Chodos. "Mesmo quando você ajusta esse valor para incluir o custo de proteção cambial... a taxa ainda é muito alta".

O dólar avançou quase 13 por cento em 2014 em relação ao real, quarto ano seguido de apreciação. Combinado com o aperto monetário conduzido pelo BC --que levou a Selic a 12,25 por cento, maior nível desde agosto de 2011-- os movimentos do mercado levaram os rendimentos dos ativos brasileiros a níveis bastante atraentes para investidores estrangeiros.

A diferença entre os juros de um ano em moeda local do Brasil em comparação à zona do euro, por exemplo, estava em quase 13 por cento nesta quarta-feira. O spread para o México em relação à zona do euro era em torno de 3,30 por cento.

Por isso, analistas esperavam que o quadro de maiores entradas em renda fixa do que em ações --mais sensível à atividade econômica atual-- seja sustentado em 2015.

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ECONOMIA FRACA

A postura de maior austeridade da nova equipe econômica vem sendo bem recebida pelo mercado, mas também tem piorado as expectativas sobre o crescimento econômico e a inflação neste ano.

Na pesquisa Focus do BC, economistas projetavam que o IPCA deve avançar 6,99 por cento em 2015, passando longe do teto da meta do governo, de 4,5 por cento com margem de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa é de 0,13 por cento, mas já há bancos como HSBC, Morgan Stanley e Credit Suisse esperando contração.

Segundo especialistas, a estagnação do fluxo de capitais espelha um movimento global. Após anos de dinheiro barato graças aos seus estímulos monetários, espera-se que o Federal Reserve, banco central norte-americano, eleve os juros ainda neste ano, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados.

Parte dessa pressão deve ser compensada pelo programa de compra de títulos anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE) na semana passada, que injetará 60 bilhões de euros ao mês na zona do euro.

Outro campo em que o Brasil está melhor posicionado do que seus pares emergentes é a vulnerabilidade à recente queda dos preços do petróleo, que já somou quase 60 por cento desde julho por conta da perspectiva de oferta abundante e demanda fraca.

"O Brasil é importador líquido de petróleo. Comparado com países como a Colômbia, que dependem muito (da commodity), isso é positivo", afirmou o superintendente-executivo de câmbio da tesouraria do Santander, Maurício Auger.

O Brasil não só não tem grande exposição ao petróleo, como também é beneficiado pelo tombo. Segundo cálculos do Barclays, cada baixa de 10 dólares no preço da commodity, somam-se 2 bilhões de dólares à conta corrente brasileira. Já a Colômbia, que compete com o Brasil pela atenção dos investidores, perde 3 bilhões de dólares na mesma situação.

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