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ANÁLISE-Mudança em área política é única medida imediata para Dilma tentar reverter impopularidade

Brasil|

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Passados apenas três meses de seu segundo mandato e com índices recordes de impopularidade, a presidente Dilma Rousseff tem como única medida imediata para reverter esse quadro uma reformulação na área política de seu governo, segundo analistas ouvidos pela Reuters.

Embora a fragilidade da economia desempenhe papel-chave nos altos índices de desaprovação à presidente, não existe antídoto imediato para a debilidade econômica, cujo combate passa por medidas de ajuste fiscal que precisam de aprovação no Congresso.

"Naquilo que depende de uma iniciativa mais imediata dela (Dilma), é tentar corrigir lugares onde as coisas não funcionam. Na frente política, com o Congresso, é estabelecer articuladores políticos mais capazes, mais efetivos, se dispor ao diálogo. É tentar buscar algum tipo de entendimento", disse à Reuters o cientista político da Fundação Getúlio Vargas Cláudio Couto.

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Pesquisa Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta quarta-feira mostrou que a rejeição ao governo e à presidente dispararam. Segundo o levantamento, 64 por cento têm avaliação negativa do governo e 74 por cento não confiam na presidente, cujo desempenho piorou em todos os estratos sociais, inclusive entre os que votaram nela na eleição do ano passado. [nL2N0WY14K]

Outras duas pesquisas divulgadas recentemente --pelo Datafolha e pelo instituto Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT)-- apontaram resultados igualmente desfavoráveis ao governo.

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"Sem resolver a questão política, nós não vamos resolver a questão econômica", disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Principal partido da coalizão que apoia Dilma, o PMDB tem dado dor de cabeça ao governo no Congresso. Os peemedebistas se queixam de falta de participação do partido nas decisões do Executivo e do que afirmam ser manobras do Planalto para patrocinar a criação de uma nova legenda para enfraquecer o principal aliado.

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Entre as dificuldades do Executivo no Legislativo, estão a devolução ao governo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da medida provisória que revisava regras de desoneração da folha de pagamento e a aprovação na Câmara, presidida pelo também peemedebista Eduardo Cunha (RJ), de uma lei que obriga o governo a regulamentar a troca do indexador da dívida de entes federados com a União.

"O PMDB tem disposição de ajudar o governo de ajudar o Brasil. Agora, isso não depende de uma iniciativa nossa. Depende de uma iniciativa do Executivo", disse Eunício, que afirmou estar atuando "de extintor na mão" e como "bombeiro", dentro da bancada do PMDB.

"Se a população reage dizendo que não está bem, se o mundo político todo está convencido que mudanças têm que acontecer para poder fazer o entendimento, acho que tem que ser feito... Se não houver um grande entendimento do ponto de vista político, comportamental, ninguém sabe para onde vai essa crise", avaliou.

Apontado como um dos formuladores da articulação política do governo, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que a pesquisa divulgada nesta quarta é uma "fotografia" que exige a atenção do governo.

"É uma fotografia que exige do governo mais trabalho, mais atenção e especialmente um caminho sólido para a retomada do crescimento", disse.

"O nosso compromisso é para quatro anos, e três meses de governo é apenas o início de um processo. Portanto, no momento a fotografia não é boa, mas o filme vai ser muito bom."

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45 MESES PELA FRENTE

Dilma tem sido alvo de protestos que pedem seu impeachment, apesar de ter ainda 45 meses de mandato pela frente. Os pedidos, manifestados nos protestos no último dia 15, que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas de várias cidades do país, também têm encontrado eco em nomes importantes da oposição.

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), por exemplo, defendeu nesta quarta em discurso na Casa que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acate um pedido do partido, feito após a eleição no ano passado, pela cassação de Dilma e do vice, Michel Temer (PMDB).

"Havendo um julgamento isento terá um só resultado: a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer", disse Cunha Lima.

Apesar disso, a possibilidade de interrupção do mandato de Dilma é vista como pouco provável por analistas.

"Acho que seria uma surpresa para todo mundo", disse o analista da MCM Consultores Associados Ricardo Ribeiro.

"A gente acha que ela vai conseguir aprovar, com mudanças, as medidas de ajuste fiscal no Congresso... Se o governo conseguir passar o momento mais difícil, que é 2015, ganha fôlego para seguir adiante de maneira razoável."

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(Reportagem adicional de Nestor Rabello, em Brasília)

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