A arrecadação do governo federal com impostos e contribuições teve queda real de 9,32% em agosto sobre igual mês do ano passado, para R$ 93,738 bilhões, no pior declínio mensal registrado pela Receita Federal em 2015.
O resultado também foi o mais fraco para o mês desde agosto de 2010, quando somou R$ 89,889 bilhões, de acordo com dados corrigidos pela inflação, informou a Receita Federal nesta sexta-feira (18). Em termos nominais, a arrecadação recuou pela primeira vez no ano, em 0,68%.
A Receita Federal destacou que o desempenho de agosto foi prejudicado pela base de comparação, já que no mesmo mês do ano passado houve o ingresso de R$ 7,13 bilhões em receita extraordinária decorrente do programa de refinanciamento de dívidas tributárias de empresas. Neste ano, a arrecadação nessa mesma linha foi de R$ 2,248 bilhões em agosto.
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Mas também houve forte retração na arrecadação de outros tributos, como Imposto de Renda para Pessoa Física, IPI e Cofins/Pasep.
No acumulado do ano até agosto, a arrrecadação soma R$ 805,814 bilhões, no pior resultado para o período em cinco anos, evidenciando as dificuldades do governo para reequilibrar as contas públicas em meio à fraca atividade econômica.
"Os números apurados na arrecadação estão em linha com o desempenho da atividade econômica", disse o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias.
Também houve retração na receita previdenciária, em conjuntura marcada pelo quadro recessivo e elevado nível de desoneração tributária.
Sem perspectiva de melhora da economia e após a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil, o governo anunciou na segunda-feira um pacote para buscar cumprir a meta de superávit primário consolidado de 2016 equivalente a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto).
O pacote têm como âncora a proposta de recriação da CPMF, que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional num momento de grave crise política.