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Brasil já concede mais vistos de refugiados a sírios que países europeus

Ao todo, 2.077 sírios que conseguiram o refúgio no Brasil desde que o país entrou em conflito

Brasil|

Na Hungria, refugiados se aglomeram para pegar uma condução para outro país europeu
Na Hungria, refugiados se aglomeram para pegar uma condução para outro país europeu Na Hungria, refugiados se aglomeram para pegar uma condução para outro país europeu

Hania Alkhateb, de 25 anos, diz sentir-se privilegiada por sua filha ter nascido no Brasil, longe da guerra da Síria, mas ainda sonha com o dia em que seu país vai voltar a ter paz para que possa regressar com Zena Salha, de 4 meses.

— Ela é brasileira, mas seu país é a Síria. Quero que ela cresça lá, mas só voltamos quando tiver paz.

Hania é um dos 2.077 sírios que conseguiram o refúgio no Brasil desde que o país entrou em conflito.

Os sírios são o povo com mais refugiados reconhecidos no Brasil. Há dois anos, o Conare

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(Comitê Nacional para Refugiados), do Ministério da Justiça, publicou uma normativa, facilitando a concessão de vistos a imigrantes da Síria, com isso o país se tornou uma das principais alternativas para as famílias que fogem dos conflitos.

O Brasil já concedeu mais refúgios para sírios do que países do sul da Europa, que recebem grande contingente de imigrantes ilegais pela facilidade geográfica. A Espanha, por exemplo, só concedeu refúgio para 1.335 sírios, a Itália para 1.005 e Portugal para 15, segundo a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia.

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"Além da questão humanitária, o que já seria motivo suficiente para facilitar a acolhida dessas pessoas, o Brasil está cumprindo com seus compromissos internacionais e sua legislação nacional ao dar refúgio para quem necessita. Assim como nós buscamos melhores condições de vida, essas pessoas têm na imigração a única possibilidade de viver, elas foram obrigadas a sair de seus países", disse Beto Vasconcelos, presidente do Conare.

Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil concedeu 10,4% mais pedidos de refúgios do que em todo o ano passado. Já são 8.400 refugiados em 2015; no ano passado, foram 7.609. Depois da Síria os países que mais conseguiram refúgio brasileiro foram Angola (1.480) e República Democrática do Congo (844), ambos com conflitos políticos internos.

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Perfil

Os refugiados no Brasil, segundo o relatório do Conare, são na maioria homens (70,7%) e com idade entre 18 e 39 anos (65 6%). No entanto, entre os refugiados ainda há 19% de menores de 17 anos.

Pedro Dallari, diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP e um dos especialistas que elabora a proposta de anteprojeto de Lei de Migrações e Promoção dos Direitos dos Migrantes no Brasil, disse que os sírios que migraram para o Brasil nos últimos dois anos são de famílias com maior poder aquisitivo e com maior grau de escolaridade.

— Quem vai para a Europa sabe que naqueles países há uma melhor acolhida, com ajuda financeira e abrigos. Já no Brasil eles vão precisar batalhar mais, para conseguir se manter.

É o caso da família de Hania. O pai, Bahaa, era dono de uma construtora na Síria, mas viu os negócios falirem com a guerra. "Vendi nossos móveis, roupas e colchões para pagar as passagens de todos (cerca de U$ 800 para cada um dos sete integrantes da família). Quando chegamos ao Brasil, tinha apenas U$ 29 na carteira e nenhum lugar para ir. Um funcionário do aeroporto que nos indicou ligar para uma ONG", contou Bahaa. A família está há um ano no Brasil e mora na sede da ONG Livro Aberto, em Guarulhos.

Brasil acolhe mais sírios que países na rota europeia de refugiados

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Ao contrário da irmã, Akram, de 21 anos, não pensa em voltar para a Síria, onde cursou um ano de Medicina, mas precisou abandonar os estudos.

— Vou prestar vestibular para recomeçar Medicina. Quero ficar aqui no Brasil, montar meu consultório e dar uma boa vida para os meus pais.

O sonho de Akram é se tornar oftalmologista. Antes de vir para o Brasil, a família ainda tentou viver por um ano de forma ilegal no Egito e por sete meses na Mauritânia.

— Não éramos bem aceitos. No Egito, por exemplo, não aceitavam que um sírio estudasse nas faculdades. No Brasil é diferente, as pessoas nos acolheram. Todos os sírios querem ir para a Europa, mas aqui é que podemos ter futuro.

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