Convocação do ministro Jaques Wagner será votada na primeira semana de fevereiro
Valter Campanato/06.01.2015/Agência BrasilInstaurada em 12 de agosto do ano passado, a CPI dos Fundos de Pensão deve ganhar força com a convocação do ministro chefe da Casa Civil Jaques Wagner. A convocação do ministro, flagrado em conversas que indicam suposta atuação na intermediação de negócios entre a empreiteira OAS e fundos de pensão, deve ser votada pela comissão já na primeira semana de trabalhos, no início de fevereiro.
O prazo inicial da CPI dos Fundos de Pensão era 22 de dezembro, mas com o volume de trabalhos a comissão conseguiu a prorrogação do prazo até 19 março. Com as novos indícios de envolvimento de membros do governo nos fundos, o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-AL) acredita que o prazo pode ser prorrogado até maio.
— Acredito que será necessário [prorrogar mais uma vez o prazo]. Isso porque já detectamos o mesmo modus operandi do Petrolão nos fundos de pensão: aparelhamento das diretorias, tráfico de influência e direcionamento dos negócios já foram detectados. O déficit desses fundos supera R$ 25 bilhões e a face mais cruel é que esse dinheiro é dos aposentados.
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Para o deputado, os investimentos dos fundos em empresas que têm como cotistas a OAS já são indícios de um eventual tráfico de influência.
— Os fundos, que estão deficitários, investiram mais de R$ 3 bilhões em empresas que têm a OAS como cotistas, como é o caso da Invepar. Por isso a CPI está passando um pente-fino nesses investimentos.
Outros indícios de aparelhamento, segundo o deputado, são as diretorias dos quatro maiores fundos de pensão do País: três são dirigidos por filiados do PT (Funcef, da Caixa, Postalis, dos Correios e Petros, da Petrobras).
— Essas escolhas são das estatais que são controlados pelo governo. E nas decisões de investimentos dos fundos os diretores indicados politicamente têm quatro votos e os diretores indicados pelos funcionários das empresas têm três votos. A votação do Funcef que autorizou investimentos na Invepar, por exemplo, teve três votos contrários dos indicados pelos funcionários da Caixa, e quatro votos favoráveis dos indicados politicamente.
Ligação Wagner - OAS
De acordo com reportagem publicada neste final de semana, informações obtidas por investigadores da Operação Lava Jato com celular do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, indicam suposta atuação de Wagner na intermediação de negócios entre a empreiteira e fundos de pensão.
Meses após Pinheiro afirmar em mensagens que precisaria de "JW (em referência a Wagner) na aprovação final" de um negócio, a diretoria executiva da Funcef aprovou a compra de cotas de até R$ 500 milhões em um fundo da OAS.
CPI dos Fundos de Pensão
A CPI já ouviu Pedro Barusco e os diretores do Funcef Carlos Caser e Carlos Borges, que podem ser convocados novamente.
O Funcef, fundo de pensão dos servidores da Caixa Econômica Federal, é o terceiro maior fundo do País, com patrimônio de R$ 54,3 bilhões em 2014.