A secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e o diretor do Butantan, Dimas Covas
Montagem/ Agência Senado e AFPA quarta semana da CPI da Covid, com depoimentos do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, trouxe novos depoimentos contra o governo Bolsonaro por recusar ofertas de vacinas e contradições entre integrantes do ministério da Saúde sobre o colapso em Manaus.
Na terça-feira (24), além de defender o tratamento precoce contra a covid-19, a secretária Mayra Pinheiro deu uma versão diferente sobre a falta de oxigênio em Manaus da que foi apresentada pelo o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aos senadores.
Ela disse ter sido informada pela primeira vez da gravidade da questão no dia 7 de janeiro, através de email da empresa White Martins, enquanto o militar disse só ter sido comunicado no dia 10 em seu depoimento.
A versão de Pazuello, que será reconvocado à CPI, é diferente da apresentada pelo próprio governo Bolsonaro no curso da investigação aberta pela Polícia Federal sobre o colapso em Manaus pela explosão da pandemia. Em documento enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a AGU (Advocacia Geral da União) também afirmou que a pasta soube da falta de oxigênio no dia 7 daquele mês.
Perguntado pelos senadores sobre a diferença, o militar atribuiu a informação ao erro de um servidor do ministério da Saúde, e disse ter agido desde o dia 7 para impedir a crise no local.
Na quarta-feira (26), os senadores se reuniram para votar requerimentos de novas convocações à CPI. Acabaram sendo convocados nove governadores e o ex-chefe do Executivo do Rio, Wilson Witzel.
Entre os governadores em exercício estão Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Mauro Carlesse (PSL), de Tocantins; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, Antônio Oliveira Garcia de Almeida (PSL), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Marcos José Rocha (PSL), de Rondônia; e Wellington Dias (PT), do Piauí.
Na longa lista de novos convocados estão também Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência da República, o empresário Carlos Wizard, Paulo Baraúna, diretor da companhia White Martins (empresa ligada à falta de oxigênio em Manaus).
Em seu depoimento, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o governo não respondeu a ofertas do laboratório para a compra e produção da Coronavac, que foram feitas ainda em julho de 2020.
Em agosto daquele ano, o Butantan pediu ajuda ao Ministério da Saúde para bancar os custos do estudo do desenvolvimento da CoronaVac no Brasil e recursos para construir uma nova fábrica de imunizantes, o que não foi aceito, segundo Covas.
Em 7 de outubro, o Butantan ofereceu 100 milhões de doses, sendo que 46 milhões seriam produzidas até o fim de 2020. Covas citou ainda que ouviu do ex-ministro Eduardo Pazuello, na reunião com os governadores em outubro do ano passado na qual o titular da pasta anunciou a compra de 46 milhões de doses da Coroanvac, que esse imunizante seria "a vacina do Brasil".
Logo após esse ato, Pazuello foi obrigado a voltar atrás, por ordem do presidente Jair Bolsonaro, relatou o diretor. "Isso mudou a perspectiva no próprio ministério. Todas as negociações que haviam, com trocas de equipes técnicas, trocas de domcumentos, a partir desse momento foram suspensas."
A próxima semana terá dois depoimentos. O primeiro, na terça-feira (1º), trará a médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. A médica está como convidada e não convocada. No dia seguinte, na quarta-feira (2), haverá debate técnico com especialistas.
O resto do calendário da CPI também está definido para todo o mês de junho.