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Cunha se aproveitou de fragilidade do governo para impor agenda ao Planalto

Em 5 meses, deputado deu 5 demonstrações de força que mudaram cenário político do País

Brasil|Sandro Guidalli, do R7, em Brasília

Com influência ideológica e partidária em grande parte de deputados, Cunha conseguiu impor agenda ao Planalto
Com influência ideológica e partidária em grande parte de deputados, Cunha conseguiu impor agenda ao Planalto Com influência ideológica e partidária em grande parte de deputados, Cunha conseguiu impor agenda ao Planalto

Em cinco meses no comando da Câmara, desde o início de fevereiro, Eduardo Cunha se tornou o principal calo no sapato do governo. As relações entre eles nunca foram muito boas, principalmente depois que o parlamentar se tornou líder da bancada peemedebista na Câmara em 2014.

Para unir a bancada em torno de sua liderança e preparar sua campanha à presidência da Casa, o deputado subiu o tom desafiador que pregava independência do Planalto ao mesmo tempo em que costurava apoio dentro e fora da própria legenda.

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Os problemas do governo, com as manifestações nas ruas e a crise econômica logo em seguida, ajudaram Cunha a se estabelecer como um aliado mais opositor do que cúmplice. O figurino de oposição caiu-lhe bem enquanto a popularidade da presidente Dilma despencava, o apoio no Congresso ao governo diminuía e a agenda política do País passou a ser ditada pelo PMDB, não só na Câmara mas também no Senado, sob a presidência de Renan Calheiros.

Ambos, aliás, garantem os amigos, apesar das faíscas, nunca desafinaram e, como lembra um deputado petista citando Ulysses Guimarães, até a raiva entre eles é combinada.

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Os "sapos" disparados por Eduardo Cunha em direção à garganta do governo começaram com sua própria eleição, ao vencer o candidato do Planalto, Arlindo Chinaglia (PT-SP), por uma diferença de 131 votos. Dois dias depois de eleito, em 3 de fevereiro, o novo presidente instalou a CPI da Petrobras na Câmara, em substituição à CPI Mista que funcionou no Senado no ano anterior.

Além de acelerar a continuidade das investigações, Cunha determinou que os ministros de Estado teriam de prestar contas aos deputados em sabatinas semanais nas comissões da Câmara.

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Um dos ministros, aliás, não resistiu ao embate. Cid Gomes, então titular da Educação, acabou demitido depois de desafiar Eduardo Cunha no plenário para onde havia sido convocado a explicar as polêmicas declarações sobre a existência de “deputados achacadores”.

O episódio foi um dos maiores desgastes do governo com a Câmara e terminou com uma vitória moral de Cunha sobre Gomes, irmão de outro de seus maiores inimigos, o ex-deputado, ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes.

Em dezembro de 2009, num conflito escancarado com Cunha em Plenário sobre os royalties da Petrobras, Ciro disparou: “Fechem a Câmara e a entregue à vontade do senhor Eduardo Cunha. Feche a Câmara e pergunte o que o deputado Eduardo Cunha quer para o Brasil, neste e em qualquer outro assunto”.

O paulatino enfraquecimento do governo continuou abastecendo as divergências na maioria das vezes resolvidas de forma favorável ao deputado. Como lembram deputados ouvidos pelo R7, o poder de Cunha nasce em grande medida pela vulnerabilidade da presidente Dilma e do PT e não apenas pelo seu inegável talento de articulador de afinidades ideológicas e políticas.

Na noite da terça-feira, 5 de maio, ao perceber o grande número de parlamentares em plenário e inverter a ordem da pauta de votações, Eduardo Cunha conseguiu aprovar a PEC (proposta de emenda à Constituição) que amplia de 70 para 75 anos a aposentadoria compulsória de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A chamada “PEC da Bengala” tira da presidente Dilma a prerrogativa de indicar mais cinco novos ministros até o final de seu mandato. Cunha foi chamado de “imperador” pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), inconformado com a manobra.

O último embate do semestre pode se dar no último dia dele, 30 de junho. O presidente da Câmara promete colocar a PEC da redução da maioridade penal em votação. O governo e o PT são contra a medida e até mesmo deputados do próprio PMDB criticam a rapidez com que o tema vem sendo debatido na Câmara.

Faltas 

Depois de prometer o "Parlashopping" e de aumentar as verbas indenizatórias às quais os congressistas têm direito, Cunha também se impôs ao decidir restringir as justificativas para as faltas nas votações.

Na primeira reunião da Mesa Diretora comandada por ele em fevereiro, decidiu-se que os deputados terão as faltas abonadas apenas por razões médicas ou quando estiverem em missões oficiais fora de Brasília. 

A medida, entretanto, foi suavizada em junho. Cunha decidiu abonar a ausência dos deputados do Nordeste que participaram das tradicionais Festas Juninas em seus Estados.

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