Eduardo Cunha criticou Cid Gomes
Luis Macedo/05.03.2015/Câmara dos DeputadosO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avalia que a decisão do Planalto, de aceitar o pedido de demissão do ministro da Educação Cid Gomes (PROS), demonstrou respeito ao poder Legislativo.
Cid entregou o cargo depois de, no plenário da Câmara, bater boca com deputados da base governista, classificados como "achacadores" do Planalto pelo ex-ministro (veja vídeo abaixo).
De acordo com Cunha, a presidente Dilma Rousseff deve ter percebido que escalou mal o seu ministério.
— O ministro Cid Gomes demonstrou total desrespeito a esta Casa, se mostrou desqualificado para o cargo. Acho que a presidente agiu bem. O governo provavelmente teve a consciência que a sua escolha foi equivocada.
Mesmo comemorando o desligamento de Cid Gomes do cargo, o presidente da Câmara garante que o seu partido, o PMDB, não tem nenhum interesse em chefiar o Ministério da Educação. De acordo com Eduardo Cunha, os peemedebistas não devem indicar nenhum nome.
— O PMDB não pediu a demissão para ocupar o cargo do ministro. Pediu foi respeito ao Parlamento. [...] A presidente escolhe quem ela entende que é melhor para ocupar. O PMDB não tem nenhum interesse nisso.
Refém
A oposição acredita que a demissão do ministro, após o PMDB ameaçar deixar a base se Cid Gomes continuasse no cargo, revela que a presidente Dilma está “refém” do partido.
Na avaliação do líder da minoria na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSBD-PE), o problema na base aliada do governo é “mais um tempero” na crise que o Executivo enfrenta.
— O PMDB mandou um recado à presidente. A presidente, refém dessa coalizão e inabilidosa na construção de sua base de apoio, resulta em mais um tempero a um governo que inicia com cara de fim de governo.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), autor do requerimento que pediu a convocação de Cid Gomes para se explicar na Casa, acredita que o episódio da demissão de Cid Gomes revela que a base de apoio ao governo está “desmoronada”.
— O ministro disse textualmente que existiam 400 achacadores e demarcou espaço, que era da base do governo. Se assim ocorre, evidentemente que não tinha clima para continuar. Ou ela demitia, ou a base do governo estava completamente desmoralizada. É um desgaste completo, a relação da base está completamente desmoronada.
Constrangimento
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirma que vai se manter em silencio porque o ministro é de seu Estado.
— Sobre o ministro eu não vou falar. Pergunte aos outros líderes. O Cid é do Ceará, eu vou me dar o direito de não falar sobre isso.
Coube ao líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), sair em defesa da presidente Dilma. O parlamentar lamentou a demissão de Cid, mas afirmou que o resultado é consequência de um problema pessoal do ministro com o PMDB.
— O ministro, todos já conhecem que tem uma posição firme nas suas convicções. Na forma que ele se reportou, toda a Câmara de um modo geral ficou entristecida, não gostou daquilo, e culminou com esse resultado, infelizmente. É um pensador, um grande líder do Brasil. Terminou dessa forma, paciência.
Confira vídeo do bate-boca entre Cid e parlamentares: