A previsão econômica da presidente Dilma Rousseff para o Brasil em 2015 é de “medidas drásticas” para controle de gastos. Mesmo assim, ela garante que nenhum programa social será afetado pelo arrocho. As declarações foram dadas nesta segunda-feira (22) durante café da manhã de confraternização com a imprensa, no Palácio do Planalto, em Brasília, quando ela também fez uma previsão otimista de retomada do crescimento do País.
— Você tem sempre um movimento cíclico e nós temos de retomar [o crescimento]. Para isso, nós temos de fato de fazer algumas medidas mais drásticas. Não significa, em hipótese alguma, que nós vamos reduzir os programas sociais. É compatível no Brasil o que nós estamos fazendo e os programas sociais. Nós teremos de ter um controle maior sobre outros gastos. E teremos de fazer algumas reformas.
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Mesmo confirmando que serão feitos cortes, a presidente negou que o ajuste nas contas será da ordem de R$ 100 bilhões, como chegou a ser noticiado pela imprensa especializada.
Segundo Dilma, o governo ainda não fez essa conta e não é possível saber o valor do corte que será feito no Orçamento do ano que vem.
— Esse número me foi apresentado pela imprensa, portanto não é oficial. Esses R$ 100 bilhões é um chute. Ninguém fez essa conta. Não pode ter pressa, isso [o corte] não foi formatado. Não vou discutir economia ou as medidas que eu vou tomar de forma teórica. Seria uma irresponsabilidade.
Bancos privados na economia
A presidente se mostrou otimista ao afirmar que o “Brasil tem futuro” e que a população vai assistir à recuperação da economia nos próximos anos. Segundo ela, a inflação não saiu do controle e o governo está tomando todas as providências para aumentar a produtividade do País.
Sem antecipar nenhuma medida, Dilma apenas confirmou um direcionamento que havia sido sinalizado pela nova equipe econômica do governo, de que será necessário reduzir o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) em financiamentos. De acordo com a presidente, é preciso aumentar a participação dos bancos privados.
— No Brasil é fundamental que não seja só uma missão dos bancos públicos o empréstimo de longo prazo. Temos bancos privados fortes [...] nós queremos, cada vez mais, que os bancos privados participem. Fica muito difícil só o setor público, para nós [governo] e para o País. Fica mais caro para o País.
Rússia
Dilma Rousseff também comentou a crise do petróleo na Rússia, que culminou na desvalorização da moeda russa (rublo) e subiu o valor do dólar para R$ 2,74 no Brasil, na última terça-feira (16). Mesmo com os problemas no preço do petróleo, a presidente não acredita que a Rússia vá enfrentar uma nova crise financeira, como a de 1998. Ela também avalia que os problemas russos não vão afetar os Brics – grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
— A Rússia tem reservas suficientes para aguentar essa flutuação. Não acho que os Brics vão ter grandes problemas. O problema dos Brics não é financeiro, todos [os países] têm reservas.
No entanto, a presidente admitiu que todas as economias emergentes “estão com problemas” devido a um processo de crise mundial que está durando mais tempo que o esperado e que levou a uma redução “brutal” da demanda internacional.