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Empresário brasileiro Hawilla tem papel central em investigação de corrupção no futebol

Brasil|

Por Brad Haynes

SÃO PAULO (Reuters) - Para ajudar a formalizar as acusações de corrupção contra alguns dos homens mais poderosos no futebol mundial, procuradores dos Estados Unidos convenceram um importante empresário brasileiro dos esportes a confessar uma vida ligada ao dinheiro, futebol e corrupção.

José Hawilla, de 71 anos, fundador da companhia de marketing esportivo Traffic, passou décadas conectando dirigentes do futebol com ganho de receitas de emissores e direitos de propaganda, enquanto se esquivava de investigações de parlamentares e promotores no Brasil.

Por conexões no alto comando do esporte, Hawilla negociou acordo televisivos para os maiores torneios sul-americanos desde 1991, junto com quase meio bilhão de dólares de acordos de patrocinadores, incluindo Nike e Coca-Cola.

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Suas grandes comissões eram divididas como propina para autoridades do futebol no Brasil e pelas Américas, disse Hawilla a investigadores norte-americanos como parte de uma delação premiada, no qual também aceitou devolver 151 milhões de dólares.

Em uma acusação feita pelo Departamento de Justiça na quarta-feira, Hawilla era um dos quatro réus condenados que ajudaram investigadores norte-americanos a construírem seu caso contra 14 autoridades do futebol e executivos do marketing esportivo acusados de orquestrar mais de 150 milhões de dólares em propinas e comissões.

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Um advogado de Hawilla disse ao jornal Folha de S.Paulo que ele se declarou culpado, continuou livre nos Estados Unidos e estava cooperando com os investigadores. É incerto exatamente quais informações ele passou às autoridades dos EUA.

A declaração de culpa de Hawilla e as acusações de corrupção dos EUA contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF, criaram esperanças no Brasil de que os grandes nomes do esporte estavam finalmente ao alcance da Justiça.

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"Por muito tempo, Hawilla era tão grande quanto possível em seu negócio, e sua influência ainda é grande", disse Pedro Daniel, assessor do Bom Senso FC, grupo de jogadores e ex-jogadores de futebol que tentam uma reforma no esporte. "É só a ponta do iceberg", acrescentou.

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HAWILLA X PELÉ

Apresentador de televisão nos anos 1970, Hawilla usou sua relação próxima com Ricardo Teixeira, que comandou a CBF por 23 anos antes do mandato de Marin (2012 a 2015), para comprar uma pequena companhia de letreiros de publicidade em 1980 e transformá-la em uma das cinco maiores agências de marketing esportivo do mundo.

A Traffic ultrapassou as fronteiras do Brasil, negociando direitos de marketing para a Fifa e se expandindo para os EUA. O presidente do grupo Traffic nos EUA, Aaron Davidson, também está entre os indiciados na quarta-feira.

No Brasil, Hawilla conseguiu no mundo dos negócios o que poucos poderiam fazer em campo: tirar Pelé do jogo.

Quando a agência de marketing do tricampeão mundial perdeu um contrato para um torneio de futebol brasileiro no início dos anos 1990, Pelé disse à revista Playboy em entrevista que perdeu para a Traffic por conta da corrupção.

Teixeira processou Pelé, que foi colocado de lado nos negócios da CBF e ficou fora das cerimônias da Copa do Mundo de 1994, quarto título do Brasil.

Teixeira e Hawilla não puderam ser encontrados para comentários. Um porta-voz de Pelé não respondeu a um pedido de comentário.

Em 1996, a Traffic também negociou um acordo de 369 milhões de dólares entre a Nike a seleção brasileira, na época um dos maiores patrocínios já vistos, o que ajudou a companhia esportiva norte-americana a superar a rival Adidas na indústria mundial do futebol.

Uma investigação do Senado em 2000 descobriu que a Traffic recebeu 5 por cento de comissão no acordo com a Nike, fazendo milhões por um papel intermediário, visto pelos senadores como desnecessário.

Hawilla pagou metade do dinheiro que obteve em um patrocínio com uma marca esportiva em 1996 para uma "grande autoridade da CBF" não nomeada, de acordo com as acusações divulgadas por procuradores norte-americanos na quarta-feira, com base no depoimento de Hawilla.

A acusação não nomeou a Nike, mas os detalhes batem com o acordo de 1996. A Nike disse na quarta-feira que estava cooperando com as autoridades nas acusações.

A Traffic também teve papel intermediário no acordo de 8 milhões de dólares da Coca-Cola com a CBF em 1994, levando 20 por cento do contrato, de acordo com a investigação do Senado.

Transmissões e direitos de marketing para competições internacionais eram mais lucrativas que eventos brasileiros, abrindo mais espaços para grandes propinas, de acordo com procuradores dos EUA.

Eles afirmam que a Traffic e seus parceiros pagaram 100 milhões de dólares em propina para dirigentes do futebol da América do Sul para um contrato de 2013 assegurando direitos para a Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023.

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