Acusados de obstrução da Justiça, senadores Renan Calheiros e Romero Jucá tiveram a prisão pedida pelo procurador da República
Wilton Junior/Estadão ConteúdoO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de terem tentado obstruir a operação Lava Jato, segundo reportagem do jornal O Globo nesta terça-feira (7).
No caso de Sarney, que tem 86 anos, o pedido de Janot seria de prisão domiciliar em razão da idade avançada, mas o ex-presidente da República teria que usar uma tornozeleira eletrônica. As informações foram confirmadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com informações da TV Globo, o procurador-geral da República também pediu a prisão do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Conforme a emissora, a decisão do ministro Teori Zavascki de afastá-lo do cargo, no mês passado, não foi suficiente porque ele ainda tem poder de interferir no andamento dos trabalhos na Casa.
O advogado que defende Renan, Jucá e Sarney, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, os três “estão perplexos, mas confiantes de que talvez não seja sequer verdade isso. É claro que tem a perplexidade porque imagina uma gravação daquelas, sobre as conversas que vazaram, não justificaria nunca uma tentativa de obstrução”.
Os pedidos de prisão de Renan, Jucá e Sarney têm como base conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e um filho dele no âmbito de acordos de delação premiada com as autoridades da Lava Jato, e estão nas mãos do ministro do STF Teori Zavascki, de acordo com o jornal.
O jornal afirma que a fonte da informação é um interlocutor de um ministro do STF, que não foi identificado. Segundo a fonte citada pelo jornal, Renan, Sarney e Jucá planejavam derrubar toda a Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve principalmente a Petrobras, empreiteiras e políticos.
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As gravações feitas por Machado de conversas com seus ex-aliados do PMDB representam a maior crise até o momento do governo do presidente interino Michel Temer, que já perdeu dois ministros por conta dos vazamentos dos áudios em menos de um mês de administração.
O senador Jucá perdeu o cargo de ministro do Planejamento ao ser flagrado supostamente sugerindo que uma troca no governo federal, com a saída da agora presidente afastada Dilma Rousseff, resultaria em pacto para frear os avanços da Lava Jato. Depois, Fabiano Silveira deixou o comando do Ministério da Transparência devido ao vazamento de declarações dele criticando a operação, em uma conversa com a presença de Renan.
Em sua delação, Machado também afirmou que pagou R$ 70 milhões em propina de contratos da Transpetro para Renan, Jucá e Sarney, entre outros líderes peemedebistas, segundo reportagens publicadas no fim de semana. Os peemedebistas citados têm negado repetidamente qualquer irregularidade.
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