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Jornalista do New York Times lista os 7 'mandamentos' das fake news

Editor que estudou campanha de desinformação feita pela União Soviética contra os EUA diz que táticas se repetem com novas tecnologias

Brasil|Márcio Pinho, do R7

Adam B. Ellick, produtor de vídeos sobre fake news contra os EUA
Adam B. Ellick, produtor de vídeos sobre fake news contra os EUA Adam B. Ellick, produtor de vídeos sobre fake news contra os EUA

As campanhas de desinformação com o uso de fake news acontecem pelo menos desde os anos 80 e têm técnicas parecidas, mudando apenas a tecnologia. É o que defende o jornalista do "The New York Times" Adam Ellick, criador da série de vídeos “Operação Infektion”, que mostrou as táticas do governo soviético para criar informações falsas sobre os Estados Unidos pelo mundo durante a Guerra Fria.

Ellick participou na última sexta-feira (28) do 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo, e listou os 7 “mandamentos” das fake news. As táticas incluem intensificar polarizações na sociedade, criar mentiras recheadas de dados verdadeiros e ser paciente, já que as campanhas dão mais resultado no longo prazo (veja detalhamento abaixo).

“Já detectamos essas técnicas em dezenas de campanhas pelo mundo ao longo dos anos. Se alguém que desinformar, normalmente adota algumas ou todas elas”, disse ao R7.

Vencedor de alguns dos principais prêmios do jornalismo, como Pulitzer e Emmy, por seus trabalhos como correspondente internacional, o jornalista afirma que as campanhas de desinformação atingem todas as correntes ideológicas. O uso do Whatsapp como ferramenta de disseminação no Brasil é semelhante ao uso de outros aplicativos em outros países, explica.

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Em seus documentários, Ellick entrevistou ex-agentes da KGB que relataram as táticas de desinformação. Uma das principais ações do órgão de inteligência soviético foi espalhar a informação de que os EUA tinham produzido o vírus da Aids em laboratório como arma de guerra. A estratégia durou seis anos e alcançou cerca de 200 publicações em 80 países.

O jornalista citou também como exemplo de campanha de fake news a informação que tomou conta dos veículos e das redes sociais em 2016, durante a campanha presidencial americana, dando conta de que a candidata Hillary Clinton seria líder de uma rede de prostituição e tráfico infantil. Os abusos aconteceriam no porão de uma pizzaria, e o caso ficou conhecido como “Pizzagate”.

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Veja abaixo os sete mandamentos das fake news listados por Ellick:

1 – Aumentar divisões na sociedade

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O interessado em produzir uma campanha de desinformação procura intensificar a polarização em assuntos que são considerados “feridas” na sociedade. Pode por exemplo explorar divisões econômicas, sociais, demográficas, linguísticas, regionais, étnicas etc. O objetivo é realçar essas diferenças, aumentar o nível de tensão e fazer com que um grupo confie cada vez menos no outro.

2 - Inventar uma grande mentira

Criar fatos que chamem a atenção e que possam parecer absurdos à primeira vista, mas que diminuem o nível de desconfiança justamente por serem algo que as pessoas acham que ninguém inventaria.

3 – Misturar com a verdade 

A estratégia é “rechear” o fato mentiroso com vários pequenos dados verdadeiros que dão credibilidade ao tema e podem ser destacados caso o fato seja questionado.

4 – Esconder a origem

É preciso fazer as notícias circularem sem que seu autor real seja conhecido.

5 – Encontrar “idiotas úteis” 

É como o jornalista define pessoas que vão se encarregar de espalhar as fake news.

6 – Negar 

Caso o responsável por criar a fake news seja acusado de ser o autor do fato, a estratégia é negar até o fim.

7 – Trabalho de longo prazo 

Trata-se de uma campanha para aos poucos mudar a percepção das pessoas sobre a realidade. A conta-gotas, com base na ideia de que muitos fatos acumulados ao longo de um período maior têm maior impacto nas opiniões, diferentemente de fatos isolados e sem continuidade.

Leia mais: Congresso vai criar CPI mista para investigar fake news nesta semana

Congresso

O 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo foi realizado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) entre os dias 27 e 30 de junho em São Paulo.

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