Marcelo Odebrecht (direita) está preso desde 19 de junho e foi levado ao Complexo Médico Penal de Pinhais, na Grande Curitiba
Brunno Covello/25.07.2015/Agência Gazeta do Povo/Estadão ConteúdoO juiz Sérgio Moro, responsável pelos desdobramentos jurídicos da Operação Lava Jato na Justiça Federal, atendeu ao MPF (Ministério Público Federal) e aceitou denúncia contra o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e outros 12 presos pela PF (Polícia Federal).
Todos são acusados da prática dos crimes de corrupção (ativa e passiva) e/ou lavagem de dinheiro envolvendo pagamentos de propina com dinheiro desviado de contratos de empreiteiras com Petrobras.
Moro afirma, em sua decisão, que Marcelo Odebrecht "seria o Presidente da holding do Grupo Odebrecht e estaria envolvido diretamente na prática dos crimes, orientando a atuação dos demais, o que estaria evidenciado principalmente por mensagens a eles dirigidas e anotações pessoais, apreendidas no curso das investigações".
Além de Odebrecht, também são réus agora o doleiro Alberto Youssef, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Bernardo Shiller Freiburghaus, Celso Araripe D'Oliveira, Cesar Ramos Rocha, Eduardo de Oliveira Freitas Filho, Márcio Faria da Silva, Paulo Roberto Costa, Paulo Sérgio Boghossian, Pedro José Barusco Filho, Renato de Souza Duque e Rogério Santos de Araújo.
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Em seu despacho, Moro afirmou que “grandes empreiteiras do Brasil, especificamente a OAS, Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, IESA, Engevix, SETAL, GDK e Galvão Engenharia, teriam formado um cartel”.
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Por meio desse grupo, continua o magistrado, “por ajuste prévio, teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petrobras para a contratação de grandes obras, e pagariam sistematicamente propinas a dirigentes da empresa estatal calculadas em percentual sobre o contrato”.
— Foram colhidas provas [...] de um grande esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A — Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal.
Na última sexta-feira (24), o MPF do Paraná denunciou Marcelo Bahia Odebrecht o chefe da Andrade Gutierrez, Otávio de Azevedo, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
Além deles, outros 20 envolvidos com o esquema de corrupção e pagamento de propina da Petrobras, entre executivos das empreiteiras, ex-diretores da petroleira e doleiros, também foram denunciados.
Prisões
Marcelo Odebrecht foi preso pela PF (Polícia Federal) no dia 19 de junho juntamente com o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo — as duas maiores empreiteiras do País.
Ao lado de outros presos da Lava Jato, eles foram levados para a carceragem da PF em Curitiba, mas, no último sábado (25), foram transferidos para o Complexo Médico de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.