Lula presta esclarecimentos sobre suposta obstrução da Justiça
Adriano Machado/12.01.2017/ReutersO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (14), em interrogatório na Justiça Federal em Brasília, que é inocente após acusação de atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.
O petista é acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Logo após a denúncia ser lida pelo juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, no começo da audiência em Brasília, Lula afirmou: “Os dados são falsos. Eu faço política desde os 23 anos de idade".
Lula, presidente brasileiro de 2003 a 2010, é um dos líderes nas pesquisas à Presidência da República em 2018, mas enfrenta acusações de corrupção que podem barrar sua participação no pleito.
No depoimento, Lula afirmou ainda que sua relação com Delcídio do Amaral, senador cassado, "era institucional”, e que não tem motivos para se preocupar com a delação de Cerveró.
— Só tem um brasileiro que poderia ter medo de uma delação do Cerveró, que é o Delcídio. Ele já tinha convivência com Cerveró antes do meu governo. Todo mundo sabia da relação histórica dos dois.
Lula disse que não tinha receio do depoimento de nenhum diretor da Petrobras porque não tinha relação com eles. "Estou aqui para responder toda e qualquer pergunta. Se tem um brasileiro que quer a verdade sou eu", declarou no início do interrogatório. Ele iniciou a sua fala relembrando a história do PT como partido político e conquistas do seu governo.
— Me ofende profundamente a acusação de que o PT seria uma organização criminosa.
Acusação
Em acordo de delação premiada, o senador cassado Delcídio do Amaral acusou Lula de ser o mandante da tentativa de impedir que Cerveró contasse o que sabia sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Delcídio ofereceu ao filho de Cerveró uma mesada de R$ 50 mil, que seria financiada por Esteves. O ex-senador disse ter procurado Maurício, filho de Bumlai, e obtido outros repasses em dinheiro vivo.
O interrogatório de Lula estava marcado para 17 de fevereiro. Após a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, mulher do petista, ocorrida no dia 3 de fevereiro, o juiz do caso adiou o depoimento do ex-presidente para hoje.
A audiência provocou mudanças no trânsito no entorno do prédio da Justiça Federal. Desde o início da manhã, a rua que dá acesso ao edifício está interditada para o tráfego de veículos.