Pimentel, Mujica, Dilma e Lula na festa de 35 anos do PT
Denilton Dias/Estadão Conteúdo
Lula abriu seu discurso nesta sexta-feira (6), na comemoração pelo aniversário de 35 anos do PT, em Belo Horizonte (MG), dizendo que não queria atrapalhar a festa. Ainda assim, o ex-presidente engrossou a voz e atacou a ação da Polícia Federal na nona fase da operação Lava Jato. Segundo ele, não seria necessário todo o aparato montado para encaminhar o tesoureiro João Vaccari Neto para prestar depoimento.
Na véspera do aniversário do partido, a PF chegou à casa do tesoureiro por volta das 6h com o mandado de condução coercitiva em mãos. Vaccari teria se recusado a atender os policiais, que tiveram então de pular o muro. Documentos e objetos da casa foram apreendidos e levados para a sede da instituição. Em depoimento, Vaccari disse que as contribuições foram recebidas de acordo com a lei e negou os US$ 200 milhões arrecadados com propina, como afirmou o delator Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras.
“Ontem (quinta-feira) fiquei indignado. Tem dia que a gente fica mais indignado que outros dias. Então tomei muito cuidado para não tentar repassar aqui a indignação que fiquei. Seria muito mais simples a Polícia Federal ter convidado nosso tesoureiro para se apresentar do que ir busca-lo em casa. Seria muito mais simples dizer que eles estão repetindo os mesmos rituais desde 2005”, disse Lula. “Existe uma criminalização do Partido dos Trabalhadores desde que chegamos ao poder. Eles trabalham com a convicção de que é preciso criminalizar o nosso partido. Não importa se for verdade ou não, o que importa é a construção da narrativa.”
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Ao lado do presidente do Uruguai José Mujica, a presidente Dilma Rousseff ouviu atentamente o discurso de Lula, mas quando tomou a palavra no Minascentro, na capital mineira, pouco falou sobre a operação Lava Jato ou mesmo a troca no comando da Petrobras. O Conselho de Administração escolheu nesta sexta Aldemir Bendine, ex-comandante do Banco do Brasil, para a presidência da petroleira.
Dilma citou a domínio da tecnologia do pré-sal e voltou a afirmar que todos devem acreditar na "mais brasileira das empresas". Ainda segundo a presidente, as portas devem ser fechadas para a corrupção, "mas não temos de fechar as portas para o crescimento, para o progresso e para o desenvolvimento".
"Nós não podemos aceitar que alguns querem colocar que a Petrobras é uma vergonha para o País. É fundamental que a gente não deixe se repetir nenhuma irregularidade na Petrobras. Apurar com rigor tudo de errado que foi feito e criar mecanismos que evitem que quaisquer fatos de irregularidades possam voltar a ocorrer", concluiu Dilma.