Para Marcos, Romildo, Marina e Vicente se aposentar não significou o início de uma fase só de descanso e diversão. De maneiras diferentes, esses quatro brasileiros deram novos rumos às suas vidas depois que deixaram o trabalho com carteira assinada.
Após 25 anos dedicados a um trabalho que lhe trazia risco de vida, Marcos Antônio Brisighello recebeu o benefício da aposentadoria. O perigo que enfrentou ao passar suas jornadas consertando linhas de transmissão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) lhe rendeu uma aposentadoria aos 43 anos. Com um rendimento mensal satisfatório, o ex-técnico em eletricidade poderia ter escolhido passar o resto dos seus dias no sofá. Mas ele tinha outros planos.
— Eu gostava do que eu fazia na Cesp, mas gostava mais ainda de construção. Graças a Deus, quando eu aposentei, já sabia o que ia fazer. Não fiquei nenhum dia fazendo nada. Saí da empresa na terça-feira e, na quarta, já estava na obra de um imóvel comercial que fiz na época.
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Isso foi em 1996. Hoje, aos 60 anos, Marcos estima já ter construído 35 imóveis. Alguns foram vendidos; outros, alugados. Há cerca de três anos, o ritmo de trabalho diminuiu porque ele enfrenta problemas de saúde, mas tijolos e cimentos ainda fazem parte de sua rotina.
História semelhante vive o empresário Romildo de Souza. Ex-gerente de assistência técnica, ele também se aposentou cedo, mas decidiu continuar por mais um tempo na empresa – a qual se dedicou por 37 anos - porque “com aposentadoria não se vive”. Em 2008, insatisfeito com uma mudança na diretoria da empresa, Romildo foi, finalmente, abrir o próprio negócio.
Assim como Marcos, Romildo conta que não ficou sem trabalhar nem mesmo um dia. Assim que saiu da empresa, recebeu uma ligação e viajou no mesmo dia para o Rio de Janeiro para fazer o conserto de uma máquina. Logo, fez outros serviços, construiu um galpão e hoje é dono de uma empresa que trabalha com fabricação de máquinas. E já tem planos de ampliar os negócios.
— Trabalho muito, não tem muito tempo para outras coisas, mas meus clientes estão satisfeitos. Se eu parar, enferrujo. Enquanto tiver com a disposição que tenho hoje, vou continuar.
Novas habilidades
Apesar de terem decidido não continuar com uma atividade remunerada, Marina Reigota Pacheco e Vicente Vitoriano da Silva são dois aposentados que mantém vidas ativas. Os dois optaram por uma rotina menos estressante e desenvolveram novas habilidades.
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Assim que se aposentou, Marina saiu de Sorocaba, no interior de São Paulo, onde criou os filhos, e voltou para sua cidade natal, a tranquila Itapetininga. Ela explica que foi buscar a proximidade das cinco irmãs e uma vida menos atribulada. Mas, aos 64 anos, a ex-funcionária de um laboratório, não quis ficar parada. Além das atividades da chácara que tem com o marido, Marina montou um curso de artesanato para a terceira idade.
— Fazemos enxovais e promovemos bazares para doação. Antes, quando ainda trabalhava, essa atividade era um lazer, hoje é um compromisso que assumi.
Já Vicente não assumiu compromisso com ninguém, além dele mesmo. Ex-gerente de banco, ele decidiu que trabalharia na empresa de um vizinho logo que cumprisse o “merecido descanso” após a aposentadoria. Mas a vida o levou para outro rumo.
— Passaram os meses de “férias” que eu me dei, mas acabei me acostumando com o ócio. Aí, resolvi aprender inglês e já conclui o curso.
Encantado com a nova língua, Vicente planeja aprender, por conta própria, três novos idiomas: italiano, espanhol e alemão. A dança, a música e o yoga também entraram na rotina do aposentado que descobriu, mesmo sem trabalho, quantas experiências novas a vida pode trazer.