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Moradores apontam melhorias após emancipação e temem fim de cidade

Habitantes de Torre de Pedra (SP) dizem que município melhorou após ficar independente e criticam proposta do governo federal

Brasil|Márcio Pinho, do R7

Ofélia Bueno, de 81 anos, que viu a cidade se transformar
Ofélia Bueno, de 81 anos, que viu a cidade se transformar Ofélia Bueno, de 81 anos, que viu a cidade se transformar

A aposentada Ofélia Bueno, umas das 2.412 pessoas que moram na cidade de Torre de Pedra, no interior de São Paulo, viu o município que tinha ruas de pedra e apenas dois lampiões a gás se transformar ao longo de seus 81 anos. Ela garante que o desenvolvimento jamais foi igual ao que ocorre desde 1991, após a cidade se emancipar de Porangaba e ganhar uma prefeitura, uma câmara de vereadores e passar a caminhar com perna próprias.

"Como bairro a gente ficava esquecido e não quer isso de novo", conta 

A cidade é uma das 1.254 com menos de 5 mil habitantes e que podem ser extintas, caso avance projeto do governo Jair Bolsonaro que prevê que cidades com essa população e menos de 10% de receita própria sejam absorvidas por municípios vizinhos. 

A ideia é criticada pela aposentada Ofélia, que guarda características muito comuns aos torrepedrenses. Ela frequenta a igreja presbiteriana, uma das várias na cidade que é a mais evangélica do estado, segundo o Censo 2010 do IBGE. 

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O templo fica na rua onde mora a aposentada, no núcleo urbano da cidade, hoje asfaltado e com todos os serviços básicos como água, luz e telefone. O posto de saúde também é próximo. "Se temos qualquer dor de cabeça, ele resolve bem. Se não, a ambulância leva a gente pra Botucatu. Funciona bem", conta ela que lembra que, há algumas décadas, o acesso a cidades médias da região como Tatuí era por carroça. 

Formação rochosa que dá nome à cidade
Formação rochosa que dá nome à cidade Formação rochosa que dá nome à cidade

Praça

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A cidade leva o nome de uma das atrações da região, uma elevação rochosa de cerca de 75 metros de altura na área rural que é um pequeno ponto turístico. A "Torre de Pedra" se localiza em meio a sítios e fazendas onde é praticada a pecuária, uma das principais atividades econômicas da região.

Apesar de algumas particularidades, a cidade possui também semelhanças com outras do interior brasileiro, como a praça central São Pedro, onde está localizada paróquia de mesmo nome. Nela, os moradores, boa parte aposentados, já que os jovens saem para trabalhar em outros locais, encontram um local de convívio para pôr a conversa em dia.

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Desde o dia 5 de novembro, quando o governo anunciou seu plano de extinguir municípios, a conversa principal é o risco de anexação. "Acabar com a cidade será um atraso de vida. Isso aqui é uma benção. O povo sofria muito quando dependia de Porangaba", afirma o aposentado Narciso Oliveira, de 89 anos.

Assim como a moradora Ofélia, Narciso guarda em sua história uma parte importante da cidade. Ele foi um dos trabalhadores da construtora Andrade Gutierrez que foram para a região participar da construção da rodovia Castello Branco a partir de 1963.

Narciso, que trabalhou na construção da Rodovia Castello Branco
Narciso, que trabalhou na construção da Rodovia Castello Branco Narciso, que trabalhou na construção da Rodovia Castello Branco

Narciso e outros moradores temem perda de qualidade de vida e "importar" problemas como a sensação de insegurança. Não há registro de homicídios dolosos desde 2004 em Torre de Pedra. Em 2018, foram apenas dois registros de furtos.

Serviços

Os moradores falam da evolução da cidade nos últimos anos, mas divergem quanto à qualidade dos serviços. Segundo a dona de casa Cleide Guedes, a unidade de saúde "sempre tem médicos disponíveis". A UBS dispõe de clínico-geral, pediatra, ginecologista e médico do trabalho, além de fisioterapeuta e psicólogo. "Evita de termos que ir longe", opina. 

Leia mais: Câmara custa 5 vezes arrecadação própria de cidade que pode acabar

Para a também dona de casa Márcia Lourdes da Silva, a cidade melhorou, mas os serviços ainda deixam a desejar. Ele afirma que algumas pessoas ainda morrem nos sítios, sem uma assistência rápida, e que a escola municipal precisaria de um prédio exclusivo, e não de um dividido com a escola estadual, como acontece atualmente.

Márcia Silva, que afirma que decisão precisa considerar o que for melhor para o crescimento
Márcia Silva, que afirma que decisão precisa considerar o que for melhor para o crescimento Márcia Silva, que afirma que decisão precisa considerar o que for melhor para o crescimento

A moradora diz não ter certeza sobre o melhor destino para a cidade. "Acredito que o importante é a região crescer. Seja como cidade ou não. Mas não podemos perder recursos", diz. 

Ameaçadas

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) realizou estudo sobre as cidades ameaçadas e encontrou 1.217 municípios na mira do governo. Veja a lista.

Raio-x de Torre de Pedra
Raio-x de Torre de Pedra Raio-x de Torre de Pedra

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