Dines comandou por quase 20 anos o programa Observatório da Imprensa
Rodrigo Ricardo/EBCO jornalista Alberto Dines, de 86 anos, morreu às 7h15 desta terça-feira (22), em São Paulo. A informação foi confirmada ao R7 pelo hospital Albert Einstein, onde ele estava internado. De acordo com a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), a causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
Dines comandou por quase 20 anos o programa Observatório da Imprensa, transmitido inicialmente pela TVE (TV Educativa do Rio de Janeiro) e depois pela TV Cultura e TV Brasil, com análises semanais sobre a cobertura da imprensa.
Jornalista, professor e escritor, Dines começou a carreira em 1952 na revista de cinema "A Cena Muda", trabalhando também para as revistas "Visão", "Manchete" e "Fatos e Fotos".
A partir da década de 1960, Dines consolidou sua carreira em jornais impressos, com passagens por "Última Hora", "Tribuna da Imprensa", "Diário da Noite" e "Jornal do Brasil".
Seu trabalho por 12 anos como editor-chefe do "Jornal do Brasil" foi um marco para o jornalismo brasileiro, modernizando a cobertura do periódico em plena ditadura militar, com publicações de reportagens históricas que denunciavam o autoritarismo do regime.
Esse trabalho foi reconhecido em 1970 com o prêmio Maria Moors Cabot, concedido pela Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, a mais antiga premiação internacional de jornalismo.
Dines também foi chefe da sucursal do Rio de Janeiro do jornal "Folha de S.Paulo" e diretor do Grupo Abril em Portugal, na década de 1980.
Crítico do jornalismo
Em 1963, Dines criou as carreiras de Jornalismo Comparado e Teoria da Comunicação na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). O jornalista foi paraninfo da primeira turma formada pela universidade, em dezembro de 1968, quando fez um discurso criticando a censura imposta aos jornais pela ditadura.
A cerimônia ocorreu uma semana após a edição do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que intensificou as perseguições e repressão do regime militar e estabeleceu um sistema de censura dentro das redações de jornalismo. Seu discurso o levou à prisão por alguns dias.
No início da década de 1990, ele foi um dos fundadores do Labjor (Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde lançou em 1996 a revista eletrônica Observatório da Imprensa.
O projeto ganhou versão para a televisão em 1998, sempre sob o comando de Dines. O Observatório foi ao ar entre 1998 e 2016, quando foi ao ar a última edição inédita. O programa foi cancelado e saiu da grade da TV Brasil, da EBC, em 2016, já sob a gestão do presidente Michel Temer.
Em 2002, Dines fundou o Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), organização não-governamental que atualmente mantém o Observatório da Imprensa.