27 de Maio de 2016
Campanhas pró e contra terão até jingles nos ritmos do calipso, brega e tecnomelody
O clima do plebiscito sobre a divisão do Pará em três Estados (Carajás, Tapajós e Pará) promete esquentar com o início das propagandas na TV e no rádio nesta sexta-feira (11). A votação será daqui a um mês, em 11 de dezembro. Oficialmente, as campanhas começaram em setembro, mas até os representantes das frentes admitem que só parte da população está envolvida.
ENQUETE: Você é a favor de dividir o Pará em três novos Estados?
O deputado federal Joaquim de Lira Maia (DEM), da Frente pela Criação do Tapajós, conta que nas regiões onde seriam os futuros Estados “já há um clima mais quente”.
- Mas, no Pará como um todo, a nossa expectativa é que a campanha pegue um ritmo a partir do programa de rádio e televisão.
Atingir a população de Belém, capital do Estado, é o grande desafio para os que defendem o “sim”, ou seja, a divisão do Estado. A última pesquisa de opinião sobre o plebiscito, feita pelo Vox Populi e divulgada pelo jornal O Liberal em julho, mostra que, em Belém, quase 70% dos moradores eram contrários aos novos Estados enquanto que, fora da capital, a maioria (42%) era contra a separação, 37% eram favoráveis e 22% ainda não sabiam.
José Donizete Cazzolato, geógrafo do Centro de Estudos da Metrópole e autor do livro Novos Estados e a divisão territorial do Brasil, avalia que existe a sensação da perda e o medo da mudança. Segundo ele, a repercussão da possível criação de novos Estados foi negativa em parte da imprensa do Centro-Sul e do próprio Pará, o que pode ter peso na opinião pública. Os argumentos contrários são, em geral, o aumento de despesas e os interesses político e econômico envolvidos na divisão territorial.
- O que a frente contrária à divisão chama de custos, a favorável chama de investimentos.
Como serão as campanhas
A propaganda será feita em blocos de dez minutos, das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10, no rádio; e das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40, na televisão, sempre às segundas, terças, quartas, sextas-feiras e aos sábados, conforme o horário de Brasília.
Será um dia para as propagandas pró e contra o Estado de Tapajós e o outro para as propagandas pró e contra o Estado de Carajás. As campanhas serão veiculadas apenas no Pará, já que só os moradores de lá poderão votar no plebiscito.
A frente pelo Tapajós vai apostar na divulgação de números e de possíveis vantagens com a criação do novo Estado – Lira Maia se recusa a falar em separação do Pará.
- Vamos sair do emocional e mostrar que todos nós ganhamos, ninguém perde.
A campanha pelo Carajás também deve apostar em questões econômicas. O deputado estadual João Salame (PPS), da Frente Pró Carajás, diz que o argumento básico é que, com a divisão, as regiões terão mais recursos para o desenvolvimento.
- A previsão é que os dois novos Estados tenham um Orçamento de R$ 6 bilhões por ano, incluindo Fundo de Participação dos Estados, ICMS, IPVA, entre outros. Hoje, o governo do Pará gasta, nas duas regiões, R$ 1,5 bilhão.
O deputado diz que o Estado é muito grande, e o poder público não tem conseguido coibir crimes como violência contra sindicalistas e ambientalistas, e o desmatamento.
As frentes do “sim” contam com um publicitário de peso: Duda Mendonça, que já fez campanhas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP).
Já a Frente em Defesa do Pará e Contra a Criação do Tapajós, coordenada pelo deputado estadual Celso Sabino (PR), vai apelar para a dependência econômica dos novos Estados em relação à União.
- Vamos prestar esclarecimentos aos cidadãos sobre as consequências ruins da divisão. Todos os estudos disponíveis apontam para uma inviabilidade total dessa separação para as três regiões.
Após o plebiscito
No prazo de dois meses, contado da proclamação do resultado da votação, se ela for favorável à criação dos novos Estados, a Assembleia Legislativa do Estado do Pará questionará seus membros sobre a medida, comunicando em três dias o resultado ao Congresso Nacional. Serão os deputados e senadores que terão a palavra final sobre a divisão do Pará.
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