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Petrobras oferecerá títulos em dólar e recompra de até US$3 bi em dívidas

Brasil|

Por Guillermo Parra-Bernal

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras planeja vender títulos de 5 e 10 anos denominados em dólares provavelmente ainda nesta terça-feira, na primeira oferta global de bônus de uma empresa brasileira desde junho, em um esforço da endividada petroleira para reduzir riscos de pagamento nos próximos anos.

A companhia anunciou a oferta, juntamente com um plano de recompra de até 3 bilhões de dólares em bônus que vencem em 2018 ou dívida com cupom de 8,375 por cento. O acordo está sujeito ao consentimento da maioria dos detentores de bônus, que também terão que dar permissão para mudanças nos termos contratuais dos papéis, disse o documento.

Os novos títulos foram classificados com a nota "B3" pela agência de risco Moody's, seis níveis abaixo do grau de investimento. A Moody's disse que a classificação considerou a erosão da liquidez da empresa, fluxo de caixa livre negativo, alta alavancagem financeira, risco de desvalorização do real e os desafios operacionais em ambiente industrial e econômico difícil.

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Antes do escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato, a Petrobras tinha um rating superior ao do governo brasileiro.

A oferta é a primeira tentativa da Petrobras de vender títulos nos mercados de dívida globais desde 1º de junho, quando a empresa colocou 2,5 bilhões de dólares de títulos com vencimento em 2115, com cupom de 6,85 por cento.

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A última empresa brasileira a vender dívida para investidores internacionais foi a fabricante de aviões Embraer, que vendeu 1 bilhão de dólares em bônus de 10 anos em 8 de junho, de acordo com dados da Thomson Reuters.

A empresa informou em comunicado nesta terça-feira que os recursos líquidos da venda dos títulos sem garantia serão utilizados para financiar a recompra de títulos.

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Duas fontes com conhecimento direto da transação disseram à Reuters que os novos títulos devem ter juros de 9 e 9,25 por cento, respectivamente. A Petrobras tem cerca de 54 bilhões de dólares em títulos em circulação.

As ações preferenciais da Petrobras caíram após o anúncio, refletindo a preocupação de que a Petrobras está pagando demais para levantar capital, disseram operadores.

O custo do seguro da dívida da Petrobras contra default por cinco anos caiu 2 pontos básicos para 740 pontos básicos nesta terça-feira, de acordo com os preços Markit.

"A Petrobras precisa acessar o mercado, uma das questões mais urgentes da empresa é de liquidez", disse Eduardo Vieira, analista da Deutsche Bank Securities em Nova York.

Para o analista, a oferta da Petrobras pode ajudar a pavimentar o caminho para outras empresas brasileiras levantarem dinheiro no mercado de bônus, movimento que poderia se beneficiar do afastamento da presidente Dilma Rousseff e de uma avaliação de que o novo governo vai adotar políticas mais favoráveis aos negócios.

A reabertura dos mercados de dívida para as empresas brasileiras será "muito gradual", acrescentou Vieira.

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ALTO CUSTO

A Petrobras, que durante anos foi utilizada para segurar a inflação ao manter os preços dos combustíveis estáveis, poderia se beneficiar mais com a mudança.

A presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo na semana passada por até 180 dias, após o plenário do Senado Federal aprovar a abertura de processo de impeachment.

O presidente interino Michel Temer anunciou até agora planos para reorganizar o orçamento e reduzir os gastos de longo prazo.

Na semana passada, o diretor financeiro da petroleira, Ivan Monteiro, afirmou em uma teleconferência para discutir os resultados do primeiro trimestre da Petrobras que uma eventual reabertura do mercado pode ajudar a empresa a pagar as dívidas que vencem dentro dos próximos cinco anos.

Petrobras tem 33 bilhões de dólares em títulos que vencem nos próximos cinco anos, ou cerca de 60 por cento da dívida em bônus em circulação.

"Precisamos ajustar ao fato de que não somos mais uma empresa de grau de investimento", disse Monteiro na semana passada. "O custo aumentou."

Segundo as fontes, a Petrobras contratou o banco de investimento do Banco do Brasil para coordenar a transação, assim como os de JP Morgan, Bank of America Merrill Lynch e Santander.

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