PT quer usar posse de Dilma para responder críticas da oposição
CHARLES SHOLL/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDOA estratégia do PT para combater os ataques da oposição é usar a posse da presidente Dilma Rousseff, no dia 1º de janeiro de 2015, para demonstrar a força política do partido. A tática ficou bem clara nesta quarta-feira (10), durante o 5º Congresso do PT, em Brasília.
Todos os dirigentes e grandes nomes do partido que fizeram discurso durante o evento, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fizeram questão de conclamar os militantes a tomar as ruas de Brasília na festa da posse, vestidos de vermelho, para rebater todas as críticas que estão sendo feitas ao PT.
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O governador da Bahia, Jaques Wagner, chamou os petistas para as ruas e afirmou que o partido tem força para lutar por até mais 60 anos a favor dos “excluídos”.
— Tem que encher as ruas de Brasília no dia 1º de janeiro com as camisas vermelhas que sempre nos orgulharam. Temos ainda mais 30, 40, 50, 60 anos de contribuição para aqueles que eram os eternos excluídos da nossa terra.
Wagner termina o segundo mandato na Bahia no fim deste ano e é um nome forte para integrar o primeiro escalão do próximo governo Dilma. A fala dele não estava prevista no evento, mas o presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez questão de passar a palavra a ele.
Durante seu discurso, Falcão também chamou os militantes para a posse e pediu que mesmo os que moram fora de Brasília façam um esforço para participar. Segundo ele, é o momento do PT se posicionar de forma clara frente aos representantes da oposição, a quem classificou de “coxinhas”.
— Eu sei que há a distância, que as pessoas moram longe daqui, mas tenho certeza que vamos tornar a posse uma grande festa popular e também dar uma demonstração de força para os coxinhas, para aqueles que querem nos enfraquecer.
Os dirigentes lançaram aos militantes um desafio para que cada um deles leva mais 30 novas pessoas para a festa da posse, em Brasília. Segundo eles, é preciso demonstrar apoio e deixar claro porque a maioria da população escolheu Dilma como presidente.
Momentos difíceis
O ex-presidente Lula também fez o chamado à militância e prevê tempos difíceis pelos próximos anos. Para o presidente, há uma força-tarefa esquematizada para acabar com o PT, por meio das denúncias de corrupção na Petrobras, e será preciso união tanto dos parlamentares petistas no Congresso, como dos militantes nas ruas.
— Se preparem os senadores, que a batalha será dura. Perdemos quase 50 deputados estaduais, perdemos vários senadores e vários deputados federais pela campanha sórdida que fizeram contra nós, e também por algumas falhas nossas. O momento vai exigir de nós muito mais força. A gente tem que dar uma demonstração já no dia da posse da presidenta Dilma.
Lula se referiu principalmente às dificuldades no Senado porque foi lá que o PSDB ganhou mais força. Além de Aécio Neves (MG), com o discurso de representar os 51 milhões de votos que recebeu na corrida eleitoral mais disputada da história democrática, José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) também vão compor a bancada tucana a partir de 2015.
Críticas à oposição
O ex-presidente petista também reclamou da postura da oposição que, segundo ele, não sabe perder. Lula lembrou que foi derrotado diversas vezes e nem por isso foi para ruas protestar. Lula afirmou que as forças de oposição precisam aceitar que o PT continua no poder.
— Eu perdi as eleições de 1989, e todo mundo sabe como eu perdi, entretanto eu não fiquei na rua protestando, eu fui me preparar para a outra. Temos que ter clareza, cada vez que a gente perdia a gente aceitava o resultado, nem isso ele aprenderam. Eles acham que a campanha não acabou.
O presidente nacional do partido também criticou o tom de palanque que, na visão dele, o senador Aécio Neves continua usando em suas declarações. Rui Falcão também fez críticas ao movimento que pede o retorno da ditadura.
— Parece que não fomos nós que ganhamos a eleição. A oposição não sai do palanque. E o senador [Aécio], que foi derrotado em Minas e no Brasil, parece que a derrota lhe subiu à cabeça. Eles estão reconstituindo uma direita que não tinha coragem de mostrar a cara. A direita tem o direto de existir na democracia, desde que ela não pretenda romper a legalidade democrática, isso nós não vamos permitir.