O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Jefferson Rudy/Agência Senado - 08.06.2021O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à CPI da Covid, do Senado Federal, nesta terça-feira (8), que recebeu a médica Nise Yamaguchi no Ministério da Saúde e que ela lhe entregou um protocolo de cloroquina usado em Cuba.
A fala se deu quando o ministro foi questionado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a atuação de um suposto "gabinete paralelo" de aconselhamento ao governo e tomada de decisões em relação à pandemia.
"A professora Nise Yamaguchi eu recebi no ministério uma vez e ela me entregou um protocolo de cloroquina que era usado em Cuba, e eu recebi. Me entregou, mostrou aquilo lá, e eu recebi, como recebo outras pessoas", afirmou. Ele não detalhou qual o uso dado ao documento.
Nise Yamaguchi é oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein e desde o ano passado participou de reuniões com o governo para discussões relativa à pandemia. Nise já prestou depoimento à CPI e voltou a defender o tratamento precoce e o uso de remédios como a cloroquina contra o novo coronavírus.
A maior parte da classe médica e científica considera que estudos já comprovaram que o remédio é ineficaz contra covid-19 e que pode ainda produzir efeitos colaterais e aumentar riscos.
Queiroga negou que o governo pretenda tirar do ar uma nota técnica publicada em maio do ano passado com orientações sobre o uso de medicamentos como a cloroquina em fase inicial de infecção por covid-19. Segudo o ministro, a nota "ficou pra história" do combate à pandemia e "perdeu o objeto".
"É uma nota técnica que perdeu o objeto. Não é um ato administrativo, não cabe revogação.
Faz parte da história", afirmou.
Ele voltou a afirmar que a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), trabalha em um protocolo de tratamento precoce contra a covid-19. Apesar dessa ação, o ministro destacou não acreditar que essa estratégia será significativa no combate à pandemia, mas sim a vacinação em massa.
O ministro admitiu que não conta com infectologistas em sua equipe direta ao ser questionado sobre informação da médica Luana Araújo dada à CPI na semana passada. A infectologista foi chamada para chefiar a Secretaria Extraordinária de Combate à Covid-19, mas acabou barrada pelo governo. Luana Araújo já havia feito manifestações públicas contra o tratamento precoce e afirmou à comissão não ter conhecido outro infectologista no ministério.
Queiroga afirmou nesta terça não contar com especialistas desse tipo entre seus assessores: "Na minha equipe direta, não tenho nenhum infectologista", disse.