A CNV (Comissão Nacional da Verdade) vai recomendar explicitamente, em seu relatório final, a responsabilização criminal de agentes de Estado apontados como autores de graves violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura.
O colegiado também deverá apresentar uma lista com os nomes de pessoas que, de acordo com suas investigações, devem ser responsabilizadas. O texto do relatório não deverá citar explicitamente, porém, a necessidade de revisão ou reinterpretação da Lei da Anistia, de 1979.
O coordenador da comissão, o advogado Pedro Dallari, disse na última quinta-feira (6) que, embora o texto com essa recomendação de penalização dos agentes de Estado ainda não tenha recebido sua redação final, as suas principais ideias já estão definidas.
— Vamos propor a responsabilização criminal daqueles que deram causa a graves infrações de direitos humanos. Essa é a questão fundamental para a comissão. Se isso envolve mudar ou reinterpretar a Lei da Anistia trata-se de um debate jurídico que não nos compete, não é nosso.
Dallari lembrou que a ideia da responsabilização criminal foi debatida e votada recentemente entre os integrantes da comissão e que só um deles, o advogado Paulo Cavalcanti, votou contra. Ele também mencionou as várias interpretações que existem a respeito de como tratar a questão da responsabilização penal diante da Lei da Anistia.
— O Gilson Dipp acha que é possível responsabilizar os agentes de Estado sem mudar a Lei da Anistia. Mas existem outras opiniões.
O coordenador também confirmou que será apresentada uma lista com os nomes de agentes de Estado que cometeram graves violações de direitos humanos.
— Vamos seguir o que diz a lei que deu origem à comissão. Ela diz que, além de apurarmos a verdade sobre os crimes cometidos, devemos também apontar a sua autoria.
O relatório final deverá ser entregue à presidente Dilma Rousseff em 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Foi nessa data, em 1948, que a Organização das Nações Unidas adotou, numa cerimônia realizada em Paris, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.