Mais de 14 horas após o início da sessão de votação da admissibilidade do processo de impeachment, senadores mostram nítidos sinais de cansaço e tédio. Os garçons da Casa circulam a todo tempo entre as cadeiras dos parlamentares alimentando xícaras de café e copos de água. Ronaldo Caiado (DEM-GO), que mais cedo comentou que os senadores da oposição tem "preparo físico" para virar a noite, era um dos mais ávidos recorrendo a sua dose de cafeína.
Segundo o garçom Clécio Ferreira, que serve os senadores há oito anos, seis funcionários trabalham na cozinha durante a madrugada servindo e passando litros de café o tempo todo para garantir que esteja quente e fresco.
Além do cafezinho, as alternativas para passar o tempo enquanto os colegas discursam vão do ensaio para a própria fala, como o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) que circulava pelo plenário com uma pasta de papéis com seu discurso a tiracolo, a troca de mensagens no celular como Ana Amélia (PP-RS) ou o mero bate-papo em duplas ou até em trios.
Por volta da 0h finalmente foi ultrapassada a metade da lista de inscritos para falar no plenário. Mais de quarenta já tinham se manifestado em discursos de 15 minutos, sendo que mais de 30 se declararam favoráveis ao afastamento da presidente. Devido à três ausências - Delcídio do Amaral que foi cassado, Jader Barbalho (PMDB-PA) que está internado e Eduardo Braga (PMDB-AM) em licença médica - o número de votos necessário para o prosseguimento do impeachment caiu de 41 para 40.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou mais cedo que a sessão poderia se estender até pelo menos 5h da manhã e que ele tentaria abreviar as falas dos colegas de plenário. Mas os senadores seguem usando todo o tempo disponível. Nesse ritmo, com mais de 20 senadores ainda inscritos, a votacão pode se arrastar até a manhã desta quinta-feira (12).