Serra disse que posição do PSDB na votação da MP 665 foi "política"
Alex Silva/22.09.2014/Estadão ConteúdoO senador José Serra (PSDB-SP) afirmou nesta sexta-feira, 8, durante evento sobre política fiscal no Insper, que está com saudades do antigo "xerife" Fundo Monetário Internacional (FMI).
O político contou que disse isso ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante um voo recente dos EUA para o Brasil.
Segundo Serra, a saudade do FMI se deve ao fato de que agora o País tem novos xerifes: as agências de classificação de risco.
— O FMI é um organismo multilateral, com economistas de muita categoria. Já as agências são de segunda categoria e pró-cíclicas, ou seja, se um país vai mal, elas colaboram para piorar as expectativas. O Brasil se tornou prisioneiro disso, por causa das circunstâncias econômicas.
Senador comentou que agências de rating possuem "duvidosa" seriedade econômica.
— Quem diria que teríamos saudades do antigo xerife, com as agências de rating agora, algumas delas com duvidosa seriedade econômica.
O senador fez o comentário ao falar que o governo adiou a implementação da mudança no indexador de dívidas de Estados e municípios para impressionar as agências de rating. Para ele, isso era desnecessário, pois a mudança no indexador era positiva. O oposicionista também comentou que o governo do PT conseguiu o "milagre" de voltar à situação de déficit em conta corrente.
— Isso cria uma situação de fragilidade, e foi feito para consumo, não investimento.
Gastança
O senador do PSDB afirmou que o ajuste fiscal do governo não está sendo baseado sobre redução de despesas correntes, mas em boa medida sobre investimentos.
— O ministro Levy disse que estão cortando a gastança. Cortando coisa nenhuma, uma ova. Estão cortando sim investimentos, que não são significativos do ponto de vista do agregado, devem ser 6% a 7% dos gastos orçamentários da união.
Contudo, ele destacou que do total de investimentos a redução recente foi de 32%, no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2014.
— Nunca vi uma rejeição tão grande ao governo quanto hoje em dia. O ajuste tem efeitos de desajustes (na economia) no curto prazo, como o aumento da inflação.
Ele se referia ao aumento de impostos e tarifas, como de energia elétrica.
MP 665
O senador José Serra (PSDB-SP) comentou que a decisão do seu partido de votar contra a MP 665, que foi aprovada na Camara, foi uma "posição política, uma estratégia da oposição."
Para Serra, a decisão dos tucanos foi "um reflexo de como a sociedade vê o ajuste fiscal", que não aprova seu impacto negativo sobre a economia e a geração de empregos.