Baiano pode abrir o jogo e contar detalhes sobre caso de Cunha
Gisele Pimenta/11.05.2015/Frame/Estadão ConteúdoO suposto operador do PMDB no esquema de corrupção e pagamento de propina no esquema da Petrobras, Fernando Soares — conhecido como Fernando Baiano —, contratou um novo advogado nesta quinta-feira (6) e negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da PF (Polícia Federal) e do MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da Operação Lava Jato.
Se houver o acordo, será o primeiro de alguém ligado ao PMDB. Advogados ouvidos pela reportagem do R7, que pediram anonimato, disseram que a notícia sobre a delação premiada de Fernando Baiano agitou a carceragem da PF em Curitiba e o "clima é de polvorosa".
O novo defensor de Baiano, Sérgio Riera, está reunido desde as 17h com as autoridades na PF para selar os detalhes do acordo, que, segundo ele próprio, está muito próximo de sair. A primeira intenção do advogado é reduzir a pena de Fernando Baiano.
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Fernando Baiano é peça-chave para entender como parlamentares do PMDB supostamente participaram do esquema de pagamento de propina identificado pela Lava Jato.
Baiano pode elucidar, por exemplo, o suposto pedido — e suposto recebimento — de US$ 5 milhões (R$ 17,7 milhões) do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para financiamento de campanha eleitoral.
A acusação de recebimento de propina por Cunha foi feita por outro delator, o lobista e empresário Julio Camargo. Em julho, Camargo disse em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro que se encontrou pessoalmente com Cunha e com Fernando. Na ocasião, Camargo foi claro em vídeo tornado público pela Justiça.
— [Cunha disse] que não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando [Baiano], do qual ele era merecedor de US$ 5 milhões, e que isso estava atrapalhando, porque estava em véspera de campanha, se não me engano era uma campanha municipal, e que ele tinha uma série de compromissos.
Após a declaração, Moro pediu a Camargo que não desse mais detalhes da conversa entre o empresário, Cunha e Baiano para não atrapalhar o inquérito contra o presidente da Câmara na Procuradoria-Geral da República. Camargo, porém, completou dizendo que o montante pago ao deputado fez parte de propina paga por ele.
— Foi a complementação daqueles US$ 10 milhões que eu digo que eu tive que pagar.
Na última quarta-feira (5), o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Renato Duque também ensaiou os primeiros passos para fazer a delação premiada. O advogado do ex-executivo da petroleira, Marlus Arns, se reuniu com autoridades da PF e do Ministério Público. Duque é apontado como elo do PT no esquema de pagamentos de propinas na Petrobras.
Assista ao vídeo sobre a acusação do empresário abaixo: