A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou, por meio de nota, a agressão sofrida por uma equipe da Record TV Itapoan, na Bahia, na manhã desta segunda-feira (16). A entidade se solidarizou com as vítimas da agressão e pediu às forças de segurança baianas rigor na apuração do caso.
Leia a nota na íntegra ao fim desta reportagem. O ataque ocorreu na avenida Orlando Gomes, no Bairro da Paz, em Salvador, durante a cobertura de um acidente que interditou a via. A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) também repudiou o episódio.
Entenda o caso
A repórter Tarsilla Alvarindo, o cinegrafista George Luís e o auxiliar Marcos Oliveira gravavam uma reportagem sobre a morte de um motociclista na via quando o ataque aconteceu. Tarsilla chegou a ser agredida por um dos homens com um soco no rosto.
Os agressores foram detidos em flagrante mas liberados em seguida, após terem assinado um termo circunstanciado de ocorrência (TCO). A repórter informou que eles se identificaram como parentes da vítima do acidente, e um deles chegou a fazer ameaças à equipe, dizendo que estava armado.
Segundo Tarsilla, os parentes da vítima pediram para não ser identificados. Para atender ao desejo, a equipe estava gravando as imagens a cerca de 200 metros do local do acidente, sem mostrar o rosto de ninguém da família do motociclista. Ainda assim, os homens partiram para a agressão física.
Confira o texto da Abraji:
"A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia com veemência a agressão sofrida pela repórter Tarsilla Alvarindo, da TV Itapoan/Record, em Salvador, na manhã desta segunda-feira (16.jan.2023). Alvarindo e sua equipe foram atacados por dois homens enquanto faziam a cobertura de um acidente na Avenida Orlando Gomes, no bairro de Piatã. As cenas foram gravadas por outra equipe que registrava o acidente, da TV Bahia/Globo.
A pedido dos familiares da vítima, Alvarindo gravava o incidente mantendo distância, preservando a identidade da vítima e reportando o acidente com o devido respeito. Ainda assim, dois homens saíram do local do acidente e chegaram até o carro da reportagem. Um deles em poucos segundos já desferiu um soco no rosto da repórter e, depois, os dois se voltaram contra o cinegrafista George Brito e o motorista Marcos Oliveira.
Alvarindo informou à Abraji que, além das agressões, os homens ameaçaram a equipe, dando a entender que poderiam estar armados e que os jornalistas “mereciam um tiro na cara”.
Como dá para ver pelo vídeo gravado pela TV Bahia, a equipe policial que acompanhava o acidente demorou a agir na defesa dos repórteres e, se houvesse mais celeridade, a agressão poderia ter sido evitada. Os dois agressores foram presos e levados para a Central de Flagrantes da Polícia Civil de Salvador, onde assinaram um Termo Circunstanciado e saíram em liberdade.
Acompanhados da advogada da emissora, Alvarindo e seus colegas registraram o boletim de ocorrência e a repórter foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para realizar o exame de corpo de delito.
É inadmissível a escalada de violência que vêm sofrendo os profissionais de imprensa no Brasil. Tarsilla Alvarindo e sua equipe, assim como outros profissionais, estavam no local reportando um acidente que ocorreu em via pública. Em sua reportagem ao vivo, a própria jornalista afirmou que se posicionou em um ponto distante do ocorrido para respeitar o momento doloroso e dramático da família da vítima. Ainda que os dois homens, amigos da vítima, estivessem em um momento de dor, não se justifica o ataque feito à equipe da Record. E chama a atenção que o alvo da agressão desses dois homens tenha sido justamente uma mulher.
A Abraji pede às forças de segurança da Bahia que tratem o caso com o rigor que a situação merece. E lembra que um ataque a um ou uma jornalista é um ataque a toda a imprensa.
A Abraji se solidariza com Tarsilla Alvarindo, George Luís e Marcos Oliveira, seus familiares e colegas de profissão da Bahia."