À mesa, diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior
Edilson Rodrigues/Agência Senado - 22.09.2021Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira (22), o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que, durante a pandemia da covid-19, pacientes passaram a pedir a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, que não possuem eficácia comprovada contra a doença, devido às declarações do presidente Jair Bolsonaro. O mandatário é o grande defensor desses medicamentos do chamado ‘kit covid’, que é fortemente refutado pela comunidade científica.
Perguntado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o impacto da promoção feita por Bolsonaro na decisão da Prevent de patrocinar o uso da hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina para o enfrentamento da covid-19 no Brasil, o diretor-executivo respondeu ter sido considerável.
“Quem prescreve qualquer medicação é o próprio médico e, naquele momento, como todos recordam, houve, até devido a pronunciamentos não só da Presidência da República, mas de outras pessoas influentes também, uma série de pacientes exigindo a prescrição da medicação. E isso, quando veio diretamente ao encontro dos médicos que estavam na linha de frente tentando salvar a vida dos pacientes, tornou-se uma situação, como não havia respostas ainda, necessária para que, após feita a prescrição, houvesse medicação disponível”, afirmou.
O médico ainda disse que as medicações “foram extintas das farmácias naquele momento”. “E havia uma prescrição médica e nós começamos a receber uma série de pacientes exigindo que nós também tivéssemos a possibilidade de oferecer a medicação após a prescrição do médico”, afirmou.
A comissão apura denúncias de que a operadora distribuía o kit covid a beneficiários diante da informação de qualquer sintoma da covid-19, mesmo que não fossem consultados. Denúncias feitas por médicos apontaram que os medicamentos eram administrados inclusive sem autorização dos pacientes ou de seus familiares.
À CPI, Benedito negou que a empresa enviasse o chamado ‘kit covid’ para beneficiários da operadora, apesar das denúncias. O diretor foi um dos médicos que assinou o manifesto em defesa do tratamento precoce capitaneado pela associação Médicos Pela Vida, publicado em fevereiro deste ano.