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Economistas temem retrocesso no BNDES com indicação de Mercadante

Ex-ministro vai presidir o banco no governo de Lula; receio é de gestão inadequada dos recursos da instituição

Brasília|Do R7, em Brasília

Aloizio Mercadante, anunciado como futuro presidente do BNDES
Aloizio Mercadante, anunciado como futuro presidente do BNDES Aloizio Mercadante, anunciado como futuro presidente do BNDES

Com a confirmação de que Aloizio Mercadante será o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), economistas demonstraram receio com a gestão que será implementada pelo ex-ministro.

Existe o temor de que o banco retome a política de incentivos fiscais que ficou conhecida como "campeãs nacionais". Ao longo dos dois primeiros governos de Lula e dos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o BNDES ofereceu empréstimos em condições favoráveis a determinadas empresas com o objetivo de torná-las líderes de mercado.

Ao menos R$ 18 bilhões foram disponibilizados pelo banco com o programa. A iniciativa, no entanto, não surtiu efeito. Os governos do PT foram acusados de privilegiar um grupo específico de empresas. Algumas das organizações atendidas com a medida se envolveram em escândalos de corrupção e outras chegaram a entrar com pedidos de recuperação judicial.

Além disso, o banco ficou marcado pelo financiamento de obras em outros países da América Latina, como Venezuela e Cuba. Ao menos R$ 5,2 bilhões foram emprestados pelo BNDES para bancar os empreendimentos.

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“Há uma preocupação do mercado em relação ao risco de retrocessos na agenda do BNDES. No passado, tivemos uma gestão inadequada do banco, direcionando muitos subsídios para grupos que tinham condição de fazer captação no mercado. Houve má alocação de recursos na economia”, pontuou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Segundo Zeina, o temor do mercado em relação à indicação de Mercadante também se explica por declarações dadas por ele ao longo dos trabalhos no governo de transição. O futuro presidente do BNDES criticou por diversas vezes o mecanismo do teto de gastos — norma que proíbe o aumento de despesas públicas acima da inflação — e defendeu a aprovação da PEC do estouro para permitir mais gastos ao governo de Lula.

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“Precisamos aguardar quais serão as sinalizações. Estamos muito no escuro em relação a temas que são frequentes no debate público. Há muitos diagnósticos de políticas públicas ineficientes e agendas de ajuste fiscal que deveriam estar sendo sinalizadas. Mas, quando olhamos de forma geral, os discursos são sempre na direção de aumentar gastos. Nunca complementando com medidas para melhorar os gastos públicos”, disse Zeina.

O Ibovespa perdeu força e começou a acelerar queda na tarde desta terça-feira (13), assim como o dólar passou a subir, após a nomeação de Mercadante para chefiar o BNDES. Às 16h26 (de Brasília), o Ibovespa caía 1,35%, a 103.919,49 pontos, após subir até 1,3% mais cedo com suporte do cenário externo. No mercado de câmbio, por volta do mesmo horário, o dólar à vista subia 0,16%, a R$ 5,3198 na venda.

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Para o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, a tendência é que o comportamento se mantenha daqui em diante, o que pode ser ruim para a população do país.

“Quando a Bolsa cai, é sinal de que as grandes empresas estão preocupadas com a lucratividade e o faturamento para o futuro. Com isso, elas não querem investir em ações, pois sabem que terão uma performance pior. Se as grandes empresas estão assim, imagina os pequenos negócios, que são os verdadeiros empregadores do Brasil”, analisou. “Acho que vamos ter cada vez mais dificuldade. O que vai crescer no Brasil é a inflação e os juros”, acrescentou.

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