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Filho de PM dá golpe de pirâmide e faz dono de hamburgueria falir

Pedro Gil supostamente usava a influência do pai, PM da reserva, para atrair 'investidores' para esquema de pirâmide

Brasília|Emerson Fraga e Priscila Mendes, do R7, em Brasília

"Meu escritório é na praia, eu tô sempre na área!", escreveu o suposto golpista no Instagram
"Meu escritório é na praia, eu tô sempre na área!", escreveu o suposto golpista no Instagram "Meu escritório é na praia, eu tô sempre na área!", escreveu o suposto golpista no Instagram

Depois que o R7 noticiou que um grupo de pelo menos 29 policiais militares do DF caiu em um suposto golpe de pirâmide financeira no DF, outras vítimas começaram a aparecer. Pedro Gil Duarte Fonseca teria dívidas com ao menos 117 'investidores' na capital federal. Um deles é um microempresário de 28 anos de Planaltina (DF), mesma região em que fica o escritório 2P Trader. Ele teve que fechar as portas da hamburgueria que administrava na cidade por falta de condições para manter no negócio. "Eu fiquei sem dinheiro até para fazer caixa", conta.

O homem entregou ao suposto autor do esquema quase R$ 30 mil em março de 2021. "Quando eu vi a reportagem no R7, me identifiquei. Esse rapaz prometia esses ganhos de 20% ao mês e tinha uma parente nossa estava investindo com ele. Ela supostamente estava recebendo, então resolvi entrar também."

Prestes a se casar, a vítima pegou parte do dinheiro do casamento e parte do capital do empreendimento do qual era dono para 'investir' com Pedro Gil. Com o golpe, o casamento quase não aconteceu. "Para fazer meu casamento, tive que pegar dinheiro emprestado com sogra, com parentes... Deixei de curtir minha lua de mel, de fazer várias coisas que tinha programado por causa desse calote." Segundo a vítima, as dívidas com parentes ainda permanecem.

Quando cobrado, Pedro Gil sempre inventava desculpas. "Ele dizia: estou vendendo um carro, o cara vai me pagar e vou transferir o dinheiro de vocês. Isso foi em maio de 2021. Ele andava com uma BMW X4, que valia uns R$ 175 mil. Então ele dizia que ia vender o carro para pagar. 'Eu não posso pagar vocês porque estou com R$ 7 milhões bloqueados', dizia ele. Eu encontrava na rua, então eu sempre cobrava. Mas ele nunca pagava."

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De acordo com o homem, que mora na mesma região que o suposto golpista, ele anda impune pelas ruas, ostentando carros de luxo e viagens nas redes sociais. "Encontrei com ele em novembro de 2021 na porta de um mercado. Ele viu que eu estava lá, se assustou e entrou rápido. Ele estava comprando coisas para fazer churrasco, comprando carne, carvão, bebidas. Ele sempre 'luxa' junto com a irmã, que também participa do esquema. Viajam, 'curtem a vida'. Mas ele nunca mais me respondeu."

Segundo o relato da vítima, o 'assessor de investimentos' passou a não responder os contatos. "Em junho de 2021, a gente foi no escritório e ficamos esperando na escada 1h20. Eles não nos atendiam, mas sabíamos que ele estava lá no dia. Ouvimos ele discutindo com outras pessoas — justamente alguns desses policiais militares que também caíram no golpe."

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Depois disso, Pedro Gil teria dito ao 'investidor' que ele deveria tratar diretamente com um advogado. "Em 29 de junho de 2021 foi a última conversa com o Pedro que eu tive. Depois disso, ele disse que tínhamos que tratar com o advogado dele. Então em 2 de julho do advogado entrou em contato com a gente para parcelar a dívida, mas que não sabia quando pagaria. E até hoje não pagou."

Ao menos 29 PMs do DF caíram no golpe

Um grupo de pelo menos 29 policiais militares do DF caiu no suposto golpe. Um deles chegou a investir R$ 77 mil. Outro aplicou R$ 51 mil. Uma das vítimas chegou a passar o carro para o nome do 'assessor de investimentos'. Os lesados, além de familiares e amigos, entregaram o dinheiro ao suposto 'trader', pararam de receber os lucros e, quando pediram, não receberam o valor aplicado de volta.

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“Temos um grupo no WhatsApp de 177 pessoas que 'investiram' dinheiro nisso. Nós pegamos inclusive empréstimos para fazer esses investimentos. Só no nosso batalhão, esse rapaz arrecadou mais de R$ 1 milhão”, diz um policial militar vítima do golpe.

Os negócios foram feitos em reuniões dentro do 20º Batalhão de Polícia Militar, na região do Paranoá, no Distrito Federal, em março de 2020. O pai do suspeito, um policial militar da reserva, levou o filho e o apresentou aos colegas de farda como "uma pessoa muito qualificada no mercado financeiro", segundo os denunciantes. Pedro Gil prometia ganhos de 20% ao mês e devolução do dinheiro investido em seis meses. Ele mantém um escritório de investimentos em Planaltina (DF), o 2P Trader (Pedro Intermediação de Negócios Eireli).

No primeiro mês, os valores foram repassados conforme o prometido. A partir do segundo mês, alguns PMs pararam de receber o dinheiro. "Alguns de nós recebemos dois meses e ganhamos confiança. Depois disso, ele começou a inventar desculpas de que a conta dele tinha sido bloqueada", disse um dos 'investidores'.

Caso está na Justiça

A Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes da Polícia Civil investigou os relatos de algumas das vítimas, que fizeram boletim de ocorrência. O caso, enquadrado como estelionato, está em julgamento na Vara Criminal do Paranoá (DF). Na data de publicação desta reportagem, o processo agora estava aguardando manifestação do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios).

Outro lado

Procurados pelo R7 em três números de telefone, Pedro Gil e o 2P Trader não atenderam às ligações. A reportagem também não conseguiu contato telefônico com o advogado do 'assessor de investimentos' e com a minha irmã dele, que seria diretora-executiva da empresa.

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