Um dia após criar a Secretaria Extraordinária da Primeira Infância, o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), nomeou a filha Paula Cintra Dantas titular da pasta. A nomeação foi publicada no Diário Oficial de Alagoas deste domingo (1°). Nas redes sociais, Paula Dantas, que é médica, se diz interessada em "geriatria, psiquiatria e saúde da família".
Na publicação, assinada pelo chefe do Executivo alagoano, consta que a filha vai "exercer o cargo, de provimento em comissão, de Secretária de Estado Extraordinária da Primeira Infância, Nível SE, da Secretaria de Governo, do Serviço Civil do Poder Executivo, criada pela lei delegada nº 48, de 31 de janeiro de 2022".
A lei citada no documento foi publicada no Diário Oficial de Alagoas do dia 31 de dezembro e "institui o modelo de gestão da Administração Pública do Poder Executivo, centrado na prestação de serviços ao cidadão, define os princípios, diretrizes, ações, linhas e forma de atuação e especifica as atribuições dos cargos e funções que compõem a estrutura administrativa".
Na seção II do texto, sobre os "Órgãos da Administração Direta", a Secretaria de Estado Extraordinária da Primeira Infância aparece como o último dos chamados "órgãos executivos". O artigo 16 da lei estabelece que "fica criado o cargo de Secretário de Estado Extraordinário da Primeira Infância, com as atribuições definidas na lei estadual nº 7.965, de 9 de janeiro de 2018".
Perfil
De acordo com o Governo de Alagoas, Paula Cintra Dantas é médica formada pela Faceres, em São José do Rio Preto (SP), e pós-graduanda em sono pelo Hospital Albert Einstein. A filha do governador foi presidente da Liga de Humanização e de Geriatria e vice-presidente da Liga de Fisiologia da faculdade em que estudou.
"Tem participado ativamente das ações do Cria, tanto na área da saúde quanto na da primeira infância e assistência social", informa o governo alagoano.
Afastado do cargo e apoiado por Lula
O governador Paulo Dantas chegou a ser afastado do cargo em 11 de outubro, depois que investigações da Polícia Federal apontaram a participação do político no centro de um esquema de corrupção. O afastamento foi determinado pela ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). À época e até então, Dantas conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do senador Renan Calheiros.
Ele foi reconduzido ao posto 13 dias depois, por decisão dos ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). No despacho, o ministro Gilmar Mendes afirmou que medidas cautelares contra candidatos não podem ser tomadas em um período de 15 dias antes das eleições e até 48 horas após o pleito.
A investigação apurou desvios de recursos na Assembleia Legislativa de Alagoas, quando o atual governador era deputado. As diligências mostram que, desde 2019, foram feitos saques de R$ 54 milhões em nome de funcionários fantasmas.
As investigações afirmam que o esquema continuou mesmo após Dantas ter ingressado no cargo, em maio deste ano. Ele foi eleito indiretamente pela Assembleia Legislativa, depois que Renan Filho se afastou do comando do Poder Executivo do estado para concorrer às eleições.