Tatiana Matsunaga foi atropelada diante de câmeras de segurança após uma briga de trânsito
ReproduçãoO Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) negou nesta quinta-feira (16/9) o quinto pedido do advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem para deixar a prisão. Ele atropelou a advogada Tatiana Matsuanaga de 40 anos depois de uma briga de trânsito no Lago Sul no dia 25 de agosto. O crime ocorreu diante do marido e do filho de oito anos da vítima. A cena foi registrada por câmeras de segurança. Paulo Ricardo fugiu sem prestar socorro e se entregou à polícia horas depois, acompanhado de um advogado.
Milhomem responde por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Ao se defender, o advogado afirmou que avançou com o carro sobre a mulher por “se sentir ameaçado”, mas que não teve intenção de atropelá-la. Nas filmagens, porém, é possível ver quando Milhomem joga o veículo sobre a mulher sem frear.
O estado de saúde de Tatiana ainda é considerado grave. Tatiana segue internada na UTI do do Hospital Brasília e já abre os olhos e deve iniciar um tratamento de fonoaudiologia para voltar a falar. Ela sofreu um traumatismo craniano grave.
O relator do caso no TJDFT, o desembargador Roberval Casemiro Belinati, tinha negado o pedido de habeas corpus da defesa de Milhomem em 27 de agosto, mas os defensores recorreram. No parecer do MPDFT, a procuradora Marinita Maria da Silva alega que a forma de agir do suspeito, “revela periculosidade concreta da conduta, o que anima a manutenção de sua prisão cautelar”.
Esfera cível
Segundo o advogado da família de Tatiana, Frederico do Valle, os parentes da vítima estudam processar Milhomem na esfera cível. Ainda não há consenso sobre o valor. Mas, de acordo com o defensor, em casos graves como esse, a cobrança pode variar de R$ 70 mil a R$ 100 mil. A quantia, no entanto, pode variar, também, de acordo com a capacidade econômica do agressor. “Mas, no momento, isso não é o essencial. Está em terceiro plano. O primeiro plano é que ela se recupere logo. Depois, que seja feita justiça”, afirmou.
Há a possibilidade, ainda, de os familiares ingressarem com mais de uma ação de danos morais. Os outros processos seriam para o marido e os dois filhos da mulher. Na próxima semana, o defensor deverá entrar na Justiça para pedir o arresto do carro que Milhomem conduzia quando atropelou Tatiana. “Nesse momento, no processo criminal, agora que a denúncia foi recebida, vamos pedir o arresto do veículo para eventuais ressarcimentos lá na frente”, afirmou o advogado.
Arrependimento
O R7 falou na semana passada com o advogado de Milhomem, Leonardo de Carvalho e Silva. Ele afirmou que o cliente sempre pergunta pelo estado de saúde da mulher. “Sobre o estado da doutora Tatiana Matsunaga, todos torcemos pela melhora da advogada, sendo que o Paulo Ricardo sempre pergunta sobre o estado de saúde dela e tem muito arrependimento de ter discutido no trânsito e ter causado ferimentos na senhora Tatiana”, disse.
Ainda de acordo com Leonardo, Milhomem não teve a intenção de atropelar Tatiana. “Nas palavras dele (Milhomem): ‘não há um único dia em que eu não me arrependo do que aconteceu’, e continua, ‘matar a Tatiana jamais passou pela minha cabeça. Fiquei surpreso com a denúncia que disse que eu tentei matar a advogada’”, escreveu o defensor.
Outro lado
O pai da vítima, o aposentado Luiz Sérgio Machado, 65 anos, conversou com o R7 por telefone na última sexta-feira (10). Ele falou sobre o lento processo de recuperação de Tatiana, sobre os netos e sobre o acidente que arrasou a família e chocou o Distrito Federal. O aposentado disse que o crime foi calculado. “Já vi muita tragédia, tristeza, sei que as pessoas fazem coisas inesperadas. Mas foi tão calculado. Ele parou, pensou, refletiu, não teve meio termo.”