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Motoboy entregou 'kit Covid' na casa de paciente da Prevent Senior

Após cinco dias tomando medicamentos ineficazes contra a doença, ele foi internado com pneumonia bacteriana

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Paciente ficou 120 dias internado em unidade da Prevent, em São Paulo
Paciente ficou 120 dias internado em unidade da Prevent, em São Paulo Paciente ficou 120 dias internado em unidade da Prevent, em São Paulo

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o advogado Tadeu Frederico de Andrade, 65 anos, paciente da operadora Prevent Senior, afirmou que recebeu em casa, de um motoboy, um 'kit Covid' receitado por uma médica da operadora. Andrade foi infectado com a Covid-19 no fim do ano passado e, ao fazer a consulta com a médica, lhe foi receitado o conjunto de medicamentos ineficazes contra a doença, como cloroquina.

"No dia 25, eu, em contato com o aplicativo que a Prevent Senior tinha disponibilizado, fiz uma consulta com essa médica, que durou menos de dez minutos, na qual eu relatei que estava com febre e dor no corpo. Ela disse, então, que mandaria algum medicamento para a minha residência. Quando recebi, verifiquei que era hidroxicloroquina, ivermectina e todo aquele chamado kit Covid. Foi enviado por um motoboy. Comecei a tomar — não tinha o que contestar; eu estava sendo orientado por uma médica. O tratamento duraria cinco dias. Acontece que eu não melhorei, eu piorei", afirmou.

Após a piora, o paciente foi a uma unidade de saúde da operadora já com pneumonia bacteriana. Ele ficou internado por 120 dias. "Comecei a ser medicado por uma teleconsulta, sem saber o que tinha. Tive o resultado positivo, já estava terminando esse tratamento de cinco dias; e eu piorando. Foi quando, no dia 30 de dezembro, à noite, tive que ir para um pronto-socorro da Prevent Senior e fiz lá novamente um exame de PCR. O resultado saiu na hora e deu positivo (para Covid), e foi confirmado que eu estava com pneumonia bacteriana, só que avançada já", pontuou.

Denúncias

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A Prevent entrou no foco da CPI após médicos da operadora enviarem um dossiê com uma série de denúncias contra a operadora. Um dos pontos levantados era a obrigatoriedade na prescrição do chamado 'kit Covid', o que fere a autonomia médica. A empresa realizou, no início da pandemia, um estudo com o uso de cloroquina e, segundo denúncia, ocultou mortes de pacientes por Covid-19.

O grupo de médicos ainda apontou que a empresa teria subnotificado casos e óbitos pela doença, além de ter feito testes com a utilização desses remédios ineficazes contra a Covid-19. Para tal, segundo denúncia, a empresa teria limitado o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no atendimento aos clientes, chegando a proibir a máscara em algumas situações.

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A questão teria, também de acordo com a denúncia, o propósito de facilitar a disseminação do vírus da Covid-19 no ambiente hospitalar a fim de iniciar um protocolo de testes para o tratamento da doença. Conforme publicado na última quarta-feira pelo R7, a operadora Prevent Senior gastou 796,9% a mais entre março e dezembro de 2020, período da pandemia, com medicamentos do chamado "kit Covid", na comparação com todo o ano de 2019. Durante a pandemia, entre março do ano passado e agosto deste ano, a empresa gastou R$ 5,3 milhões com os remédios sem eficiência comprovada contra a Covid-19.

Em depoimento à CPI, no último dia 22, o diretor-executivo da Prevent, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que a empresa enviasse o chamado "kit Covid" a beneficiários da operadora. “Eram enviadas as medicações prescritas pelos médicos. Nunca houve kit. Variavam as prescrições. O que foi enviado foram medicações conforme a prescrição médica”, afirmou.

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