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Mulher opera nariz com dentista e tem complicações para respirar

Em exame com otorrino, foram identificadas diversas lesões, obstrução nasal e pedaço de plástico como suposta cartilagem 

Brasília|Do R7, em Brasília

Um plástico teria sido inserido no nariz da paciente como se fosse uma cartilagem
Um plástico teria sido inserido no nariz da paciente como se fosse uma cartilagem Um plástico teria sido inserido no nariz da paciente como se fosse uma cartilagem

Uma mulher de 57 anos está sem conseguir respirar pelo nariz após passar por procedimentos cirúrgicos estéticos realizados em uma clínica odontológica de Taguatinga, no Distrito Federal. Ubirany Carvalho relata ter sido operada quatro vezes por uma dentista. As intervenções, no entanto, causaram uma obstrução nasal. Ela também está com um plástico dentro do nariz, que teria sido deixado durante os procedimentos. A mulher vai ter que passar uma cirurgia para recuperar a respiração. 

Os procedimentos teriam sido realizados entre dezembro de 2020 e junho de 2021, segudo Ubirany. Ela procurou a clínica no ano passado por estar insatisfeita com a aparência do nariz. O espaço foi indicado pela sobrinha. No local, a dentista responsável pelos procedimentos, identificada como Celia Bezerra, realizou uma alectomia (cirurgia para diminuiu o diâmetro das asas nasais), em dezembro do ano passado.

A paciente, no entanto, não gostou do resultado e a dentista sugeriu realizar novamente o procedimento. A família diz que, no período, Ubirany realizou duas alectomias, duas outras intervenções e um corte na boca para remoção de uma cartilagem. Na última operação, em junho desse ano, segundo a paciente, teria sido inserida uma cartilagem no nariz. Dias depois do procedimento, a paciente começou a sentir fortes dores e mal cheiro na região do nariz.

Erbert Carbalho, 19 anos, filho da paciente, conta que os procedimentos foram todos realizados pela dentista e com anestesia local. Todas as intervenções custaram R$ 4 mil. "Na última cirurgia, foi retirada a cartilagem nasal, modelando o nariz dela com uma nova cartilagem. Quando foram retirados os pontos, a minha mãe se queixou de fortes dores na gengiva. Observei uma cartilagem saindo pela boca. Voltamos ao consultório no dia seguinte e outro procedimento foi iniciado, para remoção da cartilagem", lembra.

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Depois da retirada dos novos pontos, Erbert disse que a dentista alertou sobre a necessidade de um novo procedimento, pois a cartilagem estava sendo rejeitada. "A dentista disse que, desta vez, daria certo, pois ela estava se aperfeiçoando. O procedimento foi realizado, com a troca da cartilagem anterior por uma nova", lembra o filho. Todas as intervenções foram feitas na clínica odontológica.

Em agosto deste ano, a paciente decidiu buscar ajuda com outros profissionais. Em uma consulta com otorrino, foram diagnosticados "passagem forçada do plástico no tecido que separa as narinas, presença de corpo estranho, classificado como plástico, preso no septo anterior, diversas cicatrizes e estreitamento de válvula nasal externa."

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Proibição

Os procedimentos realizados pela dentista são proibidos. Desde agosto de 2020, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) vetou a realização de alectomia, rinoplastia e outros procedimentos por dentistas. O artigo 4° da resolução CFO-230, diz que o cirurgião-dentista que realizar, coordenar ou aplicar cursos dos procedimentos proibidos na resolução, poderá responder a processo ético disciplinar.

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Mariana Soares, coordenadora de fiscalização Conselho Regional de Odontologia do DF (CRO – DF), detalha que algumas clínicas criam novos nomes de procedimento para atrair pacientes e burlar a lei. "Temos visto a substituição da nomenclatura para incentivar o paciente a fazer um procedimento que ele (o dentista) não está capacitado a fazer”, afirma.

O CRO já abriu uma apuração para investigar o caso, mas não passa detalhes sobre a investigação.

R7 entrou em contato com a clínica odontológica. Por telefone, Celia Bezerra afirmou que o procedimento realizado em Ubirany foi "Rino 4D", mas, segundo ela, o estabelecimento não realiza mais o procedimento por ser proibido pelo CFO.

Ainda segundo a dentista, na época do atendimento de Ubirany, o procedimento não estava proibido e tudo foi realizado no próprio consultório. A clínica tem diversos perfis nas redes sociais, onde são divulgados procedimentos de "rinomodelação."

Investigação

O caso está na polícia. Ubirany registrou uma ocorrência na 17° Delegacia de Polícia do DF (Taguatinga Norte). Ela passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) e aguarda o laudo pericial. Além de procurar a 17° DP, a vítima realizou denúncia no Conselho Regional de Odontologia do DF.

Para desfazer os procedimentos realizados, a mulher procurou vários profissionais que se recusaram e operá-la. Ela recorreu ao Hospital de Base, onde aguarda agendamento de cirurgia. Ubirany corre risco de infecção generalizada pelo plástico inserido em seu nariz.

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