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Pelo menos cinco ministros do STF devem votar contra o orçamento secreto

A Record TV apurou que parte dos magistrados acredita na modulação dos efeitos da norma para garantir mais transparência

Brasília|Clébio Cavagnolle, da Record TV

Fachada do STF com Congresso Nacional ao fundo
Fachada do STF com Congresso Nacional ao fundo Fachada do STF com Congresso Nacional ao fundo

Pelo menos cinco ministros devem votar pela inconstitucionalidade do orçamento secreto, tema que está na pauta desta quarta-feira (7) do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), apurou a Record TV.

Fontes explicaram à reportagem que, tecnicamente, isso não quer dizer os ministros são contra a existência do orçamento secreto, mas contra os moldes atuais. A maioria acredita numa modulação para restringir um pouco e dar total transparência às emendas

Há ainda a chance de algum dos ministros pedir vista, isto é, mais tempo para analisar a questão, o que pararia o julgamento por tempo indeterminado. O ministro Nunes Marques poderia fazer isso, na avaliação de fontes ligadas da corte.

Se acontecer, os outros magistrados podem adiantar votos. Além disso, a própria presidente do STF, Rosa Weber, assinaria uma medida cautelar com suspensão da norma até a retomada do julgamento.

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Segundo a apuração do Record TV, o orçamento secreto, ao fim do julgamento, não deve ser totalmente derrubado, mas o modo como ele funciona deve ser alterado pela corte.

Lira e Pacheco

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) pautar para esta quarta-feira o início do julgamento de quatro ações que contestam a validade das emendas de relator — que compõem o chamado orçamento secreto —, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), começaram discussões para propor um novo formato de distribuição dos recursos.

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O objetivo dos dois seria formular um método que dê mais transparência à iniciativa, que foi alvo de questionamentos no STF pela falta de publicidade sobre quais deputados e senadores usam o orçamento secreto e quanto cada parlamentar tem direito nas emendas de relator.

Uma das propostas cogitadas pelos dois presidentes é de que Câmara e Senado dividam uma parte do orçamento secreto de maneira igualitária. Atualmente, não há uma regra que obrigue a uma divisão uniforme do orçamento secreto entre todos os deputados e senadores.

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Nessa segunda-feira (5), Lira e Pacheco estiveram juntos na residência oficial da Câmara para debater o tema. Há um receio no Congresso Nacional de que o STF decida que o orçamento secreto é inconstitucional e, com isso, derrube a validade da iniciativa.

Os recursos do orçamento secreto são controlados pelo parlamentar escolhido pelo Congresso para ser o relator da Lei Orçamentária Anual (LOA). Todos os deputados e senadores podem sugerir ao relator qual deve ser a destinação dessas emendas.

Suspensão em 2021

No ano passado, quando o STF passou a analisar o tema, a ministra Rosa Weber, relatora das ações contra o orçamento secreto, suspendeu temporariamente a execução dos recursos e cobrou do parlamento que desse informações mais detalhadas sobre como era feita a repartição da verba, como os nomes de deputados e senadores que usufruíram as emendas em 2020 e 2021, e quais critérios técnicos eram levados em conta para a distribuição dos recursos.

Enquanto o orçamento secreto estava suspenso, Câmara e Senado aprovaram um projeto de resolução sobre o tema que previa, entre outros pontos, a criação de um site para que fossem publicadas todas as informações relacionadas às indicações das emendas. O endereço eletrônico feito pelo Congresso, contudo, não informa com clareza quais parlamentares indicaram os recursos.

Além disso, as duas casas publicaram um ato conjunto para detalhar alguns dados sobre o uso dos recursos nos últimos dois anos, como para quantos ministérios essas verbas foram destinadas e quantas prefeituras foram contempladas com emendas.

Entretanto, a publicação não informou quais parlamentares receberam o dinheiro. De todo modo, Weber continuou cobrando a divulgação dos nomes de todos os parlamentares que usaram emendas em 2020 e 2021, o que foi feito pelo Congresso apenas neste ano.

Governo federal e PGR defendem

Ao STF, governo federal e Procuradoria-Geral da República (PGR) defenderam a validade do orçamento secreto. Por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), o Executivo federal disse que o Supremo não pode interferir em um assunto que é de exclusividade do Congresso Nacional.

"Em se tratando de decisões relacionadas à definição de critérios de alocação orçamentária, não dispõe o Poder Judiciário da indispensável capacidade institucional para tutelar ou supervisionar a escolha técnico-política dos órgãos do governo federal e do Congresso Nacional legal e constitucionalmente incumbidos dessa tarefa", disse a AGU.

Já a PGR afirmou que, "embora a iniciativa dos projetos das leis orçamentárias seja privativa do presidente da República, ao Congresso Nacional é que cabe deliberar sobre eles, inclusive com a aprovação de emendas aos projetos, independentemente de terem sido formalizadas pelo relator-geral, pelos relatores setoriais, pelas comissões, pelas bancadas estaduais ou, individualmente, pelos parlamentares".

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