Na última década, o segmento dos utilitários se tornou um dos mais acirrados do mercado, com modelos cada vez mais tecnológicos e eficientes para atender às novas demandas do consumidor e exigências ambientais. Nesse cenário, os clássicos precisam se reinventar.
Esse é o caso do Jeep Cherokee, lançado há 40 anos nos EUA e que, na quinta geração recém-chegada ao Brasil, ganhou nova roupagem e itens inéditos para recuperar as vendas e voltar a ser referência entre os rivais mais jovens.
O R7 Carros foi até a cidade de Atibaia, em São Paulo, para avaliar a versão intermediária Limited (R$ 174.900), que segundo a Jeep responderá por 60% das vendas do modelo – as outras duas são a Longitude (R$ 159.900) e a Trailhawk (R$ 189.900), que chegam no fim do ano e responderão por 30% e 10%, respectivamente.
Na estrada
Um dos destaques do modelo é o novo motor V6 3.2 de 271 cv de potência e 32,2 kgfm de torque acoplado ao câmbio automático de nove marchas (já disponível no Land Rover Range Rover Evoque, um dos seus rivais).
Esse novo conjunto mecânico, que equipa as três versões do modelo, entrega fôlego de sobra no asfalto, com acelerações vigorosas e baixo ruído na cabine. As trocas constantes da caixa automática, por sua vez, são pouco sentidas e garantem o baixo giro do motor – a 120 km/h, o conta-giros apontava 1.500 rpm.
Em curvas, o Cherokee também foi bem e, graças à suspensão independente na dianteira e traseira, oscilou pouco mesmo em entradas mais vigorosas. A suspensão macia e a boa altura do solo também agradarão quem busca um carro confortável e imponente para guiar na cidade.
Pausa de descanso
Externamente, o visual do modelo divide opiniões. E o responsável por isso é o controverso conjunto óptico dianteiro, formado por três faróis (LED, bi-xenon e neblina), que torceu narizes e, ao mesmo tempo, despertou elogios no lançamento do modelo.
Por dentro, a cabine tem bom acabamento e visual mais sóbrio. Os destaques são a intuitiva central multimídia, com GPS integrado e tela e 8,4 polegadas, o monitor no painel de instrumentos que traz informações do computador de bordo e o teto solar panorâmico, que equipa as versões mais caras do modelo.
Apesar de o espaço ser generoso na frente e das dimensões externas (1,8 m de largura, 1,7 m de altura, 4,6 m de comprimento e 2,7 m de entre-eixos), atrás os passageiros são prejudicados pelo elevado túnel central, que rouba espaço das pernas do terceiro ocupante, e pela baixa altura do teto – com 1,80 metro, minha cabeça quase raspou no teto. No porta-malas cabem 500 litros.
Fora da estrada
Assim como a versão de entrada, a intermediária Limited é equipada com tração integral que atua sob demanda, ou seja, distribuiu automaticamente a força para as rodas de acordo com a situação — como falta de aderência de uma das rodas, por exemplo.
Um botão seletor giratório à esquerda do câmbio oferece quatro modos de condução: automático, sport, snow (neve) e sand/mud (areia/lama). No modo automático, o Cherokee roda suave e silencioso sobre o terreno acidentado, absorvendo os buracos sem sacolejos ou pancadas.
No modo sand/mud, o giro do motor sobe mais rápido para entregar mais torque em baixas velocidades, para que o carro saia mais fácil de um atolamento ou situação de roda suspensa, por exemplo.
A versão mais indicada para o circuito off-road, porém, é Trailhawk, que chega no fim do ano e conta com bloqueio de diferencial traseiro e reduzida, além de controle de descida (HDC) e controle de velocidade off-road.
De série, o Cherokee conta com sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um para os joelhos do motorista), controle eletrônico de estabilidade (ESC), controle eletrônico de rolagem (ERM), câmera de ré e sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, além da central multimídia e teto solar panorâmico supracitados.
Entre os rivais, o Cherokee mira a Volvo XC60, Land Rover Range Rover Evoque, Kia Sorento e Hyundai Santa Fe para retomar as vendas no segmento - a previsão é de 1.200 unidades emplacadas por ano. Se depender da tradição e virtudes, ele está bem armado para o confronto no segmento.
*Jornalista viajou a convite da Jeep no Brasil