Estilo é algo que os brasileiros adoram. O design é um dos principais motivos de compra de carros por aqui. Mas, misture dois tipos nada parecidos, e chegamos ao novíssimo Mercedes-Benz GLC Coupé. Com linhas afiadas e dianteira um tanto agressiva, o utilitário mistura o porte de SUV a traços de cupê, com caimento acentuado do teto na porção traseira. O desenho é moderno e tem seu exotismo. O destaque é a grade frontal preenchida por pontos cromados. O modelo acaba de desembarcar no País por R$ 299,9 mil.
Por enquanto, o GLC Coupé será comercializado em versão única, a 250, com o conhecido 2.0 turbo a gasolina de injeção direta, capaz de gerar até 211 cv de potência a 5.500 rpm, e um belo torque de 35,7 kgfm entre 1.200 e 4.000 rotações. O motor é gerenciado pela transmissão automática de nove marchas (9G-tronic) e oferece números surpreendentes. Mesmo com mais de 1,7 tonelada, leva apenas 7,3 segundos para arrancar de 0 a 100 km/h. A velocidade máxima é de 222 km/h, segundo dados oficiais.
Com tração integral permanente (4Matic), o SUV-cupê é derivado do GLC, que nasce da plataforma moderna do sedã Classe C. Só que a versão esportiva é maior. Tem 4,73 metros de comprimento, por 1,89 m de largura e 1,60 m de altura, com generosos 2,87 m de entre-eixos — é 8 cm mais comprida e 4 cm mais larga. As medidas refletem sobretudo no porta-malas, que em posição normal oferece 645 litros. Se os bancos forem rebatidos, o espaço para malas no compartimento chega a impressionantes 1.785 litros.
Visto por fora, o utilitário é imponente e agressivo. Além da grade "diamante", a dianteira tem os sofisticados faróis full LED de alta performance, que à primeira vista parecem ser de xenônio. Seus canhões de luz têm um poder de iluminação impressionante — não é exagero dizer que transformam a noite em dia. A temperatura dos fachos é bem próxima à luz natural do dia, o que acaba por cansar menos os olhos que os faróis de xenônio, proporcionando maior visibilidade e segurança em viagens noturnas.
Esta tecnologia dos faróis é a mais moderna da Mercedes-Benz, e chegará em breve a todos os carros da marca. Mas faltou incluir no GLC Coupé o sistema de faróis automáticos, que alterna automaticamente entre os fachos alto e baixo. No modelo que testamos, a mudança fica com o motorista. Por sinal, o SUV-cupê é bem recheado, mas decepciona na relação custo/benefício. A lista de fábrica não traz vários itens esperados, como alerta de ponto cego nos retrovisores e assistente de permanência em faixa.
Segundo a fabricante alemã, os sistemas semiautônomos da marca ainda estão em processo de calibração para o Brasil. Isso explica porque o utilitário também não vem com controle de cruzeiro adaptativo (ACC), que acelera e freia o carro sozinho, operando a partir de sensores e câmeras. Nesse sentido, o GLC Coupé deixa a desejar. Mesmo assim, há grande quantidade de equipamentos a bordo, especialmente na parte de conforto. O acabamento é outro ponto alto. A cabine é simplesmente impecável.
Ao volante, o GLC Coupé é viril e confortável. Parece um aracnídeo em movimento, com carroceria alta, teto baixo e pneus largos (255/45 na dianteira e 285/45 na traseira, ambos montados em rodas de 20 polegadas). O isolamento acústico só não é perfeito porque o ruído de contato dos pneus com o asfalto é presente. Não chega a incomodar, mas é notado a todo instante. A contrapartida é o rodar seguro, firme e grudado no chão. Mesmo em alta velocidade, o SUV-cupê entrega elevada precisão nos movimentos.
Em relação ao desempenho, o utilitário esportivo da Mercedes entrega o que se espera. O programa de condução Dynamic Select faz mágica e altera o comportamento e as respostas de forma surpreendente. No modo Sport+, o conjunto mecânico fica sensivelmente mais ágil e até nervoso, produzindo acelerações fortes e fazendo o motor trabalhar com giro alto. Já no modo voltado à economia, atrasa as trocas e mantém os giros sempre baixos, para reduzir o consumo de combustível. Há start/stop para ajudar.
Para um SUV, digamos que o GLC Coupé está na média da categoria. Os rivais BMW X4 e Land Rover Evoque oferecem motores e desempenho similares. O que falta mesmo ao Mercedes é um pacote de equipamentos mais sofisticado. Por R$ 300 mil, o modelo deveria trazer conteúdo maior, principalmente em relação aos eletrônicos. A central multimídia, por exemplo, tem um controle de superfície touch no console entre os bancos e uma série de gráficos do carro. Mas a tela não é touch e falta adotar a interface Android Auto.
Outro item curioso é a chave presencial. A partida do motor é feita por botão, mas o acesso à cabine requer comando pela chave — não há sensor nas maçanetas, para abertura e/ou fechamento automático das portas. Ao mesmo tempo, não dá para reclamar. Há um arsenal de segurança ativa e passiva à disposição, com sete airbags (incluindo um para os joelhos do motorista), ABS, controle de estabilidade, assistente de saída em ladeiras e função Hold (mantém o carro freado nas paradas).
Considerações finais
O trunfo do GLC Coupé é claramente o estilo. Ao vivo, o utilitário-cupê é imponente, chama a atenção e transmite muito status. Ao volante, o motorista tem um bom equilíbrio entre desempenho e conforto. O consumo de combustível se mostrou moderado, com média de até 10 km/l na estrada e cerca de 8,4 km/l na cidade. Por dentro há luxos como ajuste elétrico nos bancos dianteiros, farto revestimento em couro e muitos detalhes de acabamento. O espaço interno é outro ponto forte, com o porta-malas enorme.
A Mercedes-Benz não fala em expectativa de vendas e números, mas assume que o modelo será mais procurado por homens, por causa do design. Na comparação com o GLC normal, o Coupé só perde em visibilidade. Ao entrar na cabine, o retrovisor mostra a diferença. Mas, mesmo com jeitão de esportivo, o SUV tem cabine ampla e chique. Ou seja, a versão é mais musculosa e imponente, sem ônus para os passageiros. Em resumo, é um carro de nicho. O que para alguns é estilo, para outros pode ser exagero.
FICHA TÉCNICA
Mercedes-Benz GLC 250 Coupé 4Matic
Motor: 2.0 16V, comando variável, injeção direta, turbo, gasolina
Potência: 211 cv a 5.500 rpm
Torque: 35,7 kgfm entre 1.200 e 4.000 rpm
Câmbio: Automático sequêncial, nove marchas
Direção: Assistência elétrica; tração integral (4Matic)
Suspensão: Independente nos dois eixos, com braços múltiplos
Freios: Discos ventilados nas quatro rodas
Pneus e rodas: 255/45 R20 (dianteiros) e 285/40 R20 (traseiros)
Dimensões: 4,73 m (c), 1,89 m (l), 1,60 m (a) e 2,87 m (entre-eixos)
Peso: 1.735 kg (ordem de marcha)
Porta-malas: 645 litros e 1.785 litros (banco rebatido)
Tanque de combustível: 66 litros
Aceleração 0-100 km/h: 7,3 segundos
Velocidade máxima: 222 km/h
Principais equipamentos: ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial com partida do motor por botão, ajustes elétricos nos bancos dianteiros com memória, revestimento em couro por toda a cabine com detalhes cromados e em black piano, faróis e lanternas full LED, star/stop, central multimídia com câmera de ré, GPS, rádio/CD, comandos no volante e porta USB, sensores de luz, de chuva e de obstáculos, controle de cruzeiro e limitador de velocidade, alarme, freios com ABS, distribuidor eletrônico e assistente de emergência, controle de estabilidade, assistente de saída em rampas, freio de mão eletrônico e função Hold, programa de condução Dynamic Select, pacote de estilo AMG, assistente de estacionamento (Parktronic) e sete airbags.
Preço sugerido: R$ 299.900