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Aumento do etanol na gasolina vai prejudicar consumo dos carros? Especialista responde a cinco perguntas

Proporção do combustível vegetal no fóssil subirá de 25% para 27% no meio de março

Carros|Diogo de Oliveira, do R7

Gasolina comum passará a ter mais etanol em sua composição
Gasolina comum passará a ter mais etanol em sua composição Gasolina comum passará a ter mais etanol em sua composição

A partir do dia 16 de março, a gasolina brasileira passará a ter mais etanol em sua composição. O percentual, que já foi de 22%, passará dos atuais 25% para 27% da mistura. A decisão foi tomada em setembro de 2014, em Brasília, quando a presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou o projeto de lei determinando a mudança. E desde então, o tema vem levantando dúvidas e críticas. Afinal, o que muda na gasolina?

Para responder às perguntas, R7 Carros conversou com o professor Renato Romio, chefe do laboratório de motores e veículos do Instituto Mauá de Tecnologia. Para o engenheiro, a alteração é irrisória e não deve influenciar. "São apenas dois pontos percentuais que não devem refletir nem no consumo, nem no desempenho".

R7: Os carros vão "beber" mais com a nova gasolina?

Renato Romio: Antes de mais nada, temos de pensar que são apenas dois pontos percentuais, a mistura vai subir de 25% para 27%. É uma diferença muito pequena, e tudo que impactar será igualmente pequeno. Embora o etanol tenha menos energia que a gasolina, a diferença de consumo não deve chegar a 1% para o consumidor. Ou seja, se fizermos uma medição, não teremos mudança significativa no resultado.

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R7: Veículos mais antigos e/ou movidos apenas a gasolina podem ter problemas?

Romio: Não. A nova gasolina não influenciará o desgaste de peças, porque os componentes já estão preparados para percentuais maiores de etanol — aceitam até 30%, em geral. Existem alguns modelos importados no início dos anos 90, de forma independente, que poderiam apresentar algum defeito. Mas se estes modelos sobreviveram até hoje e já aceitavam a gasolina com 22% a 25% de etanol, não será agora que eles darão problema. 

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R7: A Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos) recomendou, em fevereiro, que os donos de veículos movidos apenas a gasolina usem o combustível premium. É realmente necessário?

Romio: Ao propor o uso da gasolina aditivada, a Anfavea fez uma opção conservadora. Em outras palavras, os fabricantes não quiseram arriscar. Por isso foi feita a sugestão. Mas não haverá muita diferença na prática.

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R7: A presença maior de etanol na gasolina pode aumentar a potência gerada pelos motores?

Romio: Não será perceptível, pois, antes mesmo de chegar às ruas, os carros foram configurados para se adaptarem aos combustíveis nacionais. Os modelos mais novos já vêm de fábrica calibrados para beber a gasolina brasileira, têm componentes alterados para suportar até 30% de álcool na composição. Prova disso é o velho hábito de se fazer o "rabo de galo", colocando um pouco de etanol no tanque. Quer dizer, mesmo o carro que não é flex tem uma tolerância de fábrica para a mistura maior.

R7: Você considera a decisão meramente política?

Romio: Sim. Acredito que o aumento foi uma decisão política. Até existe o lado ambiental, mas não ouvi ninguém falar nisso. Existem dois tipos de gases poluentes que os carros emitem, o dióxido de carbono (CO²) e os que saem pelo escape e causam a poluição localizada. Aqui são três tipos: o monóxido de carbono (CO), os hidrocarbonetos (HC) e o óxido de nitrogênio (NOx). Estes são os grandes vilões da saúde, são os gases que poluem o ambiente em volta dos carros. Já o dióxido de carbono (CO2), que não é venenoso, mas causa o efeito estufa, é uma poluição global. Quem circula em São Paulo, por exemplo, tem que se preocupar com os gases localizados, estes é que fazem mal à saúde. O CO² é problema global. E o etanol emite os mesmos gases dos carros a gasolina. A grande vantagem é que o CO² é reabsorvido pela natureza — por isso, fala-se que o uso do combustível vegetal polui menos. É o ciclo da natureza, o CO² emitido pelos carros abastecidos com etanol volta para as plantações de cana-de-açúcar e são absorvidos durante a fotossíntese — daí o uso da expressão "sustentável".

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