Os números de produção e vendas de veículos no Brasil encerraram o primeiro semestre de 2016 ainda bem amargos. Enquanto as fábricas entregaram 21,2% menos comparado ao primeiro semestre de 2015, os licenciamentos encolheram 25,4% no período. Foram 983.536 unidades emplacadas de janeiro a junho deste ano, contra 1.318.949 modelos vendidos na primeira metade do ano passado.
Se fechar a conta nos automóveis e comerciais leves, a queda é igualmente desastrosa: 952.264 unidades até junho contra um acumulado robusto de 1.271.999 de carros nos seis primeiros meses de 2015. A produção acompanha a queda, mesmo com bilhões investidos em novas fábricas nos últimos anos. Foram 1.016.680 de unidades entregues ante 1.289.871 montadas no mesmo período de 2015.
Apesar do cenário assustador, Antonio Megale, presidente a Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos), afirmou que é possível "ver a luz no fim do túnel". Segundo o executivo, junho marcou o fim da série negativa e já é possível projetar uma retomada, ainda que discreta. As fábricas entregaram 4,2% mais veículos que em maio, e os licenciamentos subiram 2,6% frente ao mês anterior.
— O mercado parece ter encontrado seu patamar de estabilização. Alguns indicadores estão mais positivos, tanto em relação à confiança do consumidor quanto na própria economia do País, que dá sinais de equilíbrio nas contas públicas e aponta queda da inflação. Também tivemos a estabilização do nível de emprego, o que mostra que as empresas continuam trabalhando para manter funcionários.
Indústria muito ociosa
De acordo com Megale, o Brasil possui hoje capacidade para produzir até 5 milhões de veículos, incluindo ônibus e caminhões. Porém, a estimativa da Anfavea é de que 2,429 milhões de unidades sejam montadas em 2016, menos de 50% do que as fábricas podem entregar. Isso explica também o volume ainda elevado de trabalhadores que continuam empregados, mas estão sem trabalhar. Segundo a entidade, há cerca de 21 mil empregados em esquema de PPE, e outros 5 mil em lay-off.
— Até 2014, tínhamos produção maior que a quantidade de empregos na indústria, e por isso tivemos de flexibilizar os processos para produzir mais. Agora, temos o cenário inverso, a produção está inferior ao nível de mão de obra, temos um contingente excedente de trabalhadores nas empresas. E só com a retomada do mercado poderemos reduzir a quantidade de trabalhadores ociosos. Esperamos que possamos diminuir esse gargalo no fim deste ano e em 2017, com a volta do crescimento.
Exportação positiva
O único indicador da indústria automobilística que segue apresentando ótimos números é a exportação. Entre janeiro e junho deste ano, 226.645 veículos foram enviados ao exterior, volume 14,2% maior que os 198.455 modelos exportados no mesmo período de 2015.
— Os mercados de exportação hoje são a grande alternativa. À medida que finalizarmios os acordos comerciais, falta só Colômbia e Peru, já fechamos com México, Uruguai e Argentina. Do ponto de vista de crescimento, a Colômbia é muito importante. Ou seja, à medida que conseguirmos aumentar as exportações, conseguiremos estabilizar o nível de emprego na indústria.