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Publicado em 06/10/2011 às 09h30

Test-drive: Ford aposta em tecnologia e
recheia New Fiesta para justificar preço

Modelo parte de R$ 48.950 e já vem bem completo; versão mais cara atende até celular

Fiesta lado GDivulgação

Desenho agressivo e moderno é destaque do hatch, mais bem acertado do que a versão sedã


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Marcel Gugoni, do R7, em Punta Del Este (Uruguai)*

Tecnologia. Essa é a palavra que resume a aposta da fabricante americana Ford sobre o New Fiesta Hatch, compacto que disputa um dos nichos mais concorridos do mercado automotivo brasileiro.

Veja o test-drive do New Fiesta Sedan

O veículo sai da loja a partir de R$ 48.950, na configuração mais básica. Ela vem equipada com vidros, travas e direção elétricas, ar-condicionado, rádio embutido com entrada para CD e MP3 player, alarme e um computador de bordo com controles no volante.

Essa é a primeira – e mais barata – configuração oferecida pela Ford para o modelo, vendido somente na versão batizada de SE. Não há motorizações diferentes ou pacotes de acabamento além das oito cores disponíveis. O único irmão do New Fiesta hatch é o sedã. O motor que equipa todos é um só: o Sigma 1.6 16V, mais leve que o Rocam (do "old Fiesta") e mais potente, com 110/115 cv com gasolina/etanol e consumo médio de 12,1/8,2 km/l de gasolina/álcool.

Quem quiser mais do carro, que leve as versões caras, que vêm com muito mais tecnologia. São duas opções: o chamado catálogo 1 (que custa R$ 51.950) e o catálogo 2 (R$ 54.950). Elas mostram por que a aposta da Ford em tecnologia é acertada para o veículo e deve colocá-lo em boa posição diante da concorrência. O R7 andou na versão top de linha.

 

 Fiesta trás G

Bela traseira tem tudo para conquistar clientela que busca diferenciação (Divulgação)

Tecnológico por fora

Nesse mundo em que a tecnologia antecipa tudo, não dava para guardar segredo sobre a cara do New Fiesta hatch. Principalmente porque ele é praticamente idêntico ao irmão maior, exceto por alguns cromados na grade e no para-choque dianteiro e, no caso da versão topo de linha, pelas luzes de seta nos retrovisores. Sem contar, é claro, que ele não tem a bunda maior do irmão.

No lugar, um corte abrupto, mas arredondado, típico dos hatches atuais, com um spoiler na cor do carro sobre o vidro traseiro. As lanternas são grandes e triangulares, na altura do vidro.

O modelo segue à risca a ideia do design promovida pelo conceito Kinect, no qual todos os carros da Ford têm se baseado nos últimos anos. São linhas curvas e reentrâncias na lataria que dão ensação de movimento ao carro. Em poucas palavras, o carro é muito bonito, e chama a atenção na rua.

Um casal chegou a abordar a equipe durante o teste para parabenizar pelo “novo carro”. O rapaz até estranhou ver tantos iguais (era um comboio de New Fiesta), com placas de Camaçari (na Bahia, onde a Ford fabrica parte de seus carros no Brasil), circulando por Punta Del Este (Uruguai), onde ocorreu o lançamento e o test-drive.

- Vocês vieram da Bahia para cá dirigindo? É muito bonito. E já está vendendo, não?

Sim, está. Algumas concessionárias brasileiras adiantaram a oferta e mostraram o carro antes de ele ser lançado oficialmente. Nas ruas, quem ainda não viu o hatch pode se contentar com o sedã, que é quase idêntico e está no mercado há um ano.

 

 Fiesta interior G

Plástico emborrachado cobre boa parte do interior, acrescentando requinte (Divulgação)

Breque antiladeira

O New Fiesta hatch vem equipado com freios ABS e controle de tração, que não deixa o carro escapar nas curvas. A suspensão é firme e o carro não rabeia nem dá sinais de que vai perder o controle ao fazer uma manobra em alta velocidade.

E, na hora de subir um morro, desaparece o pânico de deixar o carro descer de ré. Há um controle de travamento das rodas que segura o veículo por até 3,5 segundos, tempo de o motorista trocar do pedal do freio para o do acelerador sem que o carro volte ladeira abaixo. Essa é para quem “não pegou a manha da meia aceleração ou odeia o freio de mão puxado na subida”, como definiu Romeu Ramos, da área de marketing da Ford. A tecnologia é muito útil, mas não deu para testá-la de forma efetiva na cidade costeira de Punta, porque a região do balneário uruguaio é toda plana.

O sistema só vem de fábrica a partir do catálogo 2 e pode equipar a versão 2012 do New Fiesta Sedan. A Ford não revelou quando vai colocar nas lojas o sedã com as tecnologias do compacto, mas antecipou que “todas elas vão estar no irmão maior também”.

Falando com o carro

Outro destaque é o computador de bordo das duas configurações mais caras. Ele vem com reconhecimento de voz totalmente programado para o português do Brasil. Isto é: se você discar um telefone que tenha o dígito 6, tanto faz se você pedir para o sistema discar “seis” ou “meia”. Ele vai achar o número que você quer.

Em uma demonstração dos engenheiros, o motorista acessou a playlist de músicas do celular para tocar no alto-falante do carro pelo sistema, chamado Sync. No test-drive, a operação de parear o celular com o computador se mostrou um tanto trabalhosa. Outro ponto falho é a incompatibilidade com o iPhone. Se você tiver o telefone da Apple, não vai poder atendê-lo em movimento. Aparelhos com Android e outros sistemas operacionais rodam numa boa.

Além disso, o Sync é capaz de ler os SMS recebidos ou até encontrar aquela música de que você lembra o nome, mas não a banda. O carro tem entrada USB para o caso de haver playlists perdidas em MP3 players e celulares sem Bluetooth.

Como não é só de tecnologia que vive um carro, não basta dizer que ele é bem acabado. Tem que dizer que conta com itens de segurança como air bags (até sete, incluindo laterais e de joelhos, na versão mais cara), três anos de garantia e o seguro mais barato que o dos concorrentes, segundo a Ford.

O interior da versão top conta com confortáveis bancos de couro e apoio para o braço do motorista. O painel é todo de plástico emborrachado, que dá boa sensação ao toque. Outras partes poderiam ter o mesmo material, em vez do plástico simples.

As luzes internas são de led e as ferramentas do painel estão bem agrupadas em um desenho futurista (que lembra o logotipo dos Transformers), com um teclado numérico como o dos telefones. O friozinho uruguaio fez com que a falta do ar-condicionado digital passasse despercebida. Grandes botões analógicos do painel servem para ajustar a temperatura interna do carro.

O acabamento mais caro garante que o veículo venha com rodas de liga leve de 16 polegadas, em vez das de 15 que equipam as versões mais baratas.

O conjunto de motor e câmbio (manual de cinco velocidades) responde rápido aos comandos do motorista. A direção elétrica, que equipa até a configuração mais barata do carro, permite que a experiência de dirigir seja bastante prazerosa. Dá para fazer baliza com um dedo – assim como no concorrente Citroën C3 (que também tem direção elétrica).

E o câmbio automático? A Ford diz que não planeja isso para o New Fiesta hatch porque “esse tipo [de transmissão] tem um mercado bastante enxuto e o volume não justifica [a produção]”. O C3 aposta nesse combo direção elétrica e câmbio automático com a versão Automatique, que sai mais barata do que o New Fiesta hatch. O consumidor é quem vai dizer qual vai se dar melhor.

 

Fiesta volante G 

Volante traz controles do rádio e permite atender ao telefone, quando sincronizado (Divulgação)

Vendas esperadas

Por falar em concorrência, a Ford diz que Fiat Punto e Volkswagen Polo já ganharam reestilizações e, apesar de mais baratos, não devem afetar as vendas do New Fiesta hatch. A montadora espera vender algo perto de 2.500 unidades por mês do compacto premium.

O New Fiesta hatch tem espaço interno um tanto limitado – um homem adulto de estatura média (entre 1,75 m e 1,80 m) vai com a cabeça roçando no teto e com as pernas um pouco apertadas.

Sem dúvida a tecnologia coloca a novidade à frente dos concorrentes e, apesar de ter chegado bem atrasado ao segmento, o carro tem potencial para fazer Fiat, Volks, Citroën e Honda, entre outras, se mexerem. É como um dos engenheiros resumiu, durante um papo informal no test-drive: “fazer carro caro cheio de tecnologia é fácil, difícil é fazer isso com preço limitado”.

 

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Veja as respostas corretas

*O jornalista viajou a convite da Ford Motors do Brasil