Terminou neste domingo (19) a edição 2014 do Salão do Automóvel de Paris, na França. Segundo o boletim dos organizadores, o motor show recebeu 1.231.416 visitantes desde a abertura, em 29 de setembro, confirmando sua tradição — foi o maior público do ano em feiras de carros. Pelos números oficiais, as montadoras presentes revelaram mais de 100 modelos inéditos, entre conceitos e lançamentos. Foi um celeiro de tendências.
O salão francês também refletiu toda a maturidade do continente europeu, que vem dando sinais de retomada nos últimos meses. Muitos dos veículos exibidos mostraram visões de um futuro próximo para eles, e distante para os países emergentes, como o Brasil. Já hiperseguros, os carros de lá caminham agora para a super economia de combustível, com médias de consumo espantosas, e a extrema integração entre smartphones e carros.
Nos painéis de vários modelos, telas viraram tablets, como nas novas gerações da minivan Renault Espace e do SUV sueco de luxo, Volvo XC90. Seus manuseios usam movimentos similares ao dos tablets e smartphones, em que as telas correm para as laterais e os ícones maiores facilitam a navegação. Algumas centrais multimídia já trazem os (recém-lançados) sistemas os operacionais Android Auto e Carplay, de Google e Apple.
Já os motores usam de tudo para economizar combustível, chegando a números astronômicos, como os 100 km/l do conceito Renault EOLAB, e os 50 km/l do Citroën C4 Cactus Airflow. Mesmo supercarros estão rumando para um novo estágio na história do automóvel. É o que mostrou a Lamborghini com o Asterion, primeiro superesportivo híbrido da marca. O cupê combina um poderoso 5.2 V10 com três elétricos para gerar 923 cv.
Os híbridos e elétricos de Paris, por sinal, são realidade para os próximos meses. Vários modelos estrearam na feira francesa, entre eles o novo Volkswagen Passat GTE, versão plug-in inédita que combina um 1.4 turbo de 156 cv — similar ao do Golf à venda no Brasil — com um motor elétrico de 112 cv. O sedã alemão, que teve o visual atualizado, funciona em modo elétrico e tem autonomia combinada de expressivos 1.000 km.
Crossovers, os "reis" do pedaço
Ao longo de duas semanas e meia, Paris revelou o lado mais sofisticado da engenharia automobilística, e refletiu a ligação profunda entre a capital francesa e a moda. Entre os carros-conceito, foi notável a presença de crossovers e SUVs compactos, dando sequência a um movimento irreversível do público consumidor, sobretudo o urbano, que busca mais espaço e conforto para enfrentar congestionamentos. Foi uma verdadeira profusão de utilitários.
Um dos principais lançamentos da feira, o Fiat 500X, crossover compacto com o design do hatch Cinquecento, estreou sob olhares curiosos. No estande vizinho, o Jeep Renegade, que será produzido no Brasil a partir de 2015, mostrou que o ataque da Fiat-Chrysler ao segmento será intenso. Na Peugeot, o crossover 2008, que também será brasileiro, festejou o sucesso na Europa, com mais de 200 mil unidades produzidas em menos de dois anos.
Na Honda, o CR-V ganhou visual mais moderno após leve reestilização, mas o destaque foi o HR-V, utilitário compacto feito sobre a base da dupla Fit e City. Chamado de Vezel no Japão, o "mini CR-V" apareceu ainda como protótipo, porém em formas finais — é outro que será produzido no Brasil, a partir de 2016. Ainda sem um SUV compacto, a arquirrival Toyota mostrou o C-HR, conceito que antecipa seu futuro crossover pequeno.
Entre os modelos maiores e mais chiques, destacaram-se as novas gerações de BMW X6, Ford Edge, Kia Sorento e Volvo XC90, além dos inéditos Land Rover Discovery Sport e Lexus NX — os seis virão ao Salão de São Paulo. As japonesas Mitsubishi e Suzuki completaram a enxurrada, com a versão plug-in do Outlander e a nova geração do Vitara — versão menor do Grand Vitara, vendido por aqui. Ao todo, foram umas duas dezenas de SUVs.
Glamour e LEDs contínuos
Evidentemente, o motor show francês também teve sua dose de "ostentação", com conceitos exuberantes, tanto em termos de design, quando em tecnologias inéditas, especialmente nos conjuntos óticos. A moda do momento é ter luzes de efeito contínuo, que percorrem faróis e lanternas. Vários modelos exibiram tal tecnologia, como o esportivo Mercedes-Benz AMG GT, e os conceitos DS Divine, Infiniti Q80 Inspiration e Peugeot Quartz.
Fazendo um balanço do Salão de Paris 2014, fica evidente a distância tecnológica entre modelos criados para mercados ricos e emergentes. Itens como start/stop e controle de estabilidade, que estrearam este ano nos compactos brasileiros, são recursos básicos, presentes até em modelos populares, como o trio francês Citroën C1, Peugeot 108 e Renault Twingo. Outro elemento "padrão" são as telas sensíveis ao toque.
Paris deixou o futuro muito claro e definido: não importa mais o perfil do veículo, é imprescindível que exista oferta de sistemas de segurança e conectividade, além de engenhocas que proporcionem o menor consumo de combustível. Modelos como a nova geração do smart ForTwo mostram que os carros de amanhã serão bem diferentes dos de hoje, tanto em design, como consumo e uso de combustíveis fósseis, e em conectividade.
*O jornalista viajou a convite da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores)
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