A versão 1,0 rende até 85 cv até potência e 10.7 kgfm de torque máximo
André Chiappero Schaun/R7Quem tem mais de 30 anos certamente se lembra dos filmes de Indiana Jones, famoso professor de arqueologia criado por George Lucas, que encarava aventuras mirabolantes em cenários selvagens e cheios de misticismo. Tal como o personagem do astro Herrison Ford nas telonas, digamos que o novo Ka Trail tenta transmitir essa imagem de "desbravador". Para tanto, o hatch se vale da imagem. Em vez de chapéu, jaqueta de couro e chicote, o compacto ganhou os costumeiros adereços de aparência offroad.
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A versão "Indiana Jones" do Ford Ka é mais um compacto maquiado para parecer um SUV. A maior mudança de engenharia do Ford Ka Trail é uma suspensão elevada em 31 mm, para aumentar os ângulos de ataque e saída, melhorando a performance em terrenos levemente acidentados. O motor 1.0 TiVCT flex de três cilindros vem acoplado ao câmbio manual de 5 marchas, tal como nas demais versões de entrada do hatch. Não há qualquer alteração mecânica.
O nome "Trail" estampa o porta-malas e as saias laterais
Divulgação/FordPor fora, o Ka Trail não faz questão de ser discreto. Traz molduras plásticas na cor preta sob as caixas de rodas, para-choque dianteiro levemente redesenhado, rodas de liga leve de 15 polegadas escurecidas com pneus de uso misto, máscara negra nos faróis principais e de neblina, rack de teto e adesivos nas laterais e na tampa do porta-malas — com o sobrenome "Trail" em laranja fluorescente em fundo cinza, para não passar despercebido. A aparência ficou bonita e até comedida diante de alguns rivais.
A cabine, no entanto, o visual é totalmente carnavalesco, com cores chamativas e detalhes que não acabam. Os bancos são revestidos parcialmente de couro com costuras laranja e verde, pedaleira esportiva e soleira com o logotipo Trail. Só o painel continua igual. O banco mescla couro com tecido à prova d´água, para facilitar a limpeza — é chamado de repellent. É um item bem interessante para a proposta da versão.
As costuras dos bancos são em laranja e verde
André Chiappero Schaun/R7Ao sentar no banco do motorista, obrigatoriamente, afunde seu pé na embreagem, caso contrário, o carro não ligará. O pedal longo é um dos pontos mais negativos do subcompato, que chega a dar caimbra de tanto esforço que deve ser feito nas trocas de marcha, principalmente para sair da inércia. O motor 1.0 aspirado é o mesmo da versão "pelada", com nenhum cavalo a mais, entregando potências de 85 cv (etanol) e 80 cv (gasolina), e torque de 10,7 kgfm e 10 kgfm, respectivamente. Mais do que cavalos, o hatch carece de mais torque. Uma dica valiosa é para não sair sem o freio de mão numa subida um pouco mais inclinada, pois a resposta é lenta, e se tiver um carro na sua bota, considere seu para-choque batido. Então o jeito é sair como se aprendeu na autoescola.
A cabine continuou igual a versão "pelada"
Divulgação/FordDepois que o carro embala, a potência começa a dar suas caras — afinal, é o 1.0 aspirado mais potente do Brasil — e resposta do subcompacto "aventureiro" é percebida. Em consumo, o desempenho na cidade é satisfatório, com médias de 8,8 km/l (etanol) e 12,5 km/l (gasolina), segundo o Inmetro. Durante os testes, os números não fugiram disso.
Como se trata de uma versão aventureira, saímos da cidade para ver como o Ka Trail se comporta na terra. Com a suspensão elevada, o hatch tem altura do solo em 200 mm, e se mostra mais apto a pegar estradas de terra esburacadas. Falar que o modelo tem "capacidade off-road" já é um sonho muito distante de um popular 1.0 com embalagem fora-de-estrada. Contudo, dentro de suas limitações, o compacto até teve bom desempenho, levando em consideração o que ele pode oferecer.
Os pedais são esportivos
André Chiappero Schaun/R7A maior altura é combinada ao eixo traseiro de maior rigidez torcional e a amortecedores com nova calibração. O conjunto mostrou melhor estabilidade em trechos de piso irregular, e reduziu a vibração do volante — que também é amenizada por um coxim hidráulico no suporte do motor. O limite de altura para água ou lama em solos desfavoráveis é de 450 mm, ou seja, não se empolgue e tente enfiar o carro em trilhas com jipes 4x4 ou queira atravessar enchentes na cidade, pois o Ka Trail irá parar no estaleiro.
O Ka aventureiro começa a ser vendido neste mês a partir de R$ 47.690, preço um tanto salgado para uma versão que oferece pouquíssimas mudanças em relação às demais. Com motor 1.5 flex, o hatch beira os R$ 60 mil. Se a ideia era turbinar as vendas do compacto — e tentar assumir a vice-liderança do mercado, hoje do HB20 — o preço pode ser um limitador. Isso porque os rivais, como Chevrolet Onix Active, Hyundai HB20X e Renault Sandero Stepway oferecem mais conteúdos e câmbios manual e automático.
Ficha técnica Ford Ka Trail 2017
Motor: 1.0 TiVCT de 3 cilindros, flex
Potência: 85 cv (etanol) e 80 cv (gasolina)
Torque: 10 kgfm (G) e 10,7 kgfm (E)
Câmbio: Manual de 5 marchas
Direção: Assistência elétrica
Freios: ABS com EBD (antitravamento com distribuição de força entre as rodas)
Rodas e pneus: 15 polegadas/Pirelli Scorpion ATR/
Dimensões: 3,86 m (comp), 1,52 m (alt), 1,69 m (larg), 2,49 m (entre-eixos)
Tanque de combustível: 51 litros
Capacidade do porta-malas: 257 litros
Peso:1007 kg