Martin Winterkorn, CEO da VW, deve deixar cargo nesta semana
DivulgaçãoO grupo Volkswagen admitiu nesta terça-feira (22) ter instalado globalmente, em cerca de 11 milhões de veículos, um software para adulterar os resultados das emissões de motores a diesel. O escândalo, escancarado na última semana pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, é o mais grave da história da montadora, que já reservou 6,5 bilhões de euros (quase R$ 30 bilhões) para enfrentar na Justiça — e nos negócios — as consequências da fraude.
Só nos EUA, a fabricante pode ter de desembolsar US$ 18 bilhões (mais de R$ 71 bilhões, na cotação atual) em indenizações. E o reflexo da manobra suja para maquiar emissões pode ter consequências ainda mais profundas. Nesta terça, as ações do grupo começaram o dia em queda livre, com mais de 20% de perda de ativos na Bolsa de Valores de Frankfurt. Ao mesmo tempo, a notícia se espalhou rapidamente, e outros países, como a Coreia do Sul, já sinalizaram que vão investigar o caso.
Nesta segunda (21), as vendas dos modelos a diesel das marcas Volkswagen e Audi foram suspensas por tempo indeterminado nos EUA. Estes responderiam por aproximadamente 23% dos emplacamentos do grupo alemão no país. Entre janeiro e agosto, a montadora comercializou 240 mil veículos no mercado norte-americano. Sem dar detalhes, um comunicado da empresa informa que "as metas de lucro para o grupo em 2015 serão reajustadas".
Chefão da VW deve renunciar
Os desdobramentos da fraude podem atingir a alta diretoria do grupo. Segundo o diário alemão Der Tagesspiegel, Martin Winterkorn, atual CEO da montadora, deixará o posto nesta semana — a próxima sexta-feira (25) seria seu último dia no comando. Em seu lugar, assumirá Matthias Müller, atual CEO da Porsche. A reportagem diz ainda que, após a revelação do escândalo, Winterkorn teria perdido o apoio do comitê diretor, formado por 20 executivos.
Maior montadora da Europa e uma das líderes globais, a Volkswagen foi acusada na última semana de ter adulterado os resultados de emissões de seus veículos a diesel nos EUA. Um software instalado nos modelos de várias marcas do grupo "reduziu" de 10 a 40 vezes o volume de gases poluentes liberados nos testes de laboratório, que simulam uma condução regular. Apesar de ter admitido a fraude, as consequências para a empresa prometem ser desastrosas.